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Água Rasa 1

Atualizado: 13 de jan.


Capa Água Rasa
Água Rasa
Ocean Eyes - Billie Eilish

Ocean Eyes


Entrou o mais rápido que pôde em seu escritório, deu a volta e se enfiou embaixo da mesa.


Sim, embaixo da mesa. Era tranquilo, privado, ninguém podia vê-la ali, e tudo o que Carter precisava antes de voltar para o andar de cima era apenas respirar um pouco, era apenas... se acalmar com a única coisa capaz de causar tal efeito na sua mente. Acendeu a tela do celular, abriu sua galeria. A luz da tela iluminou seus olhos densamente castanhos e, assim que acessou sua pasta preferida, um sorriso lindo se abriu naquele rosto perfeitamente angulado, cheio de traços harmoniosos, emoldurado por longos cabelos escuros. Porém, o sorriso durou pouco, pois, apenas algumas fotos depois, uma lágrima escorreu por aquele rosto bonito.


Como sentia falta dela. Dela, aquela que estava nas fotos e vídeos que Carter estava olhando. A sua mulher de negócios, a garota promissora daquela empresa enorme, o sorriso imperfeitinho mais lindo do mundo, a dona dos olhos mais dóceis possíveis e que só eram dóceis daquele jeito quando lhe olhavam. Tudo era tão injusto, tão... surreal. As coisas haviam acontecido há cinco anos, mas ainda acordava todas as manhãs e parecia que tinham sido no dia anterior. Ainda doía como no dia anterior, e ninguém parecia entender como se sentia. As fotos do seu casamento pareciam irreais. Era como se houvessem sido tiradas em um dos seus sonhos. Estavam tão lindas, ambas de preto e de vestidinhos curtos. Haviam decidido se casar assim: era a festa delas, iriam se casar na cor preferida das duas. E estavam tão bonitas, tão felizes. Em todas as fotos, estavam com os olhos brilhando, nelas todas se olhavam como se fossem a única coisa que IMPORTAVA NA VIDA e, a grande verdade, é que era bem assim mesmo.


Carter havia se casado com o amor da sua vida, mas tudo havia desmoronado e a enterrado profundamente, sete palmos abaixo da terra, de onde se sentia totalmente incapaz de sair sozinha.


Alguém entrou na sala e ela se apressou, limpando as lágrimas que haviam escapado.


— Carter? — O som da porta se fechando e de uma longa respiração, que Carter conhecia muito bem — Baby, eu sei que você está aí.


Podia mentir para muita gente, mas não para Raina. Respirou muito fundo, limpou o rosto outra vez e, se sentindo parcialmente recomposta, saiu de baixo da mesa.


— Eu só... precisava respirar um pouco.


Ela se aproximou. Bonita demais: cabelos castanhos presos num rabo de cavalo charmoso, a franja longa caindo ao redor do rosto. Look executivo: blusa branca e elegante por dentro, terninho preto por cima. Ela sempre se vestia muito bem. Era uma das coisas que admirava nela. Raina se vestia muito bem sem dificuldades, enquanto todos os dias Carter passava pelo tormento de descobrir o que precisava vestir para o seu dia de trabalho.


Antes de se tornar CEO da Schafer & Arnault, uma respeitada farmacêutica canadense, Carter costumava ir trabalhar de jeans e camiseta, em um escritório que ficava literalmente na praia. Mas agora suas roupas antigas não serviam mais, sua vida antiga não fazia mais sentido, menos ainda a atual. Nada parecia fazer muito sentido, na verdade.


— Eu sei — Raina veio até si e lhe abraçou, com muito carinho, mantendo-a contra o seu corpo — Mas já respirou? Está tudo bem?


Carter apertou os braços ao redor dela.


Sim — Disse, com os olhos ainda cheios.

— A Sahara me pediu para vir te ver. Disse que você ficou nervosa com algo, mas tenta não ficar. Já passamos por diversas reuniões deste tipo. E tem o nosso bebê, OK? Não queremos que ele se estresse.


Carter abriu um sorriso, se agarrando nos braços dela um pouco mais.


— Acha mesmo que já está acontecendo?

— Tenho certeza disso — Sorriu, tocando o rosto de Carter delicadamente — Inclusive, essas lágrimas aqui podem ser por isso. Você não costuma ser sensível assim.


Carter riu.


— Isso é verdade.

— Então... — Raina enroscou os braços na cintura dela, grudando-a contra o seu corpo novamente — Deve ser efeito dele. Acha que já podemos retornar? Vou te acompanhar. Se terminarmos rápido, acho que conseguimos ir jantar em algum restaurante de que você goste.


Carter balançou a cabeça em afirmativo, mesmo sabendo que já tinha um compromisso para aquela noite.


— Podemos ir?

— Sim, só... preciso ir ao banheiro rapidinho.


Foi ao banheiro, lavou o rosto, retocou a maquiagem. Estava toda de branco: jeans branco, top também branco, mas delicadamente florido, deixando os ombros parcialmente de fora, terninho italiano por cima. Amava preto, mas sua esposa adorava quando Carter vestia branco também. Então, apenas se vestiu para ela quando saiu de casa naquela manhã.


