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Água Rasa 10

Foto do escritor: Riesa EditoraRiesa Editora

Capa Água Rasa
Água Rasa


Maremoto

 

Por algum motivo, Carter achou que Raina lhe esperaria na cafeteria. Era como sempre faziam quando ela vinha lhe encontrar no hospital por algum motivo. Mas, quando chegou lá, não, ela não estava. Perguntou para a atendente e ela sequer havia ido até ali. Devia ter pegado o documento e ido embora direto. OK, as coisas estavam mudando, era questão de se acostumar com tudo.


Bem, já que estava na cafeteria, pediu um café grande para acordar e um pãozinho com queijo. Quando recebeu tudo isso numa bandeja, ganhou um beijo surpresa no rosto.


— Bom dia! Vou pedir um café pra mim, pega uma mesa pra gente comer junto — Era Sky. Claro que era ela.


Carter pegou uma mesa para elas, perto das janelas de vidro. O dia estava lindo, ensolarado. Sky ainda estava esperando o pedido, então decidiu ligar as câmeras em Ella novamente. Só uma. Gostava de olhar para sua esposa.


Ela estava sentada na poltrona, montando mais um quebra-cabeça, dessa vez, um de 600 peças. Ella quase fez Carter comer o de 300 peças de tão ultrajada que ficou. Abriu o microfone.


— Linda?


Ella levou um susto, mas, imediatamente, olhou para a câmera certa e abriu um sorriso. Uma coisa sobre sua esposa é que ela havia sido modelo por um período na adolescência e sempre sabia olhar para uma câmera.


— Oi, esposa!

— Oi, meu amor. É... eu só estava te olhando um pouquinho. O dia está lindo hoje, peça para ir ao jardim. Está aquele sol do qual você gosta. Sky está aqui, vou falar sobre o tatame e venho de tarde trazer seu celular. Te deixei faz alguns minutos e já estou com saudades.

— Eu também, linda. E me sinto maluca falando com uma câmera.


Carter acabou rindo.


— Eu te amo. Por favor, seja boazinha hoje, está bem?


Ella riu, aquele sorriso lindo demais.


— OK! Prometo.


Conversaram mais um pouquinho e desligaram. Sky estava chegando na mesa.


— Pelo cabelo molhado, você dormiu aqui.


Carter abriu um sorriso. Estava sorrindo muito fácil aquele dia.


— Não consegui ir embora. A gente estava muito apegada.

— EU SEI! Boatos nos grupos do hospital de que alguém tentou checar Ella Schafer e a porta estava trancada. As cortinas fechadas.


Carter já estava rindo.


— Mas vocês sabem de tudo!

— É que somos um hospital, sabe? Tecnicamente, temos que observar nossos pacientes — Sky estava sorrindo sem parar também — Li também que a Ella está falando!

— Está. Falou para poder brigar comigo, mas falou e isso... — Olhos brilhando — Ela precisava de uma melhora assim, clara, inegável. Quando o exame deu certo, a terapeuta a liberou para comer algumas coisas líquidas. Eu trouxe o nosso lámen preferido e foi maravilhoso. Nem acredito que tivemos uma noite assim, Sky. E você pode exigir um pouco mais dela, tá? Ela está resistente.

— Mãos resistentes, você diz...?


Carter seguia sorrindo.


— Tudo bem mais resistente. Ela está melhor, sim, só estava sendo teimosa. Eu queria saber se tem tatames aqui.

— Tatames? Acho que temos na brinquedoteca, na área da maternidade. Por quê?

— Sou faixa marrom de jiu-jitsu, e a Ella é muito boa de solo. Pensei de a gente usar alguns movimentos de chão com ela, fortalecer os músculos das pernas, mas no chão.


Explicou um pouco do seu plano e Sky adorou.


— Pode deixar, vou levar alguns tatames para o espaço da fisio. Carter, você e a Raina...?

— Ela meio que não falou comigo hoje. Falou como advogada, não como mãe do meu filho. Mas não posso exigir nada também. Ela me encontrou dormindo aqui.

— A situação inteira é muito delicada e sei que a Raina não é de demonstrar nada, mas está difícil para ela. Ela gosta mesmo de você, acho que nem ela sabia disso. Bem, em nível de curiosidade: você e a Ella se pegaram mesmo?

— Garota!

— Como sua amiga, me responde, vai! — Sky estava sorrindo demais.

— Somos casadas, a gente não se pega. E, sim, eu estava morrendo de saudades dela. Cinco anos sem encostar na mulher da minha vida, Sky.

— Mas você não estava com aqueles problemas...?

— Aham. E tudo sumiu assim que ela encostou em mim — O nível de controle que Ella tinha do seu corpo era algo que assustava Carter. Saber que o controle seguia ali na noite passada a pegou de surpresa, mas nem tanto.

