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Foto do escritorRiesa Editora

ACRÓSTICO 5


Capa Acróstico
Acróstico


Diesel



Hanni acordou em um humor completamente diferente naquela manhã.


Não era por nada, devia ser porque havia ido dormir muito relaxada, depois de um treino maravilhoso e de uma conversa tão boa quanto. Aquele café com Presley tinha se alongado mais, porque um assunto foi entrando no outro e ficaram tão distraídas nisso que quando perceberam, o marido estava ligando, porque havia chegado em casa e não encontrou sua esposa e filha. E já era bem tarde. Quase dez da noite.


— Juro que nem vi que estava tão tarde! — Hanni se desculpou.

— Eu vi, mas ele não costuma chegar tão cedo — Ela respondeu, digitando uma mensagem após ter desligado com ele.

— Cedo?

— Ele chega muito tarde quase todos os dias, Aika e eu passamos bastante tempo sozinhas como você pôde notar — Ela disse e abriu um sorriso — Bem, temos que ir agora, você deixará a Pipe em algum lugar?

— Acho que vou ficar com ela hoje, às vezes, fico mais agitada, e é bom não estar sozinha.

— Mais agitada?


Hanni sorriu, quase envergonhada.


— Tenho problemas com pesadelos às vezes, tipo terror noturno ou paralisia do sono, já ouviu falar?

— Já, mas terror noturno não é algo de crianças e tal?


Outro sorriso de Hanni.


— Sou tipo uma criança ainda de vez em quando.

— Mas você está se sentindo ansiosa hoje?

— Um pouco ansiosa, mas não é nada grave, não. Acho que não gastei energia suficiente.


Era uma mentira nobre. Hanni estava ansiosa e sabia o motivo.


Mas de alguma maneira, conseguiu dormir após preparar o jantar para Pipe, cuidar dela, dar banho e a colocar na cama. Rotinas a acalmavam, sempre havia sido assim, ter algo para fazer numa ordem a ser seguida, coisas que não exigiam um pensamento seguinte. A colocou no colo para dormir, cantando para ela um pouquinho. Pipe adorava dormir no colo de Hanni, e isso nunca havia mudado.


Às vezes, Hanni pensava que aquelas crianças tinham salvado a sua vida. E às vezes, tinha certeza disso.


Ela dormiu rapidinho, estava exausta do treino. Hanni a cobriu e ficou mais um tempo no celular, rolando seu Instagram, até ver uma determinada foto de um sorriso lindo surgir nos stories. Era o sorriso mais lindo que já tinha visto, não era um exagero. Clicou. Era um storie de Presley, um vídeo de Aika na mesa de jantar, sinalizando e sinalizando, contando mil coisas para um pai fora do foco da câmera, que claramente não estava entendendo metade. Ele não sabia LIBRAS? Foi algo que passou pela mente de Hanni, e ela se achou promissora porque entendeu algumas coisas. Jiu-jitsu, tatame, mamãe e Hanni? Havia entendido certo? Presley disse que Hanni precisava de um sinal que a representasse, trabalhariam nisso depois, mas por enquanto, seu nome estava sendo soletrado mesmo. Abriu o YouTube, achou um vídeo do alfabeto em língua de sinais, voltou ao storie. Era isso mesmo, Hanni. Sorriu por sua proeza e se perguntou o que ela deveria estar contando.


Pegou no sono depois disso e acordou muito cedo, antes das cinco da manhã. Tinha um trabalho às nove, um ensaio, na verdade, do pocket show que faria para a Diesel na inauguração da loja. Dava tempo de ir surfar. Deixou um beijo na testa de Pipe, escovou os dentes e lavou o rosto. Hanni morava em Takapuna, um bairro praiano fora de Auckland, ficava em North Shore. A Harbour Bridge dividia as duas cidades, e a praia mais próxima ficava só umas ruas para baixo. Morava em uma espécie de vila de guest houses, um condomínio fechado com pequenas casas de dois andares em arquitetura praiana. A casa era toda em madeira, sala e cozinha integrados, dois quartos pequenos no andar de cima, quintal com espaço para receber amigos, com plantas, árvores, bastante verde, um tapume para manter a privacidade, tons claros, amadeirados, muita luz natural. Saiu para a varandinha do seu quarto um instante enquanto escovava os dentes. O sol estava nascendo, e lá longe, podia ver as ondas acenando.