Era uma data especial.


Seus olhos se encheram de novo apenas de pensar nisso, mas se controlou, respirou fundo, não podia ficar assim também. Checou o celular. Tinha uma mensagem esperando pela sua resposta. Respondeu rapidinho: “Sim, te encontro lá.” Daí, apagou a conversa e saiu do banheiro, totalmente recomposta.


— Tudo bem? — Raina perguntou.


Ela era uma namorada perfeita; que não merecia ter Carter como namorada de forma nenhuma. Mas, aparentemente, havia se tornado uma egoísta quebrada, e pessoas quebradas quebram corações.


Tocou o rosto dela e a beijou.


— Tudo. Vamos?


Ela pegou a sua mão. Podiam ir sim. E, ao lado de Raina, caminhou para o elevador, para subirem um andar em direção à sala de reuniões.


E o que havia acontecido antes, que a fez abandonar uma importante reunião de orçamento?


Sala de reuniões, quinze minutos antes.


— Senhorita Arnault, é um investimento muito alto! Maior do que aquele feito no ano passado! — Um dos acionistas contrapôs.

— Pesquisas não são baratas — Carter se resumiu a dizer, os olhos no relatório que estava em suas mãos.

— Não somos apenas um laboratório. Sei que a senhorita abstrai essa ideia, mas não somos! Seu pai entendia isso muito bem!

— Meu pai não está mais aqui — Outra resposta tranquila.

— Nem a sua esposa está mais aqui! — E, com essa frase, ele conseguiu finalmente a atenção dela.


Carter o olhou reto.


— Como...?

— A sua esposa também não está mais aqui e, ainda assim, a senhorita insiste em manter as ideias dela nesta mesa!


Carter se levantou.


— Primeiro, é senhora. Senhora Schafer. Eu continuo casada. E segundo, até onde me lembro, foram as ideias da minha esposa que mantiveram essa empresa aberta, que dobraram a nossa arrecadação, que fizeram essa empresa ganhar cada prêmio de sustentabilidade e responsabilidade social que estão naquela parede ali! — Apontou para a parede com os prêmios, no fundo da sala de reuniões — E terceiro, onde está o incêndio? Nossas contas estão no azul novamente. Vencemos o buraco que havíamos entrado na pandemia, do qual saímos justamente por conta das nossas pesquisas, com o desenvolvimento da vacina que tanto ajudou o nosso país. Então, qual é a emergência?

— Podemos lucrar muito mais!

— Sempre se pode lucrar muito mais, mas não é o nosso único objetivo aqui. A nossa missão é contribuir com a ciência e com o sistema de saúde deste país e lucrar, claro, mas não em cima de pessoas debilitadas, que dependem dos nossos medicamentos e da nossa pesquisa.


O acionista riu.


— É como ouvir Ella Schafer falando!

— Se acostume, ela continua falando. Represento os trinta por cento de ações do meu pai e os trinta por cento da minha esposa. Se acha que as minhas decisões estão tão equivocadas assim, convoque uma reunião de conselho e voltamos a conversar sobre a importância de uma empresa farmacêutica manter um departamento de pesquisa forte. Eu... Vamos fazer uma pausa, preciso de um café — E simplesmente saiu da sala.


O acionista se voltou para Sahara Michel, outra jovem acionista que também havia herdado parte da empresa do pai. Cabelos encaracolados, olhos claros, pele lindamente amendoada.


— Você deveria dar um jeito nisso!

— Eu...?

— Você também é acionista desta empresa, senhorita Michel. Tem mais ações do que todos nós e era muito próxima da Ella, não? Até onde sei, Carter já está casada com outra e, mesmo assim, você e a esposa VIVA permitem que ela continue seguindo instruções de uma garota morta!

— Senhor, com todo respeito, a vida pessoal da nossa CEO não diz respeito a ninguém nesta mesa. Tivemos dias muito obscuros na empresa sem Ella Schafer e sem os nossos fundadores. E quem nos manteve de pé foi Catherine Arnault. Então, peço que a respeitem. É o mínimo. Vamos fazer uma pausa. Retornamos em dez minutos — E se retirou da sala também.


Sahara saiu da sala e ligou para Raina, que era diretora jurídica da empresa e a única que conseguia encontrar Carter quando ela desaparecia daquela forma. E agora, quinze minutos depois, Catherine Arnault-Schafer estava de volta à posição de CEO, ao lado de sua namorada atual.


— Então, podemos continuar? — Rosto fechado, expressão impassível.


Foi de comum acordo que continuassem.



A reunião de orçamento levou bem mais tempo do que Carter esperava ou gostaria. Essas reuniões eram sempre chatas, complexas, arrastadas e, naquele dia especificamente, tudo o que Carter queria era sair dali o mais rápido possível. Mas o possível demorou muito. As horas foram se passando, a cidade de Montreal escurecendo pelas enormes janelas de vidro, equipes entrando, saindo, apresentando projetos. Ela havia conseguido aprovar o orçamento dos laboratórios de pesquisa com os acionistas, mas ao preço de ouvir que continuava seguindo ordens de uma garota morta. Tocou o dedo onde costumava ficar a sua aliança; às vezes, esquecia que ela não estava mais ali. Finalmente, aquele dia, que parecia que nunca ia acabar, terminou.