— Agora, pergunta médica: tudo em ordem com ela, nesse sentido?

— Tudo... normal. Era a minha Ella, como sempre.

— Carter, ela é impressionante mesmo. Os hormônios dela estavam todos fora do lugar e, aparentemente, agora tudo só está se ajustando. OK, então vou sugerir novos exames, pedir uma nova bioimpedância, checar composição muscular, gordura, água no corpo, tudo isso. Exames hormonais, hemograma completo e...


Foram interrompidas. Alguém colocou um lindo cupcake na frente de Sky.


— Bom dia! Estavam fresquinhos na padaria da esquina e lembrei que você gosta. Oi, Carter! — Grace correu e se abraçou em Carter — Tão cedo aqui.

— Fiquei aqui essa noite — Respondeu, fazendo um carinho na cunhada.

— Mesmo?

— Sim, por um motivo ótimo: sua irmã está falando fluentemente.


Os olhos dela ficaram enormes. Eram claros, idênticos aos de Ella.


— Você diz...?

— Formando frases, reclamando em flow, você tem que ver!


E nisso, ela nem falou mais nada. Simplesmente saiu correndo para o quarto, fazendo Carter rir demais.


— Tá bom, por que você ganhou um cupcake e eu não?


Sky riu.


— Carter, eu posso estar meio maluca, mas acho que essa Ella versão Polly Pocket está dando em cima de mim.


Carter riu.


— A Grace...?

— Aham. Ela está me cercando, sendo gentil, trazendo essas coisinhas que me fazem feliz, tipo esse cupcake de leite com morango que eu amo. Ela fica com mulheres?

— A Grace...? Não sei. Acho que nunca vi minha cunhadinha ficando com ninguém.

— Ela é tipo uma mini Ella Schafer. É a mesma carinha linda, mas ela é um bebê, né?

— Como assim? Claro que não! Ela já é maior de idade.

— Tem dezoito.

— Sim, e você tem vinte e dois...?

— VOCÊ ME POUPA QUE TENHO VINTE E SEIS! Como eu ia ter vinte e dois e ser especialista, garota?!


Carter estava rindo igual a uma idiota.


— Desculpa, é que eu nunca pensei sobre a sua idade, só sabia que você é mais nova do que eu. São só oito anos, e a Grace é solteira, é uma cópia da minha esposa e muito mais dócil. Não sei do que você está reclamando.

— Ela... tá na faculdade ainda.

— Ainda bem, não é? Vai se formar em Medicina.

— Quando eu estiver com trinta anos.

— Mas você deixa de ser chata, que uma esposa médica em qualquer idade é um ganho!

— Carter, para! — Sky estava rindo — Eu não vou sair com uma adolescente.

— Ela é muito adulta, tá? E eu sei que você quer pegar a Raina, mas...

— Eu não quero pegar a Raina!

— Aham, e eu sou uma porta — Carter seguia rindo — Você quer as minhas mulheres.

— Você tem muito bom gosto, a culpa não é minha.


Terminaram aquele café. Carter correu para os seus compromissos, e Sky foi ver sua paciente preferida, que estava aos risos com a irmã mais nova.


Hum... ela era uma cópia mesmo. Bem bonitinha a futura médica. Muito bonitinha, bem lindinha, se vestia bem, era uma bonequinha! Mas tudo no diminutivo, e Sky era uma mulher madura.


Queria dar uns beijinhos em Raina assim que ela deixasse de estar tão triste. E Ella Schafer era mesmo a mulher mais interessante de qualquer sala.


Ela pediu algo para Grace, que imediatamente saiu para buscar, deixando as duas sozinhas.


— Posso reclamar longamente agora — Ela informou assim que viu Sky.

— Meu Deus, quatro palavras longas e você nem ficou cansada! OK, você não sabia disso?


Ella estava sorrindo demais.


— Não. Eu fiquei sem falar.

— Mas nem sozinha você estava falando...?

— Não. Eu... irritada comigo.


Sky a olhou, sorriu.


— Como assim? Estava irritada com você também?

— Pulei do barco. Bebi. Fiquei teimosa. Sky, é... — Respirou fundo, como que se recuperando de todas as palavras — Acha que posso falar disso...?

— Com a sua psicóloga? Claro que pode. Ela está lá para ouvir tudo o que você quiser partilhar, Ella — Estava dando uma olhadinha no seu material.

— Sky?

— Oi...

— Você também é minha amiga, não é?


Sky deu outra olhadinha para ela.


— Sim, claro que sim. Sei que você só me conhece há um mês, somente, mas estou com você há mais de um ano.


Ella a estudou com os olhos.


— Você conhece a Raina?


E assim, Sky deixou um halter cair no próprio pé.