Se trocou, colocou um biquíni e um long john preto porque o Pacífico costumava ser frio naquela época do ano. Sussurrou para Pipe que estava saindo, que não iria demorar, e partiu. Pegou sua prancha no quintal, colocou no carro e dirigiu para a praia. Chegou, desceu, se alongou, a cor dourada no corpo. Havia sido alimentada de sol brasileiro por muito tempo para sua pele não a acompanhar. Gostava de manter aquela cor, gostava de se manter perto do mar. O mar ouvia, nunca julgava, era uma relação simples de se manter. Subiu seu john, o fechou, aprontou sua prancha, quilhas, parafina, prendeu o leash no seu pé e só entrou na água, fria como imaginou que estaria. As ondas estavam pequenas, mas estruturadas, deu para descer várias ondinhas. Foi tão divertido que nem viu a hora passar. Quando checou seu relógio, já era quase sete da manhã e ela tinha que correr de novo.


Veio para a praia, baixou a parte de cima do seu long john, os braços firmes, o abdômen levemente contraindo pelos seus fluidos movimentos, e quando estava guardando a sua prancha...


Alexia estava correndo na areia. Parou, deu-lhe um beijo. Vestia um short curto e um top, exibindo seu corpo firme. Seus cabelos compridos eram claros. Alexia era dublê de filmes de ação, atriz de movimentos e ex-atleta de Ginástica Rítmica.


— Me fala, na minha ausência, já encontrou alguém para ir com você na inauguração?

— Encontrei sim — respondeu, abrindo a garrafinha de suco natural que havia trazido, furou o plástico que protegia com um canudo de bambu.

— A garota que você estava nervosa para convidar?

— Eu não estava nervosa! — Hanni contestou.

— Você ensaiou o que ia dizer! — Alexia estava se divertindo.

— É que... eu não queria enviar a mensagem errada — Estavam recostadas no Jimny, os cabelos molhados de Hanni, os lábios em formato de coração. Alexia tirou uma foto — O quê?

Linda, tomando um suquinho, olhando para o mar, pensando na garota que deixou Park Manu nervosa — Enviou a foto para ela — Vou postar nos meus stories.

— Não é nada disso, Alexia, é só que... Ela é casada, eu não queria mesmo enviar a mensagem errada.

— E por que você mandaria, sendo que ela é casada? Acho que você precisa prestar atenção para não enviar a mensagem errada para si mesma, Hanni — Um breve silêncio entre elas, as duas olhando o mar — Devo me preocupar?

— Se preocupar? Alexia, claro que não.


Ela a estudou com os olhos um pouco mais.


— Lembrei do cara da Diesel falando com você a primeira vez. Lembra do que ele disse? Eles não estavam procurando por garotas gasolina, e sim, um nível acima, Diesel girls. Diesel girls têm uma potência a mais. Essa Presley é dessa categoria.

— O que você está dizendo...?

— Vi seus últimos stories, ela é bonita assim, um nível acima, Diesel girl. Sei o que você está vendo nela, eu entendo você. Ok, vamos para casa.

— Para casa...?

— É, você pra sua depois que me deixar na minha, meu voo é daqui a pouquinho, já estou atrasada.

 

Presley havia acordado mais cedo para tomar café com Leo e falar sobre o convite que havia recebido. Explicou de quem era, para qual evento era e esperou pela reação dele. Era engraçado, para algumas coisas Leo era extremamente previsível, para outras, ela nunca sabia antecipar o que ele iria dizer; aquela era uma dessas situações.


— Então, eu sei que você trabalhará no sábado, mas...

— Estarei em casa às oito, para ficar com a Aika — Ele respondeu, prontamente, pegando Presley de surpresa.

— Mesmo?

— Mesmo. Estou feliz que você tenha feito uma amiga nova, Pres, ninguém merece ter só a Aliana como amiga mais próxima — Ele disse, fazendo-a rir um pouco.

— Não fala assim da sua irmã.