Foi até sua sala, recolheu a bolsa, abriu a gaveta em busca do carregador e, Ella a olhou. Mantinha uma foto dela na mesa, uma foto linda, aliás: sua esposa de cabelos soltos, castanhos, olhos brilhando, um sorriso amplo, a foto tirada em uma das praias preferidas de ambas. Costumava deixá-la em cima da mesa, mas parecia fora de lugar agora que, bem, podia mesmo estar grávida de Raina.


Baby, podemos ir? — Raina apareceu na porta, e Carter fechou a gaveta rapidamente. Pegou a bolsa, baixou a tela do MacBook e caminhou até ela, tocando os cotovelos da namorada com carinho.

— Você vai ficar muito chateada comigo se eu preferir ir pra casa? É que estou muito cansada.

— Eu imagino, nosso dia foi muito longo aqui. Podemos ir pra casa, sem problemas.

— É que tenho psicóloga antes, lembra?

— Hum, é verdade. Bem, então vou pra casa, faço algo pra gente jantar e te espero, tudo bem?


Carter a enlaçou pela cintura e a beijou.


— Tudo perfeito. Você é perfeita. Vamos descer?


Desceram juntas até o estacionamento, onde trocaram outro beijo. Cada uma entrou no seu carro e partiram para lugares diferentes. Não era mentira; Carter realmente tinha psicóloga aquela noite, mas havia desmarcado. Colocou uma playlist que amava e ligou para sua melhor amiga, que morava no Brasil.


— Ei, Carter! Como foi o seu dia?

— Ah, Brisa... complexo. Tem tanta coisa acontecendo naquela empresa que, alguns dias, eu só quero desaparecer.

— Mas não é só isso, não é?


Não, não era. Conversou com a amiga e, após dirigir por uns vinte minutos, chegou a um dos seus restaurantes preferidos, em Chinatown. Checou-se no retrovisor e desceu. Passou pela entrada, onde foi cordialmente cumprimentada e conduzida a uma mesa. Deu uma olhada ao redor. Nenhum rosto conhecido. Melhor assim. Pediu um lámen com molho, legumes e camarões. Ia pedir um vinho para acompanhar, mas lembrou daquele detalhe: podia estar grávida. Nada de álcool, o que era uma pena. Sentia que precisava ao menos de uma taça para finalizar o dia, mas OK. Nunca havia sido de beber muito, mas tanta coisa mudou naquele tempo que, enfim. Pediu um mojito sem álcool e, alguns minutos depois, recebeu o pedido completo numa sacola de papel e retornou ao carro.


Dirigiu mais alguns minutos e estacionou novamente. Desceu com a bolsa, a sacola com a comida, abriu o porta-malas e pegou um vaso com uma pequena laranjeira. Havia cultivado a planta com todo o cuidado em casa e agora ela estava pronta para mudar de lugar. Desceu com tudo: o vaso em um dos braços, a bolsa no ombro, a sacola do restaurante em mãos. Caminhou até a recepção.


— Senhora Schafer! Como está?

— Tudo bem, e você? — Respondeu, sorrindo — Vem cá, sabe me dizer se o médico continua por aqui?

— Hum, ele saiu mais cedo hoje, mas a fisioterapeuta está com ela neste exato momento.

— Mesmo?

— Sim, acabou de passar por aqui — A moça respondeu, já entregando a credencial de Carter — Tudo certinho, boa visita!


Carter agradeceu e caminhou para o quarto, cujo caminho sabia de olhos fechados. Checou as mensagens, vendo se Raina havia escrito algo. Detestava mentir para ela, mas, às vezes, era necessário. Mentiras pequenas doem menos do que algumas verdades. Pegou o elevador. Sua laranjeira estava cheirosíssima e cheia de pequenas laranjas. Chegou ao andar, caminhou até o quarto e encontrou a fisioterapeuta saindo naquele exato momento.


— Carter! Tudo bem? Me deixa te ajudar. Este vaso lindo é para a Ella, não é?

— É para Ella, sim — Passou o vaso para as mãos dela — Algo de errado ou apenas rotina, Sky?

— Apenas rotina — Ela abriu a porta e lá estava o amor da sua vida.


Sempre que a olhava, depois que os machucados haviam se curado e o cabelo crescido novamente, Carter sentia que sua esposa estava apenas dormindo. Um sono calmo, tranquilo, como se sua linda garota estivesse no quarto do apartamento que nunca as viu casadas. Os cabelos longos, castanhos, o corpo delicado — agora muito mais do que costumava ser — e a pele, embora sem o tom bronzeado que Ella tanto amava ostentar, ainda tinha viço. Ela podia estar dormindo há quase cinco anos, mas Carter jamais se descuidava dela.


— Eu havia deixado a luz apagada. Quer que acenda? — Sky perguntou.

— Ah, não. Pode deixar assim. Ela prefere assim — Aproximou-se e a beijou na testa, carinhosamente — Oi, linda — Cheirou sua esposa um pouquinho, deixando a sacola com o jantar na mesa de apoio — Está tudo bem com ela, Sky?

