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ACRÓSTICO 7


Capa Acróstico
Acróstico


Coco & Dior



Presley entrou no carro e dirigiu, sem rumo algum, sem fazer ideia de onde ficava a saída do condomínio, afastando-se da casa de Hanni, daquela ideia, do que havia acabado de acontecer, e só...


Freou no meio da rua, respirou fundo, fechou os olhos, levou as mãos à cabeça e tentou acalmar o corpo que ainda pulsava por ela. O que havia acontecido? O que Presley havia feito? Buscou uma garrafa de água no carro, como sempre tinha, a encontrou e bebeu quase tudo de uma vez, tentando se acalmar. Precisava se acalmar. Havia traído. Havia acabado de trair seu casamento.


— No que você estava pensando, Presley?


Hanni. Era a única coisa na qual estava pensando, a única coisa que ocupava sua mente desde segunda-feira. Procurou seu celular; precisava colocar um endereço, encontrar uma forma de sair daquele condomínio, e notou que não estava com seu celular.


— Sério?


Muito sério. O celular não estava em lugar algum. Revirou o carro inteiro, olhou na bolsa, entre suas coisas, mas não, realmente não estava em lugar algum. Deveria tê-lo perdido na festa, ou talvez tivesse esquecido na casa dela? Bem, não conseguiria voltar lá mesmo que quisesse. O condomínio era enorme, e Presley não fazia ideia de onde estava. Então, respirou fundo e se forçou a ficar calma. Após alguns minutos dirigindo, conseguiu avistar o que parecia uma saída. Dirigiu em direção ao portão; era realmente uma saída. Aproximou-se da cancela, onde havia um segurança. Baixou o vidro, lembrando-se de ter passado por uma segurança rigorosa na entrada.


— Boa noite, senhorita. Estava com a senhorita Manu, não?

— Isso, com ela.

— Alexia, certo?


Presley olhou reto para ele.


Presley.

— Ah, sim! É que geralmente neste horário...

— O quê? Tem uma Alexia que sai da casa dela nesse horário? — Meu Deus, o que acabara de sair de sua boca?


O segurança ficou desconcertado.


— Eu... devo ter me confundido. Tudo certo, senhorita. Dirija com cuidado e tenha uma ótima noite!


Presley subiu os vidros e pegou o caminho para sua casa. Alexia, quem era Alexia? Só faltava Presley ser apenas mais um nome na lista de pessoas que saíam da casa de Park Manu de madrugada. Ela parou novamente, encostando o carro por um instante. Claro que não era isso. Hanni havia sido muito educada e altamente respeitosa. Quem literalmente pulou em cima dela havia sido Presley. Como ela havia tido coragem? Como...? Esfregou os olhos. Ela havia tido coragem, a beijou, e ainda... bem, ainda estava pensando nela.


Outra longa respiração e pegou o caminho para casa mais uma vez. Parecia que a jornada não chegava ao fim, a respiração ofegante, os olhos ardendo, um turbilhão de emoções em seu interior que se refletiam em seu rosto simultaneamente. Presley sorria, mas seus olhos estavam cheios de culpa. Então, ela lembrava de como tudo havia sido, e a euforia retornava, junto com a dor. Seus olhos brilhavam de ansiedade devido à eletricidade que ainda percorria seu corpo, mas sua boca se apertava, amargando-a pelo que havia feito e...


O cheiro dela. O cheiro dela impregnava seu corpo por completo, o cheiro de sua pele, de seu cabelo, e o Coco Mademoiselle nela, mesmo depois da pele suada...


Hanni suada, ofegante, grudada contra o seu corpo...


Mordeu a boca a ponto de romper o lábio.


Finalmente chegou em casa, na ponta dos pés, carregando os sapatos que não havia colocado de volta. Entrou, foi para o sofá, respirou profundamente. Devia ser a milésima respiração profunda apenas do caminho entre a casa de Hanni e a sua. O que ela estaria pensando? Hanni. Não tinha como ter essa resposta de qualquer forma. Presley entrou num banho frio, seu corpo ainda estava quente, sua mente estava acesa. Tirou o vestido e, quando tirou sua calcinha...