Está certo, era um halter de meio quilo, mas pegou em cheio em seu pé. E Ella riu.


— Mas o que foi...?

— Você me distraiu! — Sentou-se na poltrona, soltando o tênis — E sim, eu conheço a Raina. Ela trabalha com a Carter.

— Sabe o sobrenome? Acho que a contratei.


Ella fazia isso, buscava informações a fim de fortalecer sua memória. Devia ser só isso.


— Acho que é... Martin?

— Marin! — Ella lembrou claramente, só precisava de uma pista para achar a informação mentalmente — Raina Marin. Podemos ir lá fora? — Mudou suavemente de assunto, como se aquela informação não fosse importante.

— Quer fazer os exercícios no jardim? O dia está bem bonito mesmo!


Naquela manhã, Ella fez sua fisioterapia no jardim. Era bem agradável, não estava tão frio, e ela estava de bom humor. No retorno para dentro, Sky a levou para a brinquedoteca, para que ela ficasse no tatame enquanto terminava a última sessão de alongamentos.


— Eu... me vi ontem — Contou para Sky.


Sorriso de Sky. Estava alongando Ella cuidadosamente.


— E como foi olhar na sua carinha linda de novo?


Sorriso de Ella.


— Ainda pareço comigo. Mas ainda não acredito que isso aconteceu.

— Você parece bem incomodada com isso hoje.

— Cinco anos. Na minha cabeça — fez uma pausa. Sky estava alongando sua coxa até o limite, mas conseguiu suportar. Ela soltou em seguida — ainda não tive lua de mel. Tenho 27 anos. Mas a Carter mudou.

— Mudou com você...?

— Não — Ela foi para sua outra coxa, fez o mesmo alongamento, empurrando até o limite — Mas... mudou porque o tempo passou. Ela esteve com outras pessoas.

— Ella...

— Cinco anos. Não é uma pergunta. Eu sei.


Sky a ajustou em outro alongamento, pernas de um lado, braços do outro.


— Bem, sobre isso, não sei muito o que dizer, Ella. Mas isso está te incomodando ou...?

— Está me incomodando que... a minha mulher esteja... escondendo coisas de mim — Ela estava falando fluentemente, mas fazia pausas para respirar ainda.

— Ella, você acordou depois de cinco anos. Nem internet querem que você tenha, porque pode ser danoso. Claro que algumas coisas ela não está te contando, mas não é por ela, é por orientação médica. Mas, sério, disso posso falar: eu nunca vi ninguém tão dedicado a alguém como ela é com você. Carter estava aqui todo dia, falando com você, ficando com você. Eu nunca vi um relacionamento assim, e só agora que você está acordada é que consegui entender. Vocês duas são assim mesmo, se gostam muito, são viciadas uma na outra. Eu queria viver uma coisa assim. Sei que, tecnicamente, são recém-casadas, que o namoro durou muito pouco, mas a entrega da Carter nesse tempo todo é impressionante. Esse amor é químico, físico, mental. Ela ficou com você ontem e hoje você está revigorada.


Sorriso de Ella.


— Somos tóxicas assim uma com a outra. Ela... ter ficado com outras não vai — Sky a mudou, mesmo exercício, mas para o outro lado — mudar nada.

— Não? Quero dizer, caso seja verdade.

— Não vai. Minha mulher é linda, saudável, gosta de sexo, ainda bem. Só não quero mentiras.


No final daquela sessão, Sky deixou Ella de volta com Grace e ligou para Carter. Já era meio-dia e ela estava chegando de volta ao hospital, já toda trocada: jeans clássico, bem azul, camiseta branca por dentro, casaco longo e preto por cima, cabelos soltos, extremamente bonita. Ella tinha razão. Que esposa gostosa tinha! Há pessoas que têm tanto e outras com tão pouco, OK! Contou rapidinho para ela sobre a conversa de mais cedo.


— E você disse alguma coisa?

— Não, mas não é ótimo que ela esteja pensando assim?

— Sky, isso é uma armadilha! Ela está te seduzindo, garota!

— Ela... está?

— Claro que sim! Te seduzindo para conseguir informações de você. Ella é extremamente ciumenta, eu já te disse isso. Ela viu a Raina hoje de manhã e... ela sabe!

— Como ela saberia, criatura...?!

— Sexto sentido, intuição, instinto selvagem, não sei. Ela só sabe de tudo de alguma maneira! — Respirou fundo — Preciso falar com as psicólogas, preciso conversar com a Ella logo e você fica atenta. Ela sabe que você é a fim dela e que deve ser um alvo fácil.

— Eu não sou um alvo fácil! Espera, ela sabe que sou a fim dela...? — Acabou sorrindo.

— Sky, por favor, não é? É por isso que você é um alvo tão fácil!