— Está. Só vim checá-la antes de ir pra casa. O médico pediu para eu avaliar a respiração dela. Houve uma oscilação.

— Uma oscilação? Algo preocupante?

— Na verdade, algo positivo. A capacidade respiratória dela subiu. Ela já estava respirando sozinha há um bom tempo, mas agora os pulmões estão quase em noventa por cento. Viu como o cabelo dela cresceu? — Sky sorriu.


Carter tinha a suspeita de que sua charmosa esposa seguia fazendo vítimas mesmo dormindo. Sky era fisioterapeuta dela há quase um ano e tinha uma relação diferente com Ella. Ninguém precisava falar sobre isso; era só ver.


— Sim, está tão bonito. Vou providenciar que alguém venha cortar as pontas — Disse, tocando aqueles cabelos, sempre tão macios.


Sky abriu um sorriso.


— Veio jantar com ela?

— Eu... vim — Sorriso de Carter — Hoje... é nosso aniversário de casamento.

— Mesmo?

— Sim, estamos fazendo cinco anos de casadas. E, em uma semana, ela pode completar cinco anos em coma — Complementou, com um certo peso na voz.


Sky se aproximou um pouco mais.


— É lindo como você não desiste dela, Carter. Como acredita que a Ella vai, sim, acordar.


Sorriso triste de Carter. Buscou a fisioterapeuta com os olhos:


— Acho que só você e eu acreditamos nisso, Sky — Disse e perdeu uma lágrima, que limpou rapidamente. Raina tinha razão, estava mais chorona que o habitual naquele dia — Ninguém me entende. Tive uma reunião hoje em que precisei ouvir, mais de uma vez, que minha esposa está morta, que ela não vai voltar, que isso tudo é só tempo e dinheiro perdido. Mas sinto que... ela está aqui. Que ela não foi embora, que está aqui. Como posso só...?

Desistir dela, eu sei. Mas Carter, e a Raina? Ela não sabe que você está aqui, não é?

— Ela... não sabe. Isso deixa mágoa nela, eu sei. Ela me entende muito, mas não entende eu querer estar aqui praticamente todos os dias. Ainda mais agora que, bem, a gente decidiu dar o próximo passo.

— Você está falando de divórcio...?

— Divórcio? NÃO! Nada de divórcio — Respondeu, cobrindo Ella direitinho e fazendo Sky rir — Se a Ella quiser divórcio, ela que acorde e peça sozinha.

— Garota, você pode estar grávida!

— Isso pode estar acontecendo.

— Então?

— Sky, eu não faço ideia! Mas, uma coisa de cada vez, certo? A gente nunca sabe o que pode acontecer, isso é muito real. Eu me casei com o amor da minha vida, fomos para a Itália em lua de mel e, de repente, ela saltou de um barco durante um passeio e nunca mais voltou pra mim. Consigo vê-la aqui, mas sabe? Não consigo aceitar que nunca mais vou ver os olhos dela outra vez — Os olhos de Ella eram lindos, verdes bem clarinhos, ficavam quase azuis em um tom lindo ao sol — Não consigo aceitar que ela nunca mais vai voltar, que nós nunca mais... — Sentou-se, pegando a sacola com o seu jantar — Vamos comer nosso lámen preferido juntas. Eu adoro a Raina, estamos juntas há dois anos. Eu me movi, não é? — Puxou uma mesinha e foi tirando as coisas da sacola — Não fiquei parada no tempo.


Carter havia movido seu corpo, mas claramente, não a sua mente. Menos ainda, o seu coração. Isso dava para ver só de olhar para ela. Quando Sky a conheceu, há pouco mais de um ano, ela já era uma mulher dividida em duas vidas bem diferentes: era uma namorada que se esforçava para estar presente, para ser cuidadosa e respeitosa, e também era uma esposa dedicada, que não conseguia não estar presente e nem aceitar que o amor da sua vida nunca mais iria acordar. Quase ninguém mais ia ali tão frequentemente além dos médicos e delas duas.


— Vou te deixar com ela — Sky pegou a mão de Carter e beijou, carinhosamente. Sendo as duas únicas presentes naquele quarto consistentemente. Sky e Carter tinham se tornado boas amigas — Sei que não tem como ser um feliz aniversário de casamento, mas, ao menos, fica pertinho da sua esposa, sem ninguém te julgar. Estou indo pra casa, se cuida.

— Você também. Cuidado no trânsito.

— Pode deixar.


Ela saiu, fechando a porta em seguida, e Carter tirou uma pequena luminária da bolsa e colocou na mesa, para que pudesse ver o que estava comendo sem incomodar Ella com a luminosidade excessiva.