Fechou os olhos novamente. Sua calcinha não havia voltado em estado muito melhor depois das aulas de jiu-jitsu com Hanni, mas aquela estava muito, muito pior. Como ela podia ter tanto poder sobre o seu corpo? Presley ficava louca perto dela, tinha sentido o seu corpo reagindo a ela durante a noite toda e não lembrava de alguma vez na vida, ter estado com alguém com quem tivesse reação ao menos parecida. Parecia uma adolescente que havia acabado de descobrir sobre sexo quando Hanni estava por perto e isso havia explodido naquela noite.


Não podiam mais se encontrar. Não por Hanni, mas por Presley. Se tudo aquilo havia acontecido em apenas seis dias, o que seria dela dali a um mês?


Entrou no banho, lavou os cabelos, lavou a calcinha, a prova de sua infidelidade. Não era por nada, Presley nunca havia sido a melhor das namoradas, porque ela sequer namorava. Sempre havia sido uma mulher livre, e quando se casou, ela e Leo sequer namoravam oficialmente. Eles só ficavam juntos, o bebê aconteceu, o casamento aconteceu, e depois de Aika, nada mais teve a atenção de Presley nos últimos quatro anos. Até segunda-feira passada, até Hanni aparecer.


Minuciosamente, se olhou no espelho, mas não, Hanni não havia deixado nenhuma marca. E ela não era suave nos toques; Hanni era forte. Presley tinha sentido toda a força e firmeza daquele corpo e, também, todo o cuidado dela em não deixar nenhum tipo de marca no seu corpo. Hanni estava se controlando. Percebeu que ela estava lutando contra o desejo muito mais do que Presley havia lutado. E pensando nisso, acabou chorando no banheiro.


O cheiro dela ainda permanecia em sua pele.


Chorou, chorou muito, sentindo-se errada, mal. Como poderia entrar no quarto e simplesmente dormir ao lado de Leo? Não podia. Ele poderia notar algo, embora exatamente o que, ela não fazia ideia. E seu celular? Seria um inferno tê-lo perdido. Tudo estava uma bagunça; ela estava uma bagunça. Não fazia ideia de como exatamente aquilo havia acontecido, mas de alguma forma, acabou pegando no sono no sofá.


O dia estava amanhecendo quando finalmente conseguiu dormir.


E foi acordada sem nenhuma delicadeza.


— Pres? Presley, é sério?


Ela se virou no sofá, tapando os ouvidos com as almofadas.


— O que foi, Leo?

— Você chegou tão bêbada que dormiu no sofá, de roupão, de cabelo molhado?!


Abriu os olhos, olhando para ele.


— Quem bebeu aqui? Você tá louco? Eu só cheguei tarde e não quis te acordar — Foi se sentando devagar, sua cabeça girando, os pensamentos desconexos.

— Tarde o quanto? Você não disse que ia voltar tarde!

— Agora você é meu pai, por acaso? Eu disse que ia para uma festa, Leo. Uma festa de adulto não termina à meia-noite! Que horas são?

— São sete da manhã.

— E você está me acordando às sete da manhã de um domingo por quê?


Ele respirou fundo.


— Eu tenho que trabalhar. A Aika vai acordar daqui a pouco, eu fiz café, vou para o escritório, tá?

— Vai se trancar no escritório em pleno domingo?

— É domingo aqui, Presley, mas não nos Estados Unidos onde está o meu cliente. Eu vou entrar numa call, se precisar de algo, me manda mensagem.


E assim, ele se trancou no escritório e Presley apenas...


Respirou muito fundo. Pela milésima primeira vez.


Se colocou de pé, foi secar o cabelo que, de fato, não havia secado, lavou o rosto, escovou os dentes, trocou de roupa e tomou um café, uma xícara enorme, embora seus olhos quisessem se fechar. Deitou pertinho de Aika, sua filha, sua menina, a coisa mais importante que tinha na sua vida. Por que ainda estava ali? Presa em um casamento tão ruim? Era por ela, apenas por ela. Aika amava o pai, mesmo ele sendo ausente, mesmo não se esforçando, e todos os dias, Presley tentava encontrar formas de melhorar aquele relacionamento para sua filha. Mas, claramente, não estava funcionando. A relação de pai e filha. Seu casamento. E a noite passada apenas provava o quanto não estava funcionando.


Apertou os lábios, pensando no beijo dela, e pegou no sono.