— Eu não sou, não!

— Garota, você acreditou na conversa dela.

— É que pareceu tão verossímil.

— E foi assim que muitos homens de negócios já entregaram seus dinheiros para Ella Schafer. E muitas garotas entregaram as calcinhas.

— Muitas...?

— O quê? Ela tinha um papo: “estou me descobrindo agora, mas estou extremamente atraída por você”. E assim ela dormiu com umas dez! Ah, e era noiva.

— Como...? — Sky quis rir.

— É com essa mulher perigosa que você está lidando. E não, a noiva não era eu, era um pobre coitado. Olha, eu preciso ir ver essa criatura ardilosa com quem me casei.

Foi ver e ninguém ACREDITARIA mesmo que ela era perigosa. Estava terminando o quebra-cabeça, banho tomado, roupinha de hospital outra vez, os cabelos trançados, os olhos super claros, o sorriso mais lindo e estava com Grace. Elas estavam montando juntas.

— Oi, linda — Ella lhe sorriu imediatamente.

— Oi, esposa — Carter a beijou, a cheirou um pouquinho, porque só era muito bom aquele combo de sua voz preferida + seu cheirinho preferido no mundo — Vim almoçar com você.

— Hum, eu preciso almoçar também! Tenho aula até umas dez da noite hoje — Grace deixou um beijo em Carter e outro em Ella — Eu te amo. Seja boazinha com os meus futuros colegas médicos, hein?


Ella riu.


— Pode deixar! Não esquece de me mostrar a faculdade.

— Não esqueço! Volto amanhã de manhã de novo. Te amo, te amo! — E encheu a irmã de beijos antes de ir embora.

— Ela está muito diferente, Carter.

— Ela está, mudou muito nesse tempo todo. Hum, olha o seu almoço chegando!


E o almoço de Ella parecia um sonho. Sim, era uma sopinha, mais um creme do que uma sopa, e tinha até sobremesa!


— Gelatina, porque você não se engasgou com ela mais cedo. E tem maçãzinha raspada, está vendo?

— É comida de bebê — Ella acabou sorrindo.

— É comidinha de bebê.

— O que você trouxe pra você?

— Uma salada com frango, vou te mostrar.


Almoçaram juntas e, apesar de Carter ainda ter caído na sedução de Ella pedindo comida na boca, a fez tentar comer sozinha também. Ainda estava muito trêmula e com dificuldades de segurar objetos pequenos por muito tempo, mas conseguiu comer a maçã sozinha. E segurou o copinho de suco também.


— Aqui, trouxe o seu celular, mas ainda sem internet.

— Mas, por quê?

— Faz parte da sua recuperação. Mas, tudo está aqui — Tirou o celular dela da bolsa.

— Esse ainda é bom?

— É bom, sim, mas depois podemos comprar outro.

— A minha galeria...?

— Está como você deixou. As nossas fotos estão todas aí, da lua de mel, do Coachella, como você deixou. Linda, a gente tem mesmo que conversar. Você sabe disso, não sabe?

— Sei. Agora?

— A sua psicóloga tem que autorizar primeiro, mas vai ser em breve.


Ela claramente lhe analisou com os olhos. Então, a puxou pela camiseta e beijou a sua boca, aham, com língua, uma delícia! Como Carter era viciada na boca dela.


— Você foi gostosa trabalhar assim?

— Você prefere qual versão? A de minissaia ou...?

— As duas cabem na minha dieta! A gostosa de minissaia e a gostosa tomboy que me deixa... maluca — A boca veio direto para o seu pescoço e Carter NEM SABIA.

— Ella, a gente não deve se beijar de língua aqui dentro.

— Por isso tenho que sair — Ela explicou sorrindo, com toda certeza marcando seu pescoço.

— Para comer um macarrãozinho tudo dói, pra comer o meu pescoço...

— O prazer supera a dor, descobrimos isso quando a gente...


Carter riu, beijando aquela boca porque sabia exatamente quando e COMO haviam descoberto sobre isso.


— Carter, quero ir pra casa.

— A gente vai, meu amor, vai ser logo, você vai ver — Aquela boca seguia no seu pescoço, aquela mão agarrada na sua roupa e Carter só... — Baby... — Saiu a voz mais fina do mundo porque ela estava lambendo o seu pescoço, sugando, chupando.

— Não tem câmera no banheiro.


Não tinha câmeras no banheiro. Carter apenas tirou Ella da cama e a pegou no colo com zero dificuldades, a levou para o banheiro, a fazendo rir muito!


— Linda!

— Está tão leve ainda, como pode? — Carter fechou a porta do banheiro e a colocou sobre o balcão da pia, se colocando entre as pernas dela imediatamente, as bocas se atraindo irremediavelmente, o beijo quente, denso, intenso, e aham, Carter sabia que devia estar sendo levemente manipulada, mas não conseguia resistir.

