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Extra 3. Skips, Drops: 400 avaliações alcançadas!


Gianni e Brooklyn
Capa de Skips, Drops





Extra 4: Like a Ed Sheeran Song, But Haunted

 

Fashion Institute of Technology, Nova York


Brooklyn Romeo estava correndo atrasada pelo FIT, de Nova York, uma das melhores universidades de moda do mundo. Havia levado um tempo para conseguir entrar, era um instituto muito rigoroso em sua seleção, então Brooklyn tinha sido aprovada apenas em sua segunda tentativa e, assim, estava fechando seu primeiro ano na sua nova graduação. Checou o relógio; tinha acabado de sair de um dos seus ensaios de ballet, vestindo calça de moletom preta, collant, camiseta curta, um dos ombros descobertos e uma jaqueta de Gianni por cima. Era oficial, estavam casadas há três anos e Brooklyn nunca mais havia comprado um casaco ou jaqueta para si mesma. Amava usar peças de sua esposa, amava passar o dia sentindo o cheirinho dela de alguma maneira.


Checou o celular, os cabelos presos num coque baixo. Atrasada, atrasada, absurdamente atrasada! Mas ok, chegou em tempo. Entrou em sua sala de aula e, em apenas cinco minutos, estava fazendo uma apresentação. Tudo certo, tudo em ordem. Com toda certeza, mais uma nota alta para sua coleção. Quando estava caminhando para comer alguma coisa no intervalo...


— Ok, como você faz isso? — De repente, uma de suas colegas de turma perguntou.

— Como eu faço...?

— Apresentar do jeito que você apresenta! Sem nenhum nervosismo, como... você só segue falando de qualquer assunto de improviso, porque sei que você trabalhou na sua apresentação, mas as suas falas parecem vindas totalmente... DO SEU CORAÇÃO!


E Brooklyn já estava rindo demais.


— É... coisa de brasileiro. Estudei aqui a vida inteira, porém, quando tinha férias, ia para o Brasil e frequentava alguma escola de lá por três meses. Meu pai dizia ser importante para eu não perder contato com minha origem e, escolas brasileiras são mais difíceis.

— Mesmo?

— Mesmo. O nosso sistema de ensino é muito rigoroso e faz os alunos se desenvolverem em várias direções. Apresentações em grupo são algo comum, e é basicamente você indo lá na frente e dissertando sobre um assunto. Isso não acontece aqui, o que faz com que uma estudante que nem é tão aplicada consiga vaga em ótimas universidades. A minha esposa é um exemplo desses. Ela é brilhante, mas nunca foi aplicada, e mesmo com pouca aplicação, tinha ótimas notas.

— Você é casada mesmo...

— Casada, de verdade — Mostrou a aliança orgulhosamente, com um sorriso muito aberto, olhos brilhando só de falar em sua Nini. Como a amava, anf!

— Casada aos 25 anos, isso não é nada comum.

— É ela, a pessoa certa, eu sempre soube — Explicou sorrindo — Temos uma história muito longa. Moramos na mesma rua, sempre frequentamos as mesmas escolas, inclusive no Brasil.

— Ela também tinha aulas extras para frequentar nas férias.

— Tinha, e isso acabou fazendo bastante diferença na nossa vida aqui nos Estados Unidos.

— Você sabe que o viral de vocês duas voltou a circular pela faculdade de novo?


Brooklyn sorriu. Tinha acontecido isso. O primeiro ano de casamento não havia sido tão tranquilo como o esperado. Brooklyn tinha certeza de que estava bem depois daquele susto enorme durante a cerimônia, então levou uma vida normal, regrada, mas normal. Fizeram a viagem de lua de mel, foram à première do filme de Ace, tudo tranquilo, cuidadosas, parecia suficiente. Mas quando voltaram, Brooklyn estava... diferente. Sua energia estava baixa de novo e ela se sentia cansada com regularidade. E assim, descobriram uma lesão no coração.