Linda, eu trouxe uma laranjeira. Sei que você gosta do cheiro. Não podia ver uma laranjeira lá em Capri que se aproximava para sentir o aroma. É meu presente de aniversário de casamento pra você. A cultivei por nove meses, vi vários vídeos na internet até dar certo. Geralmente, uma laranjeira leva dois anos para dar frutos, mas eu não tinha esse tempo, então, dei um jeito. Faz cinco anos hoje que a gente se casou — Disse, abrindo os hashis e o bowl com seu lámen — Acordei com uma sensação muito estranha por dentro. Todo mundo insiste que preciso me mover e estou me movendo, mas, ao mesmo tempo — enrolou o macarrão nos hashis e levou à boca. Mastigou, pensando em todas as coisas — você sempre acreditou na ciência, mas eu me tornei uma negacionista por sua causa, Ella. A ciência diz que, aproximadamente, apenas cinco por cento das pessoas retornam de um coma após o terceiro ano e menos de três por cento voltam após o quinto. E diz que, desses três por cento, menos de cinco por cento dos acordados recuperam a capacidade de se comunicarem e de viverem por si. Não é que eu não acredite nesses números, mas sei que esses números não conhecem você.


Disse isso e a tela que monitorava os batimentos de Ella mostrou uma alteração. Sorriu. Eram comuns essas alterações. Às vezes, falava com sua esposa e o coração dela acelerava.


— Se você consegue, volta. Estamos ficando sem tempo até para deixar uma laranjeira crescer naturalmente. Minha mãe diz que é egoísmo meu vir aqui e ficar pedindo que você volte, mas sabe? Eu já estou sendo egoísta de outras maneiras, meu amor, então, se você pode, volta. Eu... eu realmente preciso olhar nos seus olhos de oceano de novo — Disse e perdeu outra lágrima.


E daí pra frente, Carter apenas comeu em silêncio, enquanto observava Ella na cama, olhando para cada detalhe dela que era possível. Precisava cortar as unhas dela e as pontas dos cabelos. Chorou um pouco mais. Terminou seu lámen, tomou seu mojito sem álcool e, antes de ir embora, delicadamente, deixou um selinho nos lábios dela.


Amo você — E dito isso, apenas desligou a luminária, colocou de volta na bolsa e saiu do quarto.


Quarto escuro, apenas o bip dos aparelhos que a monitoravam e, muito, mas muito suavemente, sem que ninguém visse, o dedo indicador de Ella Schafer, delicadamente, se moveu.


E quando Carter estava quase entrando no carro, viu um rosto conhecido.


Caminhou até o outro lado da rua e lá estava Grace Schafer, a irmã mais nova de Ella.


— Ei, o que você está fazendo aqui? — Carter a abraçou carinhosamente e foi abraçada de volta da mesma forma. Era sempre bom estar com Grace. Ela havia feito dezoito anos recentemente e estava cada vez mais parecida com a irmã mais velha.

— Eu saí da faculdade e decidi ficar aqui um pouco, te esperando sair. Você disse que ia estar aqui.

— Sim, e eu achei que você fosse me encontrar lá dentro.

— Às vezes, eu nem quero entrar, quero só... ficar perto dela, de alguma forma. Carter, o médico acha que vamos perdê-la este ano — Ela disse, os olhos ficando tristes imediatamente — Disse que a Ella é como um celular com um por cento de bateria, que vai desligar a qualquer momento.


Carter respirou fundo. Haviam trocado mensagens mais cedo e ela tinha sentido Grace extremamente ansiosa. Apagava as mensagens trocadas para que Raina não achasse que estava envolvida 24 horas por dia com Ella, mas enfim...


— Sua irmã não é um celular, e esse médico não faz ideia de quem ela seja de verdade, Grace. Estou buscando outro especialista, está bem? Não fique pensando nisso.

— Você... vai continuar cuidando dela, não é?

Sempre. Ela é minha esposa.

— Mesmo que... o seu relacionamento fique mais sério ainda?


Sentia que era isso que estava deixando Grace tão ansiosa.


— Ainda assim. Você não vai entrar mesmo? Quer uma carona?


Ela não quis entrar, mas aceitou a carona. Carter sabia que aquela situação era difícil para a família. A mãe quase não vinha mais visitar Ella. A mulher, confiante na recuperação da filha mais velha, que antes a visitava diariamente, foi perdendo fibra, força, foi perdendo as esperanças. Hoje, não conseguia olhar para a filha naquela cama sem se quebrar em lágrimas. Algo parecido acometia Grace. Depois da morte do pai, Ella havia assumido os negócios e a família. A mãe e a irmã eram totalmente dependentes dela e, hoje, dependiam, em parte, de Carter. Não era um problema. Cuidar delas a mantinha perto de Ella, mas os dois últimos anos, especificamente, haviam sido bem desafiadores no que tocava Grace. A adolescência era difícil. Ela deu trabalho. Não era fácil para uma garota absurdamente apaixonada pela irmã mais velha, que a via como um ídolo, se conformar com um coma tão persistente.


Aquilo parecia injusto, e era mesmo.


Carter a deixou em casa e, depois, dirigiu para o seu apartamento. Nada era muito longe. Havia comprado ações naquele bom hospital por ser perto de casa e investido nele para que se tornasse ótimo, para que Ella ficasse segura lá. Não era barato e não podia investir dinheiro da empresa no tratamento dela, o que andava causando alguns estremecimentos na sua relação com Raina. Não que ela interferisse na forma como gastava o seu dinheiro, mas era... contraditório. Se fossem mesmo dar um próximo passo tão importante quanto ter um filho, precisaria repensar suas finanças.