Por meia hora. E Aika acordou, mais agitada do que nunca, dizendo que estava com fome, pedindo para brincar. Presley deu café da manhã para ela, a colocou no banho e pegou outra xícara de café para si mesma. Flashes e flashes da noite passada, o corpo de Hanni, a euforia que havia sido finalmente tocá-la como queria, piscou forte, tentando afastar aqueles pensamentos. Quando Aika saiu do banho, sua menina estava impossível, correndo pela casa, derrubando coisas, chutando brinquedos. Claro, ela não ouvia, não fazia ideia do tanto de barulho que fazia. A cabeça de Presley estava a ponto de estourar e só estava esperando, muito pacientemente esperando o momento em que...


— Presley, você precisa mantê-la quieta, estou trabalhando aqui!

— É um maldito domingo! Quer saber, Leo? Se você quer ter paz para trabalhar aos domingos, deveria ir para a sua amada empresa!


Ele apertou a expressão.


— O quê?

— Que você devia ir trabalhar na sua maldita empresa!

— Presley, por que você tá falando em coreano, pelo amor de Deus?!

— Eu estou...? — Oww, estava. Sua mente estava totalmente desconfigurada — Eu disse que se você quer trabalhar num domingo, que vá para a sua empresa!

— Essa casa também é minha!

— Sim, e sua família mora aqui! Quer saber? Se tranca aí, esquece que a gente está aqui, sei que não é nem esforço para você!

— Presley!

— Se tranca! — E jogou uma almofada contra ele.

— Para de ser criança e se acalma!

— Leo, se você mandar eu me acalmar mais uma vez, vou jogar uma mesa na sua cara!

Uh... — Ele deu um passo para dentro do escritório — Veja quem ainda vive aí.

— O quê?

— Presley, o terremoto humano, a que precisava de muito pouco para sacudir umas placas tectônicas — E de uma certa maneira, era bom revê-la. Leo a viu na noite anterior e, aparentemente, ela seguia no corpo de sua esposa — Preciso voltar para a call.


Ele voltou para dentro do escritório, e Presley baixou a cabeça, ouvindo os passos rápidos de Aika correndo pela casa, que pareciam... passos de gigante, sério.


— Ok, ok — Presley se inclinou pelo braço do sofá e capturou a corredora, muito rapidamente, surpreendendo-a, o que a fez rir alto demais — Filha, filha, papai está trabalhando — Sinalizou para ela.


"Papai chato." Aika sinalizou. Presley riu.


— Eu sei, eu também acho. Quer saber? Vamos sair daqui.


Presley arrumou uma mochila rapidamente, pegou sua filha e saiu sem dizer para onde ia.


Daí entrou no carro e teve uma crise, porque também não sabia para onde ir. Não podia ir até Aliana; ela estaria na mesma situação de sono, já que saía todo final de semana e, Nana estava certa, Presley não tinha outras amigas. Tinha Hanni, mas havia estragado as coisas agora. O que ela estaria fazendo? No que estaria pensando? Bem, na falta de para onde ir, quando deu por si, estava dirigindo para a casa dos seus pais.


E Aika ficou feliz assim que notou para onde estavam indo; ela adorava os avós. Era neta única, sua filha recebia todo o amor e carinho do mundo naquela casa. Seu pai havia aprendido a língua de sinais para falar com ela, e sua mãe se esforçava. Eles tinham um quarto apenas para Aika, cheio de brinquedos, coisas que ela adorava. Portanto, para sua filha, visitar os pais de Presley era sinônimo de paraíso. Já para Presley...


Bateu na porta deles, e sua mãe atendeu. Ela se abaixou, pegando imediatamente Aika e após enchê-la de beijos, deixou que ela corresse até o avô. Então, sua mãe lhe olhou.


— Presley, você está horrível. O que aconteceu? Parece que está de... ressaca?

— Eu meio que estou. Mãe, eu preciso dormir, você pode olhar a Aika para mim por umas duas horinhas?

— Como assim você está meio de ressaca, Presley? Você é uma mulher casada!

— Obviamente, mulheres casadas não saem, não se divertem e não têm ressaca, entendi.

— Presley!

— Mãe, por favor, eu respondo o que você quiser, mas preciso dormir por umas duas horas antes, de verdade.

Ela apenas a olhou.


— Vai para o quarto da Aika, dá um beijo no seu pai primeiro, e pode deixar, nós cuidamos dela.