Não era necessariamente grave, mas teve que fazer uma segunda cirurgia reparadora e os próximos meses se passaram com Brooklyn focada em fortalecer o seu corpo e o seu coração. Sua cirurgia havia sido em maio, e em outubro, ainda estava em fisioterapia, porém, havia sido liberada para dançar. Seu coração estava forte de novo, finalmente funcionando como deveria, e a médica havia dito que Brooklyn poderia até dançar em alto nível de novo dali a um tempo. Estava tão feliz de ter ouvido isso que, quando sua esposinha chegou do trabalho, saltou no pescoço dela e a tirou para dançar.


Contou tudo o que havia acontecido, enquanto “Perfect” tocava na Alexa da sala e, de alguma maneira, elas só começaram a fazer a coreografia de Cinderela, o filme, que era algo que faziam apenas para se divertir. Se tornou uma coisa delas; assistiam filmes com cenas de dança e Gianni se desafiava a aprender, e ela aprendia. Então, a cena do viral era essa: estava dançando com sua esposinha quase meia-noite, como costumavam fazer, e alguém do apartamento da frente gravou, colocou “Perfect” de fundo e a seguinte legenda: o amor existe.


E desse jeito, elas se tornaram virais na internet, conhecidas como “o casal música de Ed Sheeran”. Brooklyn até concordava que podiam ser como uma música de Ed Sheeran, desde que tal música fosse meio assombrada e tudo mais. Porque, assim, eram meio assombradas, era o core daquela relação. Seguiam amando o Halloween e assistiam a diversos filmes duvidosos juntas, os clássicos do terror, filmes feitos em décadas como as de cinquenta, sessenta, era algo que AMAVAM fazer juntas também.


— Ainda bem que é um viral de algo bom. Eu já tive um viral idiota antes — Comentou, lembrando-se da pegadinha de classe mundial que havia feito com um ator. Ele cavalgava como O Cavaleiro Sem Cabeça, e ela havia gravado tudo. O vídeo viralizou na internet, o que lhe trouxe uma certa popularidade para seus vídeos de dança no TikTok.

— Você gosta, quando alguém diz que vocês duas são como uma canção de Ed Sheeran?


Brooklyn se derreteu sorrindo.


— É algo bom de ouvir, não é?

— É uma coisa ótima! Deve ser incrível. Ser casada com alguém que só te faz bem. Gianni parece ser mesmo a esposa perfeita, não é?

— Na verdade, ela... — Seu celular tocou novamente, número desconhecido, mas era o mesmo número pela quinta vez. Devia ser algo importante; decidiu atender — Só um minuto — Atendeu. Ouviu — A GIANNI O QUÊ?!


Pois então, sua esposinha perfeita, saída das músicas de Ed Sheeran estava... presa.


Brooklyn foi imediatamente para a delegacia de Tesla. Gianni insistia que a preferência para o carro era sempre de sua esposa. Avisou ao seu maitre que provavelmente não conseguiria fazer o ensaio da noite. Brooklyn estava de volta ao ballet de alta performance aquele ano, estrelando justamente "Cinderela" e, POR DEUS, como Gianni havia acabado presa?!


Saiu dirigindo para a delegacia com milhares de pensamentos cruzando a sua mente. Era isso mesmo? Será que tinha ouvido certo? Mas por qual raio de motivo Gianni poderia estar presa?! Não fazia ideia. Iria MATÁ-LA assim que a tirasse da cadeia. Iria matá-la em um lugar que fosse seguro e tudo mais!


Pronto, estacionou e teve uma intuição. Olhou dentro do carro: tinha um terninho italiano pendurado, que tinha pegado na lavanderia. Então se trocou, tirou o casaco e a camiseta, trocou a calça por uma jeans e sabia que tinha saltos em uma de suas bolsas do ballet. Realmente tinha. Pronto, encontrou. Abriu o porta-luvas e lá estava, sua carteira profissional que a identificava como advogada. Não exercia e exercia a profissão; com o crescimento do escritório dos seus pais pelas mãos de Gianni, Brooklyn já tinha se visto atuando sem sequer perceber. O Direito Migratório, uma das especialidades de referência do escritório, era algo que a encantava, e a forma com que Gianni estava crescendo na área era... surpreendente. Ela não era apenas uma advogada atuando em tribunais; ela estava atuando na sociedade, tinha uma forte ação política nos posicionamentos adotados, havia se tornado um rosto conhecido, e isso orgulhava e preocupava Brooklyn na mesma proporção.