— Me toca, hum? Me toca aqui — Ella desceu a mão dela para onde queria.

— Mas, amor, e se isso te fizer mal?


Ela riu.


— Não tem feito quando faço comigo mesma.

— Você...?

— Faz uma semana que não consigo parar, preciso de você.


Carter já não estava mais pensando. A mão ficou onde a esposa queria, tocando-a por baixo da camisolinha de hospital, mas por cima da calcinha, encontrando como e o quanto ela estava excitada. Ela estava toda disparada e só manteve os seus dedos ali, a tocando, a estimulando, enquanto beijava aquela boca, enquanto a sentia se agarrando pelo seu corpo, o coração das duas mais do que disparado e nos dedos da sua mulher, Ella gozou em dois minutos. Aham, andava fazendo consigo mesma desde quando conseguiu um pouco mais de domínio de suas mãos, mas fazer com a sua mulher só era algo de outro mundo. Não, nada era sequer parecido. Ella já tinha transado com um número significativo de pessoas até ir parar na cama de Carter e foi como se nunca tivesse feito nada, porque o jeito que ela lhe fez sentir era super sensorial. Sentia tudo muito mais com ela. Todos os seus sentidos mais do que apurados. O toque era elétrico, magnético. Existiam mesmo reações físicas incomuns entre elas duas. Elas se tocavam e era terremoto de magnitude 9,5. Era maremoto de gerar tsunamis, alto impacto e erosões. Nada se comparava a elas duas e, se a questão era que Ella estava mesmo desconfiada de outras mulheres, isso nem de longe significava que ela não estaria pronta para brigar pela sua mulher se fosse necessário.


Estava pronta. E estaria mais forte em breve.


Gozou agarrada nela, seu corpo inteiro reagindo, disparado, mandando informações e então abriu a camisolinha que usava, expondo seu corpo e tocou sua esposa entre as coxas, por cima do jeans.


— Ella... — E saiu todo gemido, porque estava toda disparada já, e Ella só... abriu aquela roupinha. Carter enfiou a boca naquela garganta, baixando beijos, chupões enquanto Ella se inclinava para trás, sorrindo, a tocando, estimulando como podia. Baixou os beijos, chegando naqueles seios que simplesmente AMAVA.

— Sentiu mesmo a minha falta?

— Feito louca, Ella. Mas eu não sei se você pode...

— Eu posso.


Carter já estava altamente excitada quando terminou de estimulá-la, e ver o corpo de sua mulher assim, vivo, excitado, cheio de tesão outra vez... Gozou com a boca cravada entre os seios dela, com o corpo dela todo grudado contra o seu, se forçando contra o toque dela, quando Ella não conseguiu mais. E não fazia a menor diferença. Na primeira vez delas, Carter gozou sem sequer ser tocada, estava mentalmente atraída por aquela mulher, magneticamente seduzida por ela. Sabia já naquele momento que algo diferente estava acontecendo, que seu cérebro estava diferente, que seu corpo estava diferente, então só gozou com ela de novo, precisando de pouco toque e enquanto ainda estava tremulando e gemendo, alguém bateu na porta, a fazendo quase escorregar no chão tamanho susto.


— Senhorita Ella? Precisa de alguma ajuda?


E com a voz mais limpa e tranquila do mundo, ela respondeu:


— Sim, minha esposa vai me auxiliar no banho.

— Ah, sim! Irei recolher o almoço.

— Eu agradeço.

— Mas, você é uma cara de pau…! — Carter estava toda errada, trêmula e nervosa.

— Não haja como se não... soubesse. Gostosa, me coloca no banho, hum...?


Colocava. Deu banho nela e agora, as mãos de Ella estavam tremendo sem parar, o que a fez rir igual uma idiota enquanto Carter ficava apenas preocupada.


— A gente não pode ficar fazendo essas coisas!

— Eu dormi cinco anos, a gente pode sim.


Não era algo para se criar uma discussão. OK, a tirou do banho, a ajudou a se trocar e quando estava quase indo embora...


— Carter?

— Oi…

— Você não está dizendo, mas eu sei.


Carter cruzou os olhos dela.


— Você vai saber quando eu contar pra você.


E Ella Schafer apenas sorriu. E Carter dirigiu para o escritório sem saber direito nem como estava o mundo.


Chegou ainda tremendo inteira, e Sahara a seguiu imediatamente.


— Carter, o que ela disse?

— O que ela disse...?

— Sim! Sobre essa situação do conselho estar querendo tomar controle de parte dos nossos labels.


Carter parou.


— Eu... esqueci.

— Como assim esqueceu, garota?! Você saiu daqui para ver isso! Ia almoçar com a Ella e discutir os termos desse contrato, pegar a orientação dela.