— Conheço a minha irmã, falo com conhecimento de causa. Isso é bom. Tudo isso é bom. Pensei bastante a respeito, eu sei que você passou muito tempo aqui dentro, apenas você e a Aika, cuidando dela, suprindo tudo o que ela precisava. Mas agora, as coisas acalmaram, nossa filha está saudável, não precisa mais de tantos cuidados, e você tem 27 anos, precisa fazer coisas da sua idade.

— Você fala como se tivesse setenta.

— A minha alma tem, eu tenho certeza de que tem. Então, sábado à noite, você vai sair com a sua amiga, e eu cuidarei de tudo.


Era quinta-feira, e Presley achou que entraria em combustão de ansiedade até que o sábado chegasse.


Não, não sabia mesmo o que estava acontecendo. Correu a quinta inteira, coisas de Aika, suas coisas, trabalho, muitas coisas do trabalho e muitas coisas na sua cabeça. Ainda não sabia o que usaria, estava ansiosa para sair com Hanni e, ao mesmo tempo, surtando por ter aceitado sair com ela porque, como seria? Nunca havia ido em um evento assim, inauguração de uma loja de luxo, onde deveria ter mais modelos, e Presley não conhecia ninguém além de Hanni. Não saía para evento nenhum há mais de um ano, não comprava roupas novas por ainda mais tempo. O que tinha em seu guarda-roupa que podia servir?


Aliana chegou na sexta-feira de manhã e jogou um praterno sobre a sua cama.


— O que é isso?

— Um vestido direto da "Presley piranha era" que sinto falta todos os dias. Sinto tanta falta da minha amiga, você não faz ideia — Ela se jogou na sua cama, e Presley riu. Aliana e Leo pareciam gêmeos, olhos kowis, cabelos escuros, altos, ele era um pouquinho mais alto do que ela apenas.

— O que você quer dizer? Um vestido de... 2017? — Foi abrir o porta-roupa imediatamente.

— Talvez 2018. Acho que você chegou a usá-lo antes de saber que estava grávida.

— E por que você guardou? — Tirou o vestido da capa — Oww, lembro desse vestido!

— Eu também lembro, tanto lembro que tenho apego e guardei.

— Mas você acha que ainda serve em mim?

— Só tem um jeito de descobrirmos. Veste, veste, veste!


Presley vestiu. Era um minivestido de cetim de seda preto, justinho, curto, com um belo decote nas costas, e de alguma maneira... serviu. Havia servido mesmo!


— Você realmente conseguiu o seu corpo de volta sem sequer se preocupar com isso, porque não deu tempo. Deus tem os seus preferidos, Presley. Precisa de sapatos?

— Sapatos eu tenho — Não conseguia parar de se olhar no espelho, não acreditava que o vestido tinha servido mesmo.

— E algo para usar por cima? Anda esfriando à noite.

— Terei também — Algo de Hanni. Pensou nisso e sorriu sem perceber.


Pronto, assunto roupa resolvido, Presley só teve que sobreviver o resto de sexta e acordar altamente ansiosa no sábado. O dia passou rápido, cheio de microproblemas que ela teve que resolver: algo com o sinal de internet, Aika nervosa porque não sabia onde estava a Senhorita Bubu, parte da casa ficando sem eletricidade por motivo claro nenhum, teve que chamar um técnico. Tinha que ir à casa da sua mãe porque Bubu havia sido esquecida lá, então o almoço estava atrasado. Aika seguia agitada, decidiu ir na sua mãe de vez, coisa que Presley evitava pelo simples motivo de sua mãe ser a maior fã de Leo na vida.


Ela sempre reclamava que eles não a visitavam juntos, que Presley sempre vinha sozinha. Parecia culpa sua que Leo não tivesse tempo para nada. ENFIM. Quando finalmente parou, já eram sete da noite, e foi outra correria. Não deu para fazer o jantar, então encheu sua filha de lanches duvidosos e entrou para o banho. Surpreendentemente, Leo estava em casa antes do horário combinado, e quando Presley saiu do banho, já o encontrou de bermuda, camiseta e avental, preparando o jantar. Os braços fortes, o sorriso aberto, veio dar um beijo em Presley que ainda estava de roupão.


— Já sabe o que vai vestir?

— Já, mas estou um pouco nervosa.

— É porque faz muito tempo que você não faz isso, mas relaxa, sua amiga estará lá, vocês vão se divertir.