— Jenny, ela deve ter sido presa em alguma manifestação! — Estava com Jenny ao celular, já tinha entrado na delegacia. Estava analisando os documentos da prisão de Gianni. Sua esposa estava retida, MESMO.

— Ela... Meu Deus...! — Jenny estava rindo, e Laís também.

— Brooklyn, eu não posso dizer que nunca passou pela minha cabeça que Gianni Prada pudesse acabar presa em algum momento da vida dela — Era Laís.

— Vocês estão se divertindo! Não tem ninguém aqui, vocês têm noção? Estão todos no Brasil! — Isso havia acontecido, os pais decidiram passar férias no Brasil, os acordos de paz entre os Prada e os Romeo seguiam em andamento, e Laís e Jenny foram também. Jaime já estava com três anos, era bom que conhecesse o país de origem das mães, apesar de Jenny ser americana, seu core era brasileiro.

— Mas você é advogada.

— Eu sou! Mas nunca pisei numa delegacia e tem alguma coisa acontecendo aqui. A audiência de custódia está marcada para daqui a meia hora. Eles querem reduzir a possibilidade de defesa dela. Eu vou ter dez minutos para falar com a Gianni e só.

— Eles acreditaram que você é advogada?

— Claro que sim! Estou vestida como uma.

— Quem diria, não é?

— O que foi, Laís?

— Que lutar na linha de frente das antipolíticas de migração poderia levar a minha irmãzinha para a cadeia.

— Ela luta por algo nobre, está bem?!


Conversou com elas um pouco mais e foi finalmente levada até a sua esposa. Salinha fria, e sua Gianni estava LINDA, toda de preto, calça de alfaiataria, blusa de manga longa, gola alta e algemada!


— Isso é um absurdo!

Princess, calma — Gianni tentou argumentar.

— Doutora Romeo, eu sou sua advogada aqui! — Daí, se virou para o policial — Ela é uma ativista, não uma assassina, isso é uma arbitrariedade condenada por lei!

— Ms. Romeo, é que...

— Vocês têm um minuto para corrigir isso. E eu sou casada, portanto, é Mrs. Romeo.


Gianni foi desalgemada.


— Mas eu já tinha dito que era arbitrário e você não ligou! — Gianni reclamou com o policial.

— Ela é mais assustadora que você. Ok, dez minutos, Mrs. Romeo.


Foram deixadas sozinhas. E Gianni estava... sorrindo feito uma idiota, pois sua advogada era a coisa mais SEXY da vida.


— Você... vai advogar por mim, princess?

— Eu não devia! Gianni, quantas vezes eu te disse para fazer tudo, menos as coisas que poderiam te trazer para a cadeia? A sua nacionalidade acabou de sair! — Entraram com o pedido de nacionalidade de Gianni baseada no casamento delas. Levou um tempinho mais, pois a própria Brooklyn não era nativa; era naturalizada. Foi só durante essa jornada toda que se deram conta da real importância do escritório dos Romeo naquele país.

Baby, eu estava trabalhando! Estava no escritório e a polícia chegou.

— Mas foi por conta da manifestação de sábado!

— Sim, mas este é um país livre e eu tenho direito de me manifestar! Espera, Brook, você vai mesmo fazer a minha audiência...?

— Não dá tempo de chamar outro advogado, eu demorei para atender a ligação. Enfim, eles querem te manter aqui, provavelmente por conta da emenda que será votada pelo senado amanhã.

Uh — Aquilo pegou Gianni de surpresa, não sabia exatamente que algo importante seria votado amanhã — Você acha que...?

— Vão querer te manter aqui. Eu não acredito que você foi presa! Minha mãe está estranhamente orgulhosa, disse que é terrível que você tenha sido presa, mas, ao mesmo tempo, é significativo que tenham vindo atrás de você, porque apenas confirma que você está se tornando uma voz importante para a imigração — E, olhando naqueles olhinhos lindos que sua esposa tinha — Estou orgulhosa também. Mas muito irritada por você ser presa!

— Mas, baby, eu estava exercendo o meu direito de...