Carter piscou repetidamente.


— É que... ela me distraiu.

— Carter, isso é um chupão no seu pescoço? Eu não acredito que vocês estão transando no hospital!

— É claro que não! A gente não está. Como assim…?

— Vocês transavam aqui dentro!

— A gente... não! Isso só aconteceu uma vez, porque estávamos com muita saudade, havíamos ficado separadas o maior tempo.

— Quatro dias — Sahara cruzou os braços.

— Sim, maior tempo! É... você quer voltar lá? Ainda temos uma hora.


Não era como se Sahara tivesse opções. Pegou o documento e foi até o hospital. Se identificou na recepção, explicou que era uma urgência e permitiram que tivesse meia hora com Ella Schafer. A encontrou quando ela estava voltando de alguns exames.


— Achei que tinha... me esquecido aqui! — Ela disse, sorrindo.

— Meu Deus, você está falando mesmo, com a sua voz.


Isso emocionou Sahara também, porém, negócios! Contou o que tinha ido fazer ali e isso deixou Ella muito feliz. Ela queria a sua opinião profissional e foi bom pensar assim novamente, bom se sentir útil, traçar um plano de defesa para uma reunião. Quando Sahara já estava guardando suas coisas...


— Então, você ainda não se descobriu...?


Sorriso de Sahara.


— Eu meio que gosto de alguém, mas não tem nada ainda.

— E por que não tem?

— Ela... meio que gosta de alguém.

— E é alguém do trabalho?

— É... sim. Hum, eu preciso ir, Ella.

— A Carter saiu com alguém do trabalho?

— Se a... Não! Quero dizer, acho que não, é... a gente não fala dessas coisas e...

— Você é péssima mentirosa — Ella sorriu, tranquila.

— Mas, Ella, é que tem um monte de coisas que não deixam a gente falar com você e...

— Eu sei. Escuta, tudo bem, vai para a... reunião. Estou bem, de verdade.


Sahara a olhou meio em dúvida. Então, deixou um beijo no rosto de sua amiga e partiu. Estava tudo bem mesmo, Ella já tinha a informação que queria dela, não era um problema. E também, não foi um problema quando sua esposa apareceu de noite, toda de legging e rash guard para elas rolarem um pouco. Trouxe para Ella também, algumas leggings, camisetas, a ajudou a se trocar e quando começaram a rolar pelo tatame, Sky só...


— Meninas, isso é alguma desculpa para vocês se pegarem ou...?

— É um exercício sério! — Carter estava entre as pernas dela e, Ella tinha conseguido fechar um cadeado, ao menos por alguns segundos — Meu amor, isso foi ótimo!

— Mas eu cansei já — Disse, meio decepcionada.

— Não tem problema, vamos mudar de posição e você faz de novo daqui a pouco.


Elas seguiram rolando, se agarrando em posições diferentes e ainda que estivesse rolando muita pegação, Sky pôde notar algumas coisas que suas sessões não permitiam. Se abaixou perto delas, Ella estava no cadeado de Carter.


— Mantém ela assim, eu quero ver uma coisa.

— Assim?

— Assim. Isso dói? — Perguntou para Ella, sobre a pressão nos seus quadris.

— Não, eu estou acostumada.

— OK! E acha que dessa posição, você consegue se ajoelhar?


Daquela posição, conseguia se ajoelhar e isso era muito, mas muita coisa mesmo! Terminaram jantando juntas, bem felizes pelos resultados.


— Muito obrigada pela sua ajuda, mas eu já aprendi tudo e consigo fazer eu mesma com a minha paciente — Sky disse, piscando para Ella, que acabou rindo enquanto Carter...

— Você não tem medo de morrer assassinada e todo mundo achar que foi um acidente? Porque eu faria parecer que foi um acidente.


Sky nem duvidava. Ella não deixou sua esposa ir pra casa de novo; elas ficaram juntinhas novamente, uma noite gostosa, apegada, e, pela manhã, Carter teve que sair correndo outra vez. Outra reunião, uma para a qual agora estava mais preparada para se defender, porque havia discutido isso com Ella Schafer.


E naquela manhã, foi a mãe quem apareceu para acompanhar sua fisioterapia.


— Mas, mãe, seriam dois minutos — Reclamou. Queria o celular da mãe, mas ela havia negado sem nem pensar no assunto.

— Não, nem dois minutos. Sua terapeuta disse ser muito perigoso. O que você quer tanto ver na internet?

— Eu... só queria ver a Bolsa de Valores, a cotação da nossa empresa.


Sua mãe abriu a bolsa de valores e lhe mostrou, com o celular nas mãos. E não era exatamente isso que Ella queria ver, porém...


— Por que nosso valor de mercado está tão baixo?