Fez assim. Foi até seu pai e deu um longo beijo nele, então entrou para o quarto de Aika e simplesmente apagou.


Para quê?! Só para acordar louca de tesão horas depois porque havia sonhado com Hanni e sinceramente...


Levantou, trancou-se no banheiro, sem pensar em muita coisa, e apenas obedeceu seu corpo. Veio tão facilmente que... Quanto tempo fazia? Perguntou-se de repente. E não conseguiu lembrar da última vez. Nem que tinha se tocado, nem que havia gozado antes da noite passada, e agora só de pensar em Hanni...


Tomou banho - um banho supergelado - e finalmente saiu do banheiro. Andou pela casa na qual havia passado sua adolescência. Viu seu pai brincando com Aika lá fora, e sua mãe estava na cozinha, checando um bolo no forno.


— Tem comida na geladeira para você almoçar.

— Que horas são? — Foi para a geladeira, achou um prato feito e colocou no micro-ondas.

— Quase quatro da tarde. Você dormiu bastante. Então, vocês saíram ontem.

— Na verdade, eu saí com uma amiga. O Leo ficou com a Aika.

— Presley...

— O quê?

— Casal que começa a sair separado, acaba separando.

— Mãe, eu sei que você não gosta de ouvir a respeito, mas... — Pegou seu prato já aquecido, sentou-se à mesa — Leo e eu não estamos funcionando mais.

— E eu já falei para você que casamentos são assim mesmo, Presley.

— Bem, alguns casamentos podem ser, mas não é o tipo de casamento que eu quero para mim.

— Filha, o Leo é muito bom para você. Você faz ideia de como está difícil encontrar um homem como ele?

— Me diga como é um homem como ele — Pediu, enquanto comia.

— Um homem focado, que sabe o que quer, que coloca a família em primeiro lugar. Ele quitou a casa de vocês, quitou os carros. Vocês são muito jovens e já têm tudo isso.

Ele tem, mãe, porque eu estou ficando para trás.

— Claro que não, Presley. O seu trabalho é outro.

— Mãe, por favor! Nem continua! Eu não nasci para isso, para viver em uma casa, cuidando apenas de marido e filho. Estou cansada disso, eu não aguento mais, Leo e eu, ainda por cima, não conseguimos nos entender, ele nunca está em casa, e sinceramente? Quando ele está, eu quero sair, por isso estou aqui em pleno domingo. Só... — Presley respirou fundo — Me compreenda se eu precisar de compreensão, me entenda. Eu saí ontem e foi tão bom. Eu me senti... vista de novo, existente, sabe? Conheci pessoas diferentes, me senti interessante, eu só... Não aguento mais. Ver que nada muda, mas, ao mesmo tempo, tudo está muito diferente. Eu não sei mais quem eu sou. Perdi a minha identidade, mas ontem... Ontem voltei para casa pensando onde foi parar aquela de mim durante esses anos. Sinto falta dela — Disse e perdeu uma lágrima.

— Filha... — Sua mãe tocou sua mão sobre a mesa — Está tão ruim assim?

— Eu só quero me sentir eu mesma de novo, me sentir viva de alguma forma.

— Esse tipo de desejo leva a gente a cometer pequenas loucuras, ele é perigoso.


Presley olhou para sua mãe. Talvez tenha a levado a cometer uma pequena loucura lésbica na noite anterior. Aff, por que foi pensar nela?


— Escuta, eu sei que o Leo tem falhas com você, tem falhas com a Aika, mas não podemos negar que, no final das contas, ele é um marido bom, que cuida de vocês duas. Se está ruim como você diz, então precisa dar uma chance para ele, precisa conversar. Vocês fazem isso? Vocês conversam regularmente?


Presley negou.


— Ao menos isso, você deve a ele antes de tomar uma decisão.


Presley ficou quieta por uns instantes.


— Mãe, eu acho que vou precisar comprar um celular. Você me empresta o seu cartão se eu precisar?

— Empresto, mas por que não pede isso para... Ok, entendi — Ela nem precisou completar a frase.

— É pessoal, não quero ter que pedir tudo para o Leo, eu me sinto péssima, e ele faz eu me sentir pior ainda.

— Tudo bem, você leva o meu cartão, compra o que precisar. E, filha, pense bem em tudo, não tome nenhuma decisão baseada na impulsividade.


Pensaria. Pensaria bem sim.