— QUIETA! Ok, vamos repassar exatamente a alegação da sua prisão.


Gianni resumiu os termos de sua prisão e eram extremamente frágeis. Com toda certeza, era apenas para manter Gianni quieta durante uma votação importante, e Brooklyn tinha uma teoria. Gianni não era a líder revolucionária contra as antipolíticas de imigração, mas era um rosto interessante para as redes sociais. Era bonita, já havia tido virais por coisas bem diferentes, e era presença constante no TikTok e Instagram de Brooklyn, que era uma estrela em ascensão do ballet de Nova York. Gianni trabalhava com diversas ONGs, e uma dessas ONGs tinha voz muito ativa e organizava manifestos e afins.


Ela era um ótimo rosto para esses manifestos: jovem, bonita, popular e uma imigrante extremamente bem-sucedida antes dos trinta anos, o sonho de todo americano. Ela era o rosto, estava atuando num importante escritório para imigrantes, marchava na frente de manifestações e, com toda certeza, por tudo isso, os políticos estavam vendo Gianni como o cérebro da situação. E, com todo o respeito ao cérebro maravilhoso que tinha sua esposinha, Brooklyn tinha certeza de que ela estava presa mesmo em virtude do seu rostinho bonito.


A líder da ONG, o verdadeiro cérebro perigoso para o Senado americano, apareceu pouco antes da audiência de custódia. Brenda Rojas, uma cubana que havia imigrado muito pequena, conseguido a nacionalidade, e que hoje lutava pelos direitos dos imigrantes.


— Brooklyn, eu sinto muito! É que ela é a nossa advogada, tive que conseguir outra e...

— Eu vou advogar.

— Mesmo?

— Mesmo. Ela podia pedir pra fazer isso ela mesma, mas isso nunca é bom, soa arrogante. O plano deles foi bom, a acusação é super frágil, ela seria liberada assim que um advogado chegasse, mas queriam mantê-la aqui ao menos 24 horas. Então, a prenderam de surpresa, fora do protesto, adiantaram ao máximo a audiência de custódia, tudo para não haver tempo hábil para uma boa defesa. Mas eu sou brasileira.


A moça a olhava sem entender.


— Tipo...?

— Eu improviso em duas línguas desde o pré-escolar. Me assista. E ah! Fique muito quieta, eles querem você, mas não sabem que você é você, ok?

— Ok.


E foi uma AULA de ampla defesa. Brooklyn foi quebrando os argumentos de prisão preventiva um a um, aquela bailarina pequenininha, com o coque de ballet e tudo, andando de um lado a outro na frente da juíza com a mesma desenvoltura que ela tinha apresentado o trabalho sobre Moda e Belas Artes na faculdade mais cedo. E Gianni não podia ficar sorrindo igual a uma idiota durante a sua audiência de custódia, estava a um passo de dormir numa cela aquela noite, mas foi uma árdua tarefa não sorrir e nem babar em cima da sexy advogada que tinha vindo tirá-la da prisão. Como podia ter conseguido se casar com Brooklyn, sendo claramente uma IDIOTA até poucos anos atrás, UMA SEM FUTURO. Como podia ter dado TÃO CERTO? Nem Gianni acreditava em quem tinha se tornado.


Todos os dias, ainda acordava no apartamento delas e se perguntava se era mesmo verdade. Se tinham mesmo se casado, se conseguiram tudo o que haviam sonhado. Estabilidade, um lugarzinho apenas delas, as duas vivendo o sonho individual de cada uma e o sonho conjunto como casal, tudo bem como tinha que ser. Eram mesmo como uma música de Ed Sheeran. Tirando a parte que estava prestes a dormir na prisão e tudo mais.


Mas não iria. Não depois da defesa perfeita de Brooklyn Romeo.


— E senhora juíza, se puder adicionar aos autos que iremos entrar com ação contra o Estado pela prisão arbitrária...

— Doutora Romeo...

— Este é um país livre e temos amplo direito à manifestação pacífica, tal como foi a de sábado, que resultou neste pedido de prisão às margens do nosso código de Direito.

— Ok, que se registre nos autos — E então, voltando-se novamente para Brooklyn: — Doutora Romeo, onde já vi o seu rosto antes?