Talvez aquela fosse uma informação que Ella não deveria ter visto.


Carter estava no meio de uma reunião quando começou a receber vibrações de uma das câmeras do quarto. Ella sabia que tinha sensores nelas que faziam o celular de Carter disparar alertas — sons, movimentos repetitivos — e a câmera que ficava perto da cama era mais sensível. Não conseguia gritar nem falar por muito tempo sem se cansar, mas conseguia fazer seu sensor de batimentos apitar ao usá-lo inadequadamente.


Maremoto de notificações. E sua esposa, querendo saber por que as ações estavam tão baixas. Sua tortura da noite foi essa. Ella parecia ter abandonado completamente a ideia de estar sendo traída e focou apenas na perda de valor de mercado de sua empresa.


— Você ainda será a CEO quando voltar. Mas é quando você voltar. Agora, quem está resolvendo isso sou eu e a Sahara. Você só tem que focar em você.


Se acalmou, mas somente momentaneamente. No dia seguinte, Grace veio ficar com ela pela manhã.


— Me dá seu celular — Grace mal havia entrado e recebido um bom dia.

— O meu...?

— O seu celular, Grace, vamos! Estão me tratando... como criança.


Grace se sentou pertinho dela.


— A mamãe tirou de mim antes de eu sair de casa.

— Ela tirou seu celular...?

— Porque disse que você ia pedir e eu ia entregar. É... eu ia mesmo, provável.


Pois bem, elas começaram a vir sem celular para o quarto. Até Carter. Ordens médicas, terapêuticas, o escambau! Só queriam manter Ella a todo custo longe de um celular. Também começaram a ficar espertas sobre suas perguntas, o que só a deixava com mais e mais certeza de que, sim, tinha mesmo alguma coisa acontecendo. E que não era algo simples, tipo Carter saindo com alguém. Era algo bem mais grave.


Mas, para atacar, precisava de uma única mínima confirmação. Não tinha nada, só o nome de Raina na cabeça e seu sexto sentido dizendo que tudo estava nela.


Esperou uma semana inteira desde que pegou o celular da mãe. Elas relaxaram, Carter voltou a entrar com celular no quarto, mas não a deixava usar sem supervisão. E também estava bem esquisita.


Uma noite, Ella acordou com a esposa vomitando o que não tinha no estômago no banheiro. E, depois disso, ela chorou como uma criança.


Tudo bem, conseguiu acalmá-la e fazê-la dormir de novo. No dia seguinte, Ella teve uma festinha com a equipe do hospital porque, no dia anterior, havia conseguido dar um passinho. Um só, mas estavam todos muito eufóricos com isso!


— Isso deveria levar meses, Ella! — Sky explicava. Agora elas haviam ficado sozinhas de novo, e Ella estava se deliciando com um brigadeiro. Sua sogra havia mandado uma caixa de brigadeiros e doces brasileiros do Rio de Janeiro e, naquele dia,  havia sido autorizada a comer um doce.

— Você diz sobre eu andar?

— Você ficar de pé! Eu não esperava isso no seu primeiro mês, esperava no terceiro. Carter havia dito que você não era muito esportista.

— Não era, mas estava bem quando aconteceu o acidente. Meu melhor corpo, muito definida. Hum, você tem Instagram?

— Sim, claro que sim.

— Posso te mostrar como eu estava?


E, sem pensar duas vezes, Sky colocou o celular na mão dela, destravado, Instagram aberto.


— Mas eu te sigo.

— Ah, você me segue? — Abriu a barra de pesquisa. “Raina Marin”.

— Sigo! Já vi todas as fotos.

— Então, posso ver a minha conta? Um minutinho, prometo. Eu... viciada em Instagram — Admitiu com um sorriso absolutamente adorável. Já tinha encontrado o @ e entrado na conta.


Sky deu uma olhadinha para trás.


— Lembrei que não posso te emprestar o celular.

— Só quero ver a minha conta — Abriu outro sorriso lindo, olhando para ela — Pode ser o nosso segredo.


Sky se derreteu. Podia ser o segredo delas. Deve ter ficado com olhos de emoji e tudo.


— Um minuto, Ella, antes que alguém veja.


Em um minuto, Ella encontrou o que precisava. Uma foto explícita, de um casal de mãos dadas, algum beijo, algo assim? Não, não tinha registros de Carter naquela conta, com toda certeza. Mas havia o registro de um jantar no Dia dos Namorados, uma mesa elegante, romântica, uma foto tirada pela acompanhante. Raina, linda, de preto. Alguém segurando a mão dela por cima da mesa. Sua acompanhante, claro. A mesma que havia tirado aquela foto.


E Ella Schafer conhecia aquela mão como ninguém. Era a mão direita. E ela estava sem a aliança.