Morava em uma bela cobertura em Downtown, com uma vista incrível, piscina privativa, quadra de tênis, coisas que ambas adoravam. Mas era o apartamento que deveria dividir com Ella.


O apartamento havia ficado pronto poucos dias antes do casamento. Elas chegaram a se mudar, mas nunca dormiram juntas nele. Carter teve muitas dúvidas sobre onde morar com Raina quando decidiram por isso, mas a namorada não tinha casa própria. Pareceu muito fora de mão não irem morar naquele apartamento, que já estava quitado. Fazia pouco tempo, pouco mais de três meses, e aquilo foi difícil. Sempre teve muitas fotos de Ella por perto. Havia um quadro preto e branco do casamento delas bem no meio da sala, mas gradualmente essas fotos foram sendo guardadas conforme seu namoro com Raina ficava mais sério.


Agora, aquele apartamento não tinha mais fotos, nem lembranças. Era apenas uma grande promessa. Uma possibilidade de Carter e Ella que nunca aconteceu.


Entrou e sua namorada estava na cozinha, preparando alguma coisa que havia claramente dado errado.


— Raina?

— EU SEI. Juro que estava olhando, mas de repente me distraí e... perdemos o nosso macarrão.


Carter riu, caminhando para a cozinha. Não era um apartamento grande. Queriam o contrário disso, na verdade: pouco espaço, como o apartamento de Carter em Angra dos Reis, onde viveram seus melhores momentos. Era sala e cozinha integradas, mas tinha uma bela cozinha gourmet, porque se tinha uma coisa que Carter e Ella adoravam fazer juntas, era cozinhar. Podiam passar horas na cozinha, na companhia uma da outra, e queriam que o apartamento refletisse isso.


A sala era confortável, gostosa, tinha uma TV enorme e os quartos ficavam no andar de cima: um quarto principal e outro para hóspedes. Carter abraçou Raina pelas costas, olhando o estrago. Ela havia conseguido queimar um simples macarrão.


— Você já comeu alguma coisa? — Carter perguntou para ela.

— Nada, o molho parece que ficou bom. Está vendo?

— Ele parece ótimo! Ok, quer que eu faça outro macarrão ou prefere que a gente peça alguma coisa?


Ela preferiu pedir alguma coisa. Não tinha certeza se o molho estava mesmo bom; Raina tinha muitas habilidades, mas cozinhar não era uma delas. Então, pediram Fettuccini Alfredo para as duas, que comeram enquanto assistiam a qualquer coisa na TV.


— Carter, você comeu algo fora? Quase não tocou no macarrão — Raina observou.

— Estou meio sem fome hoje. Hum, acho que vou para o banho, estou caindo de sono — Deixou um selinho nela, se levantou e subiu as escadas.


Parecia que tinha levado uma surra. Seu corpo inteiro estava doendo, e Carter queria entender de onde estava vindo aquela sensação. Ninguém acreditava, mas aquelas reuniões difíceis lhe causavam dor física. Era real, como se a pressão mental fosse tão grande que acabava atingindo seu corpo também. Então, tomou um banho bem quente, tentou relaxar, sentiu falta de beber algo alcoólico de novo e, quando finalmente foi para a cama, Raina já estava deitada, distraída com algo no celular.


— Você já pensou sobre NOMES? — Ela perguntou assim que Carter se deitou no braço dela. Acabou sorrindo.

— Eu ainda nem acredito que estamos mesmo fazendo isso. Você é mais nova do que eu; em tese, a grávida devia ser você.

— Você tem 33 anos, não é nenhuma senhora! — Raina respondeu, sorrindo — E tem a circunstância também.

— Que torna essa história quase uma loucura.

— Quase, mas não é — Seguia com os olhos no celular — Nomes brasileiros são tão bonitos. Pode ser um nome brasileiro. O que você acha?


Ella queria um nome brasileiro: Luma para menina; Matias para menino. Falavam sobre filhos, mas era algo para o futuro, para dali a cinco anos a partir do casamento.


— Podemos pensar nisso com calma — Beijou o esterno dela — Vou dormir, está bem? Tenho mais um dia cheio de reuniões de orçamento pela manhã.

— Ok — Raina beijou a testa dela — Fecha os olhos. Vamos deixar para ver isso depois.


Não demoraram muito para dormir. As coisas andavam insanas na empresa para Raina também. Estavam bem cansadas, sem tempo para nada, trabalhando muitas horas por dia. Então, ela apagou quase que imediatamente, e Carter também pegou no sono muito rápido. E sonhou com Ella.


Sonhou com um dia específico, real, em que estavam extremamente felizes curtindo o show da Billie Eilish no Coachella de 2019. Sim, já estavam casadas; estavam há 22 horas casadas, e aquela era a primeira parada da lua de mel. Foi uma loucura. Só queriam muito ir àquele show e estavam transbordando de felicidade.


As rajadas de vento insanas do deserto as atingiam, os cabelos voando selvagens, e elas não se largavam POR NADA.