— Ela está estrelando "Cinderela" na Broadway, meritíssima — Gianni contou, derretidíssima.

Oh, é daí que a conheço! Assisti você no último final de semana, o espetáculo está maravilhoso! Só não fazia ideia que atuava como advogada também.

— Apenas para... — Olhou para Gianni — Causas nas quais acredito.


Acreditava nas causas de sua Gianni.


Saiu da delegacia com Pink e o Cérebro. Deve ter dito isso em voz alta, porque a moça da ONG começou a rir como uma idiota.


— Você acredita que ela disse isso pra juíza? Que estavam prendendo a pessoa errada, pois eu só era o rosto das manifestações, mas não pensava por mim mesma!

— Para! Ela não quis dizer exatamente isso.

— Eu quis sim. Você é tipo a manifestante influencer, o que não deixa de ser um cargo VALOROSO, mas você não tem nem tempo para pensar em ações políticas, Gianni, você só marcha quando a Brenda diz pra você marchar. E falando nisso, você desapareça daqui.

— Eu vou! Amanhã teremos manifestação, inclusive, contra a votação da emenda no Senado.

— Você não me disse nada — Gianni reclamou.

— Disparei e-mails, mas você é realmente muito ocupada, eu sei. E agradeço o tempo que você disponibiliza para atuar com a gente, Gianni, significa MUITO.


Elas trocaram um abraço. E, enquanto se despediam, o celular de Brooklyn começou a tocar. Era Jenny.


— Então, já tirou a Greta Thunberg dos imigrantes da prisão? — Ela perguntou, em tom de riso.

— Mas você deixa de ser idiota também! E sim, já tirei minha mulher da prisão.


Conversou com Jenny rapidamente, daí passou o celular para Gianni; Nea queria falar com ela. Jenny explicou que estava acontecendo uma briga engraçada durante o jantar em Porto de Galinhas, com Estrellita acusando Nea de estar sendo má influência para sua Gianni, e Nea ORGULHOSA de até onde a influência de Gianni estava chegando. Então, deixou que ela falasse com as duas enquanto dirigia para o seu ensaio. Daria tempo, chegaria levemente atrasada, mas daria tempo.


E só era bom ver Nea e Estrellita juntas, ouvir Mario e Eduardo conversando enquanto cozinhavam, tudo isso parecia impossível até seu coração ter sangrado tão perigosamente. Por isso, de alguma forma, era grata pelos momentos tensos que havia passado, e depois de tudo, ainda poder dançar dava a ela a sensação de que as coisas tinham que ser assim. Tinha que passar por aquilo, algo que a assustou muito, mas não a matou e, ainda por cima, a deixou mais forte porque finalmente compreendeu o que se passava com o seu corpo. Gianni desligou quando Brooklyn já estava estacionando no ballet.


— Meu amor, a gente veio para...?

— O MEU ENSAIO! Que está atrasado porque a minha esposa foi PRESA!

— Mas você foi lá me tirar, né?

— Fui! Mas não deveria!

Baby, foi tão sexy você advogando, tipo, andando naqueles saltos, furiosa, segura, recitando o Código Penal e a Constituição Americana como se fosse nada!


Brooklyn quis rir.


— Gianni...

— Sexy pra caramba! Mais sexy do que quando você quebrou o nariz da Harper. Como pode, você ter se casado comigo, uma idiota, sabe...?!


Brooklyn riu e a beijou rapidinho.


— A minha idiota não é qualquer uma. MAS SIGO IRRITADA COM VOCÊ!

— O que também é sexy pra caramba, você só respirando já é sexy, com todas as outras coisas que você faz, eu nem sei. A minha Barbie das profissões, cada dia é uma coisa.


Era o que dava ter se casado com uma idiota. Brooklyn não aguentava. Entraram juntas, correndo, e o maitre as encontrou ainda no corredor.


— Mas o que aconteceu?! Esse ensaio é importante, Brooklyn, testaremos o ballet B, que dançará com você esse final de semana!

— É que fui presa — Gianni contou, muito tranquilamente.

— Você...?