Canalha! Cachorra! Sério isso?!


Mas nada se mostrou em seu rosto.


— Sky, pode me dar um pouco de água?

— Ah, claro que sim! — Sky virou de costas, indo até a copa improvisada do quarto pegar água de uma jarra.


E, nesses trinta segundos, Ella tirou uma foto daquela tela com seu celular, saiu da conta de Raina, apagou a pesquisa, pesquisou o seu @, abriu a sua conta.


— Aqui — Sky lhe entregou o copo e, despretensiosamente, Ella deixou o celular dela sobre a cama, aberto na sua página.

— Ella, você viu que ganhou seguidores?

— Sim! As pessoas são estranhas ou só estavam esperando pela minha morte.

— Ou a sua recuperação. Podemos fazer um vídeo pra você postar qualquer dia.


Carter veio naquela noite. Ella não havia mudado nada. Mas permitiu que ela fosse dormir em casa, porque queria falar com Grace logo de manhã.


— Não preciso mais do seu celular — Empurrou a foto que havia tirado para ela — O que a canalha da Carter está fazendo com essa Raina, Grace?


Grace ficou estática, sem palavras. Abriu a boca, mas não disse nada. Olhou a foto que ela estava mostrando.


— Mas...

— Essa é a mão da Carter, não tenta me enrolar! A mão dela! Esse... um jantar romântico. Dia dos Namorados — Bebeu um longo gole de água, sua garganta estava seca, seu coração, furioso — Deste ano. Me fala agora!


E Grace Schafer apenas...


— Elas estavam namorando. Faz dois anos, mas só ficou sério no último ano. E a Carter... Ella, você não pode surtar.

— Eu vou surtar, mas não comigo. Conta de uma vez!


E, sim, Grace sabia que não devia falar mais nada. Mas estava sendo apertada pela irmã já fazia uma semana e meia. Seu cérebro falhou.


— Carter está grávida, Ella.


E os olhos azuis de Ella Schafer foram apenas escurecendo.


Terremoto. Maremoto. Magnitude dez. Com geração de tsunamis, ondas violentas, erupções vulcânicas, tempestades de raios e abalos sísmicos de todas as proporções.


Seu iPad somente voou em direção à câmera de cima da cama.


 

Notas da Autora sobre Água Rasa: Tessa Reis


Olá, todo mundo! Como estamos?


E o momento chegou: nosso clímax dessa primeira fase da história. Ella descobriu finalmente os motivos de Carter estar diferente, preocupada... E não era para menos. Uma corrente é tão forte quanto seu elo mais fraco, e Carter já tinha dito no capítulo anterior que Sky era um alvo fácil. Meio que tudo se consolidou como verdade neste capítulo. hahaha.


Como vocês acham que Ella vai reagir agora que sabe toda a verdade?


No próximo capítulo, Magnitude, vamos descobrir o quanto de fúria pode caber em uma mulher tão pequena como Ella Schafer! Vamos todos pedir pela saúde da Carter. 🙏🏼


Voltamos dia 27/2!


Grande beijo!

Tessa.


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13 Comments


Kkkkkkk a Ella é mt f#don@, foi comendo pelas beiradas e descobriu tudo o que ela queria. Aiai a Carter tá muito lascada pois a sua esposa tá furiosa

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Sky, a Carter te avisou e vc mesmo assim caiu na armadilha da Ella como vc e ingênua kkkk, nao quero estar na pele da Carter quando for aquele hospital e ver sua esposinha com fogo nos olhos, orando pela saude da Carter

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Tessa Reis
Tessa Reis
Feb 25
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Me diz se ela teria XP para administrar uma Ella Schafer na vida dela, a Carter cantou a bola desde o começo e a pobre ainda caiu no charme da Ella e entregou TUDO o que ela pediu. Se a Ella pedir a casa da Sky de papel passado, a pobre dá hahaha

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Silvia
Silvia
Feb 23

Esse, com certeza, será mais um delicioso romance!

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Tessa Reis
Tessa Reis
Feb 25
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estamos com o pé no acelerador com essas duas 🤧💘

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Roberta
Roberta
Feb 23

Imaginei a cena da Ella jogando a aliança longe, na força do ódio, e depois mobilizando toda a equipe do hospital para procurá-la desesperadamente, para colocar de volta no dedo correndo.

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Tessa Reis
Tessa Reis
Feb 25
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Beta, eu acabei de anotar essa cena porque eu amei e teremos ela em breve hahaha nada mais Ella Schafer do que isso, meu pai

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Me quebrou o 🙏🏼 KKKKKK

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Tessa Reis
Tessa Reis
Feb 25
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eu senti a NECESSIDADE de pedir orações pela nossa querida Carter, uma protagonista tão boa que está em perigo hahaha

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