— Você sabe o quanto eu te amo, hum? — Carter perguntou, totalmente agarrada na cintura dela, no meio do público.

— Se sei o quanto a minha mulher me ama? Eu sei, sim. Por isso sou tão louca por ela — Ella se agarrou nela ainda mais, beijando aquela boca linda que tinha a sua esposa mais uma vez — Meu amor, você está febril. A gente já pode voltar para o nosso hotel.

— De jeito nenhum! Vamos terminar o nosso show — Carter a beijou e beijou de novo, as duas confortavelmente vestidas, ambas de Adidas, os olhos brilhando o tempo inteiro, as alianças nos dedos entrelaçados — My ocean eyes, como eu não ia me casar com você? Com esses olhinhos da cor do mar de Angra — Mais beijos, mãos por ela inteira — Nossa Luma vai ter os seus olhos.

— E como faremos para ela ter o seu sorriso? Acho que preciso investir mais em engenharia genética para conseguir o que precisamos! — Ella disse, fazendo Carter rir demais. Rir, beijá-la de novo, cantar com Billie, agarradinha na sua esposa:

— No fair... You really know how to make me cry, when you gimme those ocean eyes… — Não é justo… você realmente sabe como me fazer chorar quando me olha com esses olhos de oceano... — I'm scared… I've never fallen from quite this high, falling into your ocean eyes, those ocean eyes… — Eu estou assustada… eu nunca caí de tão alto assim, tal como caio nos seus olhos de oceano... esses olhos de oceano...


Aqueles olhos de oceano sempre a teriam. Sempre, sempre.


— Carter? Carter!


Carter despertou com Raina a chacoalhando com o celular no ouvido.


— O que foi? O que aconteceu?


Ela estava pálida.


— É do hospital, e… — Não conseguiu concluir, apenas passou o celular para Carter.


Seu coração parou enquanto, bem lentamente, levava o celular ao ouvido. Era o que temia: uma ligação fora de hora do hospital. Uma que lhe contasse que havia acabado, que nada mais restava, que algo havia acontecido.


Encostou o celular no ouvido e não ousou falar nada, a respiração presa no peito, um medo agarrando seu coração, mas...


Havia uma enorme confusão do outro lado, pessoas falando, algo agitado acontecendo, mas não era um desespero. Muito pelo contrário, parecia uma euforia.


— Senhora Arnault! A sua esposa...

— O que tem a minha esposa? — Achou finalmente a sua voz, já saindo da cama, tentando compreender o que estava se passando.

— Ela acordou e está muito agitada. A Ella despertou!


O celular caiu da mão de Carter, e o mundo inteiro começou a passar em câmera lenta.


Havia despertado? Estavam lhe dizendo que Ella havia acordado? Deve ter dito em voz alta, pois Raina confirmou que era isso mesmo. Mas não parecia real, não parecia poder ser real. Mesmo quando se colocou de pé e buscou o que vestir às pressas, ainda não tinha certeza de que estava mesmo acordada, se não seguia no sonho que estava tendo. Ouviu Raina ligando para a mãe de Ella, contando o que havia acontecido. Ela havia trocado de número recentemente, ainda não estava atualizado no hospital. A atendente havia informado isso a Raina, e Carter começou a chorar enquanto se vestia: trêmula, nervosa, tensa, ainda desconfiando de que estava sonhando, de que aquilo não estava acontecendo.


— Raina, você... você vai comigo?

— Claro que sim. Você não pode dirigir assim — Raina estava terminando de se trocar também — Vamos, calça alguma coisa.


Calçou alguma coisa, nem reparou, mas havia vestido uma calça Adidas, uma camiseta qualquer, pegou o primeiro casaco que viu pela frente, um boné sobre os cabelos e desceram correndo, Carter ainda chorando sem conseguir parar.


— Raina, eu sinto muito, é que...


Ela sorriu.


— Você pode chorar — Respondeu, fazendo um carinho em Carter — Ella Schafer acordou!

Tipo... ela acordou. É uma teimosa mesmo.

— A garota mais teimosa que existe! — Carter estava rindo e chorando ao mesmo tempo, enquanto seu coração parecia que ia escapar do peito.

— Carter, você só precisa estar pronta, OK? Ella acordou, mas não sabemos o estado no qual acordou. Pode ser que ela não esteja perfeitamente bem. Esteja pronta.


Concordou. Estaria pronta, só queria vê-la, só precisava... olhar naqueles olhos de oceano outra vez.


Raina voou para aquele hospital. Estavam lá em menos de dez minutos. Eram três da manhã, não havia trânsito, não havia ninguém nas ruas. Ela parou na porta principal, abruptamente:


— Vai, entra, eu vou estacionar e já te encontro.


Raina não precisou pedir duas vezes. Carter desceu e entrou correndo pela recepção.


— Senhora, Ella acordou, a sua esposa... acordou! Pode passar!


Riu de novo, no meio de um choro que não parava, e correu para o elevador, apertando o andar repetidamente. Ali dentro, naquele minuto antes de chegar ao andar do quarto de Ella, Carter passou por mil emoções diferentes: euforia, medo, ansiedade, excitação, incerteza, amor, muito amor, UM ABSURDO de tanto amor.