Voltou para o quarto para se arrumar, passou creme no corpo e escolheu uma lingerie que nem sabia que ainda tinha. Aquele tipo de vestido exigia um determinado tipo de lingerie. Colocou o vestido, fez sua maquiagem, leve, luminosa e natural, deixou o batom vermelho ser a estrela, e começou a respirar profundamente.


— O que estou fazendo...?


Seu celular começou a tocar. Era Hanni. Atendeu.


— Você quer a vermelha, a preta ou a verde-escura?

— O quê?

— Sua jaqueta.

— Ah, eu acho que... — Outra longa respiração. O que estava fazendo, o que estava fazendo...? E não, não era apenas sobre ir a uma inauguração de luxo, a pergunta era mais complexa do que isso — Hanni, você tem certeza de que quer que eu vá com você?


Ela riu.


— Claro que tenho! Como assim? Qual a cor do seu vestido?

— É... preto.

— Quer a verde-musgo? Para não ficar color block ou prefere o color block?

— Hum, leva as três?

— Levo e você decide na entrada. Pres, é só uma festa, eu juro que será divertido.

— Cheia de modelos.

— Essa parte é meio chata, mas uma das modelos sou eu, juro que você vai se divertir — Disse, fazendo-a rir. Poderes de Hanni.

— Ok, vou terminar de me arrumar.

— Aviso quando estiver saindo daqui.


Presley terminou de se arrumar, deixou os cabelos soltos, estavam bem compridos e bonitos, então olhou para o scarpin que usaria. Lembrou que tinha uma peça Diesel no seu armário, e não, a Presley de agora jamais pensaria ousar assim, mas aquela que ela costumava ser...


Calçou o par de meias Diesel, bordô, com duas listras vermelhas no cano, calçou o scarpin preto e aquele detalhe... A fez sorrir. Se sentiu a Presley de 2017, 2018, que ia para faculdade sabendo muito bem que não era como todo mundo, que comprava vestidinhos como aquele e sabia que ficava bem neles. Saiu do quarto, e Leo queimou os dedos na travessa que tirava do forno.


— Presley! Meu Deus, eu acho que conheço essa garota! — Ele deixou a travessa na mesa e veio até ela, cruzando os braços pela cintura dela, a fazendo sorrir.

— Acho que você conhece, mas faz tempo que ela não vem aqui.

— Preciso mesmo deixá-la sair com outra estando sexy desse jeito?

— Foi você quem disse sim — Deixou um selinho nele e foi até sua filha, que estava brincando na sala, montando sua ferrovia de brinquedo — Filha, eu vou sair, mas não demoro.


Ela sinalizou.


— Com a Hanni, isso — Sinais e sinais — Por que você não pode ir? É evento de adulto, não terá crianças.


Aika não pareceu muito conformada, mas beijou Presley e disse que ela estava muito bonita. Beijou sua filha e seu marido, e Presley foi para o seu carro, mandou uma mensagem avisando que estava saindo. Por que estava tão nervosa, por Deus? Tomou uma longa respiração, recebeu a localização de Hanni e só dirigiu para ela. E deu tempo de tudo, de se arrepender de ter aceitado o convite, de se arrepender de estar com aquele vestido, de ter colocado o par de meias com o salto. Foi passando pelo seu bairro, algumas ruas, Harbour Bridge deslumbrante à noite, Sky Tower acenando, centro, Queen Street. Hanni estava em um posto de gasolina. Presley estacionou e ficou respirando fundo por um tempo. O que estava fazendo, o que estava...?


Seu celular tocou, era Hanni.


— Desce, estou na cafeteria, estou vendo você daqui.


Presley abriu um sorriso, tentando encontrá-la com os olhos. A cafeteria ficava no posto, mas não conseguiu vê-la visualmente.


— Você está dentro?

— Estou. Entra aqui, eu pedi algo para nós duas.


Outra longa respiração de Presley. E lembrou do que Aliana havia dito na sexta, que era para ela aproveitar tudo, encarar como uma espécie de recompensa, algo que era apenas para ela, por todos os anos que havia abdicado de si mesma pelo casamento, por Aika. E era pouco, era uma noite só por enquanto, então que ela aproveitasse ao máximo.


“Isso é para você, para Presley Park, a mulher, você entende?” Aliana havia dito.


Desceu e entrou.