Já era tarde quando chegou em casa com Aika, e Leo seguia no escritório. Encontrou macarrão instantâneo na pia, era o que ele deveria ter comido. Deu banho em Aika, a colocou na cama. Sua pequena não dormiu de imediato, mas disse que ficava sozinha, com a Senhorita Bubu, que Presley podia ir dormir.


— Mamãe já dormiu o suficiente, filha, posso ficar aqui com você.


"Que dia é amanhã?" Os dedinhos dançando no ar.


— Segunda.


"Jiu-jitsu!" Devia ter omitido o dia.


— É, jiu-jitsu, mas falamos disso amanhã, tudo bem? — Sinalizou para ela que aceitou sorrindo, amanhã, tudo bem.


Ela não demorou para dormir e quando Presley saiu do quarto, Leo estava jantando. Macarrão instantâneo de novo.


— Onde vocês foram?

— Na casa dos meus pais.

— Eu te liguei, tocou até cair.

— Eu... não sei onde está o meu celular, acho que deixei em casa — Se recostou no balcão da pia — Leo, a gente precisa conversar.

— Presley, qualquer dia, menos hoje. Estou morrendo de dor de cabeça.

— Você sabe que a gente precisa.

— Amanhã chego mais cedo e conversamos, está bem? Hoje, eu só quero terminar aqui e assistir um pouco de TV antes de dormir.


Não insistiu. Não sabia o que poderia sair de sua boca se conversasse com ele naquele momento. Podia ser melhor esperar um pouco, se acalmar, acalmar tudo. Foi para cama primeiro, pediu a si mesma que pegasse no sono logo, que não ficasse pensando em Hanni, andava obcecada com tudo o que envolvia ela, e agora sentia seu corpo meio que entrando em abstinência. Ela estaria irritada? Chateada? Presley havia passado do ponto? Chorou pensando nisso. Então, antes de dormir, meio que recapitulou cada choro que havia tido durante o dia e se deu conta de que nenhum deles era de arrependimento.


Se virou rapidamente. Leo havia entrado no quarto, fechou os olhos e fingiu estar dormindo. Ele trocou de roupa, deitou-se ao seu lado e, em minutos, estava dormindo.


Aquela não podia ser a vida dos sonhos de ninguém. Não aceitava que fosse.


Chorou um pouco mais e, então, finalmente, pegou no sono.


Acordou lentamente, agora de fato, sentindo uma ressaca tão forte que parecia ter mesmo bebido tudo o que podia e o que não podia. Ainda bem, Aika estava tranquila, e Presley ainda tinha isso pela frente: arrumar uma desculpa para não irem ao jiu-jitsu, e sabia que não seria nada fácil. Ela quis ir com o quimono para a escola de novo; Presley não se opôs. Ela estava se achando grandinha demais para levar a Senhorita Bubu; aparentemente, o quimono era um novo objeto de conforto. A deixou na escola, dirigiu para o seu trabalho, passou na frente do hospital. Hanni estaria lá mais tarde. Passou pela academia. Sim, ela estará lá também, tão perto e, ao mesmo tempo...


Estacionou na embaixada, se checou rapidamente. Estava de vestido branco naquele dia, com um terninho preto por cima e cabelos presos no alto. E quando estava passando pela recepção...


— Presley, tem algo para você aqui — A recepcionista disse. Uma neozelandesa claramente descendente de britânicos. Eles já eram maioria na Nova Zelândia, e os povos nativos sucumbiam à miscigenação colonialista de forma muito clara.

— Para mim? — Presley voltou, recostando-se no balcão.

— Isso, uma moça deixou aqui mais cedo — A atendente lhe entregou uma sacola de papel. Não era qualquer sacola, era uma sacola branca da Dior. Dentro da sacola, de imediato, viu o seu celular.

— Ah! Alguém só...?

— Veio e deixou aqui — Daí, ela se apoiou no balcão, se aproximando de Presley um pouco mais, abrindo um sorriso — Uma gata, Presley, eu nem gosto de mulher e fiquei nervosa. De jeans, cropped preto, manga longa, deixando ver um abdômen... trincadinho, sabe? Delicado, mas trincado. Pensamentos intrusivos de colocar a mão naquele abdômen invadiram a minha mente muito rapidamente. Deve ser uma delícia de tocar. Cabelo preso para trás, bem maquiada. Você a conhece? Ela disse que encontrou o seu celular.