I've been walking through a world gone blind... Can't stop thinking of your diamond mind... Careful creature made friends with time, he left her lonely with a diamond mind… And those ocean eyes...


Eu tenho andado por um mundo que ficou cego... não consigo parar de pensar na sua mente de diamante... criatura cuidadosa fez amizade com o Tempo, ele a deixou sozinha com uma mente de diamante... e aqueles olhos de oceano...


Última emoção antes de chegar naquele quarto: Carter estava assustada. Assustada, como no dia em que percebeu que estava apaixonada por Ella e que, provavelmente, não podia tê-la. Primeira emoção, quando abriu aquela porta: Carter estava extasiada. Extasiada, como no dia em que percebeu estar apaixonada por Ella e que sim, ela já era sua.


Abriu a porta e viu um mar branco na sua frente: o quarto cheio de médicos, enfermeiros, e quando, de repente, aquela névoa de jalecos brancos se abriu, lá estava, sentada naquela cama onde, por quase cinco anos, ela apenas dormia, com uma máscara de oxigênio no rosto, suada, cabelos molhados e um sangramento na testa, Ella Schafer, ACORDADA, a sua esposa.


Aqueles olhos de oceano esverdeados estavam, finalmente, abertos novamente.


Seu coração trepidou no peito e um sorriso inevitável surgiu em seu rosto quando se aproximou daquela cama. Não era real, não parecia real ainda. Pegou a mão dela, sem quebrar aquele contato visual intenso. Ella estava com os olhos molhados, a respiração ofegante, claramente sentindo dor, mas estava acordada. ELA ESTAVA ACORDADA OUTRA VEZ!


Ei, linda — Carter agarrou a mão dela, trazendo para os seus lábios, para o seu nariz, de um jeito que sempre fazia. Lágrimas caindo, seu corpo tremendo por inteiro, o coração absurdamente disparado no peito.

— Senhora, ela não consegue falar, aparentemente. Tudo aconteceu agora, não temos certeza se ela é capaz de falar ou se seu estado mental está alterado.

E-esposa... — Ella disse, bem baixinho, por baixo da máscara, mas claramente disse, enquanto não tirava os olhos de cima de Carter — Oi...


E o “oi” foi em português. Ella falava francês e inglês nativamente, mas havia aprendido português com Carter. Ela disse aquele “oi” muito baixinho e lagrimou, fazendo Carter lagrimar também. Lagrimar, sorrir, sentir seu coração vibrar no peito.


Oi, esposa — Disse, perdendo mais uma lágrima ao olhar para ela.


E foi essa cena que Raina viu assim que entrou por aquela porta.



Notas da Autora sobre Água Rasa: Tessa Reis


Olá, todo mundo!


Ano novo e história nova pra gente acompanhar. 😌 Conhecemos Hickey no Natal de 2023, nos despedimos dela no Natal passado e, agora, começamos o ano com Ella e Carter em uma história muito delicada, que me arrisquei a escrever porque ando na fase dos clichês. 💘


Quero aproveitar para dizer também que, apesar de ter estudado bastante o assunto, não há muita literatura sobre pacientes que acordam após um coma longo. Geralmente, o que está disponível é apenas o fato mais importante: o paciente acordou! Mas quase ninguém conta como o querido paciente está após acordar. hahaha! Então, estudei o assunto, mas, se algo sair um pouco do esperado, perdoem, porque o campo de pesquisa é limitado.


Dito isso, Água Rasa estreou, e quero saber a opinião de vocês!


Próximo capítulo, “Ella”, e nos vemos no dia 13/1! 😊


Grande beijo!

Tessa.


15 Comments


Muito emocionante há história estou amando!!!

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Rakel Martins
Rakel Martins
Feb 23

Socorroooo. Mais uma vez Tessa inicia uma história com um capítulo de tirar o fôlego. Já prevejo emoções d+ para o próximo capítulo. Ella descobrindo que sua esposa tem uma esposa, Raina vendo sua recém iniciada família se ruir e Carter com uma baita dor de cabeça.

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Tessa Reis
Tessa Reis
Feb 25
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Esse capítulo começou com tudo né? trazendo altas emoções e previsões de dores de cabeça hahaha

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Coitada da Raina, já era pra ela!! Adorei, ansiosa pelo próximo capítulo 😍

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Tessa Reis
Tessa Reis
Jan 14
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A pobre da Raina com dois minutos de tela e todo mundo sabendo que a bichinha perdeu hahaha 🤌🏼

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Já amei de cara !

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Tessa Reis
Tessa Reis
Jan 14
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💘💘💘

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Aguas Rasa ja chegou impactando, agora e esperar o que vai acontecer com o namoro de Carter e Raina, ja que sua esposinha acordou, Raina sinto muito mas vc nao tera mas chance com Carter. agora a ansiedade toma conta de mim pq ja quero que chegue logo dia 13😍

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Tessa Reis
Tessa Reis
Jan 14
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a esposinha da Carter acordou! E acho que a gente já conhece o coração dela, né ❤️

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