Buscou Hanni com os olhos, demorou para encontrá-la. Estava nervosa mesmo, mas Hanni a identificou imediatamente e... Uau! Os cabelos soltos, lindos e tão bem hidratados, o vestidinho delicioso, as meias, os saltos...


Yummy mommy — O cérebro dela expressou espontaneamente, tanto que Hanni teve que respirar devagar.


Controlou a respiração, se recompôs. Presley estava vindo na sua direção. Hanni se colocou de pé, vestindo uma minissaia e um top justos, que deixavam ver um pedaço do abdômen. Por cima, usava uma jaqueta de couro curta, com a marca Diesel em recorte no decote, de cor branca. Seus cabelos estavam soltos e a maquiagem era profissional. Completando o visual, estava usando saltos. Linda, linda, linda!


Respire, Presley, respire.


Respirou e, em seguida, apenas a abraçou, não conseguindo dizer nada.


— Você está linda, caramba!

— Não está demais? — Presley perguntou, no sentido de estar exagerando.

Demais, sim — Hanni respirou fundo, olhando para ela e sorrindo, respondendo no sentido de que ela estava linda demais — Eu pedi um café para nós duas e um brunch pequeno. A comida nesses eventos nunca se sabe.

— Hanni, você tem certeza? Sobre o que estou vestindo?

— O quê? Estou muito feliz por ser o seu date esta noite. Sou a sortuda que irá fotografar ao seu lado.

— Fotografar?!

— Vai ter fotógrafos, prepare o seu face card.

— Hanni...


Hanni a abraçou outra vez, a fazendo sentar ao seu lado enquanto estavam vindo servir o brunch.


— Não se preocupe com nada, você está perfeita.

— Desde quando você faz isso?

— Isso o quê?

— Modelar.

— Ah... — Abriu um sorriso, já com o café servido para ela, gentilmente — Desde quando tinha a idade da Aika.

— Mesmo?

— Sim. Comecei a modelar muito jovem, mais ou menos quando voltamos para Seul. Não consigo lembrar de algum momento em que não fosse modelo. Modelei na Coreia, no Brasil, principalmente no Brasil, e quando fiquei mais velha, comecei a trabalhar como modelo fora do país também. Terminei o ensino médio na Inglaterra, trabalhando lá, então... — Mordeu um bolinho e ofereceu a Presley — Mini Red Velvet, está uma delícia!


Presley pegou dos dedos dela, com a boca.


Olhos nos olhos, um sorriso das duas.


— Então...? — Presley provou seu café, mantendo seus olhos fixos nos dela.

— Ah, então... — Coração, não bata tão forte — Eu me formei em Música, em Madrid.

— Espanha.

— Isso, Espanha, onde trabalhei para algumas marcas.

— Então você é musicista mesmo, formada e tudo.

— E sou formada em Educação Física, terminei o curso no ano passado, aqui mesmo. Mas quem paga por tudo isso é a moda, sempre foi a moda.

— Eu pensei em estudar Moda quando comecei Design. Mas achei que Design seria mais abrangente, eu queria trabalhar com muitas coisas diferentes.


Aquele café fez Presley relaxar um pouco. Hanni estava linda, feliz, empolgada e nervosa com sua apresentação, tudo ao mesmo tempo.


— Mas você já fez isso antes, não é? — Perguntou quando já tinham estacionado na festa e caminhavam para a entrada. Estavam no carro de Presley; Hanni havia vindo de Uber.

— Mil vezes, mas sempre parece a primeira. A vermelha ficou linda — Presley havia optado pela jaqueta vermelha.


E Presley respirou fundo.


— Aquela é a entrada?

— Sim — Estava cheia de fotógrafos. A fachada da loja havia ficado linda, com dois andares, toda de vidro.

— E o que eu faço?


Hanni olhou para ela e, delicadamente, pegou a mão dela na sua. Sentiu uma mão suada, ansiosa e gelada.


Você e eu, huh?


E Presley se derreteu sorrindo.


Você e eu. A gente consegue.

— Claro que consegue. Vamos lá?

— Só ficar do seu lado?

— Com o seu face card ativado, os fotógrafos vão adorar você.

— Você acha?

— Eu tenho certeza.