E Presley acabou sorrindo, inevitavelmente. Entendia bem os pensamentos intrusivos que a mandavam tocar em Hanni; o abdômen não era a única coisa deliciosa nela. Daí, se debruçou no balcão também, se aproximando da recepcionista e:


— Olha aqui para mim, Seven: ela é minha! — Disse, provocando.

— Você é casada!

— Você não sabe com quem — Respondeu sorrindo e, em seguida, ficou um pouco mais séria — Ela... ela disse mais alguma coisa?

— Não muita coisa, disse que estava atrasada, que não podia te esperar, ela saiu faz uns dez minutos.


E aquilo pegou Presley de surpresa.


— Ela queria falar comigo?

— Queria, chegou perguntando por você. Ela é atriz, modelo...? Acho que já a vi em algum lugar.

— Ela é modelo, talvez você já tenha a visto em algum lugar mesmo — Olhou na sacola, havia mais algumas coisas — Bem, eu vou indo, estou atrasada hoje.

— Atrasada todo dia você quer dizer.

— Você quer me deixar em paz?

— Qual o nome dela?

— Park Manu — Presley respondeu, já dentro do elevador.

— Ela é da sua família?

— Não! — Respondeu e a porta se fechou. Claro que não era. Presley olhou melhor dentro da sacola e encontrou um pote de biscoitos da cafeteria da academia e um pequeno frasco de Miss Dior, cor-de-rosa, com o laço ao redor da tampa, a exata fragrância que Presley usava. Havia também um bilhete escrito em coreano, com uma caligrafia bonita e caprichada.


"Obrigada pela noite. Você deixou o celular na minha cozinha. Amei a foto da Aika na lockscreen! Acho que algo aconteceu no seu Instagram. Checa depois. Eu ligo para você. Hanni."


Presley respirou profundamente, sentindo cada um dos nós que estavam dentro de si se desfazerem subitamente. Abriu um sorriso, respirando fundo, sentindo uma recarga de energia imediatamente percorrer seu interior. Recostou-se no espelho e soltou um suspiro.


Tudo o que você deseja está do outro lado da fronteira do medo.


Agora, ao menos, via claramente o que queria.


 

Notas da Editora: Ana Reis


E agora bate aquele arrependimento, aquela dorzinha do erro. Mas, enfim, quais serão os próximos passos? Apostas? 👀


Beijos! Voltamos dia 22/10.

 

E se você ainda não adquiriu Estilazo, não perca a oportunidade. Afinal, é uma história inédita de nosso site, escrita em 25 dias, com 21 capítulos, 360 páginas.











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14 Kommentare


Ansiosa para ela terminar logo pelo amor de deus

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Larissa Cruz
05. Dez. 2023

Marcou logo o território hahahaa

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sylber1011
sylber1011
19. Okt. 2023

Que difícil decisão Leo x Hanni kkk coitado….

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Tessa Reis
Tessa Reis
30. Okt. 2023
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Tá tipo 7x1 pra Hanni, eu sei 🤌🏼🤣

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Rodrigo Mesquita
Rodrigo Mesquita
18. Okt. 2023

Agora, é parar, tomar uma xícara de café ou um pote de sorvete (que tenha chocolate), ver o número de uma advogada de família para o divórcio ou um matador pra se livrar do Leo (pelo amor de Deus, eu tô querendo jogá-lo da ponte!) e rezar para que a Presley vença o medo e vá atrás da Hanni.


Dona Tessa, se eu tiver unhas roídas até o próximo capítulo, coloco essa na sua conta.

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Tessa Reis
Tessa Reis
30. Okt. 2023
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Eu imagino a mente da Presley neste mesmo furacão de pensamentos que vc descreveu aqui, Rô hahahaha mas, ela já sabe o que tem que fazer, agora é ter fé na nossa protagonista 🤌🏼

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Michele Buia Carneiro
Michele Buia Carneiro
17. Okt. 2023

Parece que li esse capítulo apostando corrida com o desespero da Presley… ahahahahhaa… agora, só quero que dia 22 chegue logo pra saber se vai ter jiu jitsu e oq rolou no insta 😅

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Tessa Reis
Tessa Reis
30. Okt. 2023
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Eu gostei que vc se solidarizou com a nossa protagonista 🤧

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