Com toda certeza, foi uma experiência diferente. Havia uma pequena fila, mas o promoter as retirou imediatamente.


— Embaixadoras não entram em fila, Park Manu.

— Eu... esqueço e me sinto meio mal-educada de estar cortando fila.

— Não há fila para você aqui, me deixa checar você... — Ele jogou uma luz de celular nela, checando o rosto e o cabelo — Perfeita! Como você está sempre perfeita? ENFIM! — Então, ele olhou de lado — Hum, namorada nova?


As duas ficaram vermelhas imediatamente.


— É-é uma amiga, Presley Park.

— Se sacudir uma árvore em Seul, quantos Park caem?

— Ei, xenofobia! Em São Paulo, só cai uns mil, eu tenho certeza! — Ela respondeu bem-humorada — Presley, este é o Matt, trabalha para a Diesel Oceania.

— Presley Park, prazer, você é linda! E vocês estão perfeitamente combinando, essas fotos vão ficar maravilhosas.


Se olharam e perceberam que realmente estavam. Hanni de preto e branco, Presley de vermelho e preto, uma combinação que era única e dual ao mesmo tempo.


— Presley, você é modelo? — Ele perguntou.

— Eu?! — Ela pareceu surpresa demais, e Hanni apenas riu.

— Você! Ela não é uma figura pública, Matt. Mas deveria ser, você não acha?

— Eu acho que deveria, está perdendo dinheiro com um face card desse aqui, querida — Ele verificou que o local de fotos estava pronto — Por favor, podem ir.


Elas pisaram no ponto de fotos e milhares de flashes explodiram de uma vez. Foi uma confusão, com um monte de fotógrafos chamando por Hanni ao mesmo tempo. Presley, que estava acostumada com bem menos atenção, já estava se sentindo zonza.


— Olha para onde eu olhar, vamos começar da direita para a esquerda — Ele a pegou pela cintura, a guiando.

— E o que eu faço?

Face card, pode sorrir, pode olhar mais sério, mas sou uma modelo que gosta de sorrir, você pode sorrir comigo.


Olhou para o sorriso dela e se perdeu um pouco, resultando em uma foto linda. Hanni com a mão em sua cintura, os olhos de Presley focados no sorriso dela, nos lábios em formato de coração. Hanni percebeu aquele olhar e ficou levemente vermelha, os olhos desviando para baixo, e as duas sorriram juntas.


— Os seus olhos me deixam tímida — Hanni sussurrou para ela, meio que sua mente sussurrando em voz alta, não saberia dizer muito bem.

— Desculpa — Presley sussurrou de volta, sem encará-la — Os seus olhos me deixam tímida também, mas...

— Mas...?


Presley ergueu o olhar, mais fotos.


— Tímida, mas curiosa. Quero dizer... — Respirou fundo. Estavam na frente de um batalhão de pessoas e câmeras, mas, de alguma maneira, parecia um lugar onde podiam dizer coisas que deveriam estar protegidas — Você me deixa nervosa.

— Desculpa — Sorriso de Hanni, com os olhos fixos na boca de Presley, nos lábios volumosos com batom vermelho.

— Hanni, se você me der mais um minuto nessa conversa, eu vou deixar as coisas piores ainda, me pare, por favor... — Disse, e ela riu. E entendeu. Entendeu o que ela estava querendo dizer.


Então, a pegou pela cintura novamente, virando-a para as câmeras, e voltaram para os mil cliques por segundo. Foram minutos ali, mas pareceram horas para Presley, e quando finalmente entraram, ela estava vendo tudo piscando ao seu redor. E olha que havia deixado Hanni sozinha para algumas fotos solo, o que levou mais algum tempo, mas ainda assim, tudo continuava piscando.


— Segura a minha mão, é normal a visão ficar assim.


Presley apertou a mão dela na sua e se aconchegou contra o corpo de Hanni.


— Eu não vou te soltar a noite inteira, eu não conheço ninguém aqui.


Que ela não soltasse.


 

Notas da Editora: Ana Reis


Apostas para saber se algo acontecerá nessa festa? 😂 😅

Beijos! Voltamos 13/10.


E se você ainda não adquiriu Estilazo, não perca a oportunidade. Afinal, é uma história inédita de nosso site, escrita em 25 dias, com 21 capítulos, 360 páginas.











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