— Isso aconteceu. Vou me trocar, só um minuto! — Brooklyn correu para o vestiário e o maitre seguia olhando chocado para Gianni.

— Tipo, presa-presa?

— Aham, mas minha esposinha me tirou de lá — Contou, muito orgulhosa.


Ele riu.


— Agora você me diz o que aquela garota não faz por você, Gianni?


Nada. Não havia o que não fizessem uma pela outra. Gianni subiu para o café que ficava na parte de cima, havia sido presa pouco antes do almoço e não achou seguro comer nada na prisão: não era uma ativista durona como Brenda, que já tinha sido presa algumas vezes, precisava admitir suas limitações e tudo mais. Então, passou as próximas três horas assistindo Brooklyn ensaiando. Achava que tinha sido naquele exato café que entendeu que precisava se casar com ela, que ela era a mulher da sua vida, que não podia perdê-la e não podendo, faria tudo o que fosse necessário para mantê-la sua. E quando ela terminou, saiu do vestiário já toda limpinha, toda cheirosa, e Gianni só...


Queria levá-la para jantar, mas sabia que o melhor jantar sempre era no apartamento delas.


Então a levou para casa, disse para ela ficar quietinha no sofá, preparou o chá para os pés dela, preparou outro chá que ela gostava de tomar.


— Coloca a nossa série, meu amor, eu vou fazer o jantar.


Brooklyn a olhou de lado.


— Hum, está tentando me acalmar?

— Aham. Está funcionando?


Brooklyn sorriu, olhinhos brilhando.


— Está! Me dá um beijinho.


Dava muitos beijinhos, sempre tinha muitos beijos esperando por ela, sempre! Então foi cozinhar, algo que Brooklyn gostava; ela, particularmente, amava o sanduíche de costela que Gianni fazia e começava a ficar feliz assim que o cheiro da costela cozida enchia o ar.


— Está cheirando bem, muito bem!


Ficou pronto, arrumou a mesinha de centro para elas duas: sanduíches, suco natural, sopinha porque estranhamente Brooklyn amava sopa com sanduíche.


— Nini?

— Oi, meu amor.

Estou orgulhosa de você. De tudo o que você vem fazendo, de como... se entrega quando acredita em alguma coisa, seja emprestando esse seu rostinho lindo para vídeos na internet ou — disse sorrindo — suas horas como a advogada brilhante que você é. Eu te amo muito. Fiquei louca quando soube que você foi presa, mas entendo e admiro. Cada dia que passo do seu lado, é só mais um dia de certeza de que me casar com você foi a melhor decisão que eu já tomei na vida.


E os olhos de Gianni se encheram; ela sorriu muito boba.


— Eu amo você, Brook. Você é aquela música do Ed Sheeran que dizem ser nossa, é “perfect”, e fica comigo mesmo que eu seja só... “bad habits” — Disse, a fazendo rir — Aprendi com você a ser alguém relevante para outras pessoas, a entregar meu trabalho, meu tempo a quem precisa. Isso tudo aprendi com você.


Brooklyn cruzou a mesinha e foi... para o colo de sua esposa.


Sentou-se no colo dela e a beijou, repetidamente.


— Sabe de uma coisa? “Bad Habits” é muito mais divertida do que “Perfect” — Disse, fazendo sua Nini rir.

— É mais agitada, pelo menos.

— É mais agitada. Vamos dançá-la?

— Tipo, agora?

— Agora!


E ela se levantou, pediu para Alexa tocar “Bad Habits” e fez Gianni se levantar. A coreografia era INSANA de tão rápida, mas elas a executavam juntas no Just Dance. Gianni sempre pensava que não ia conseguir, mas sempre que chegava naquele refrão...


— Tem uma versão dançarina de hip-hop na minha Barbie das profissões! — Brooklyn gritou, dando apenas dois passos para trás enquanto Gianni simplesmente DESTRUÍA no refrão.


Ela era muito boa, mesmo, tinha atitude e presença, uma atleta natural que conseguia aprender qualquer movimento apenas observando. Com sanduíches pela metade na mesinha de centro, as duas dançavam pela sala com as luzes ainda ligadas, em um prédio praticamente apagado. Já era quase uma da manhã e lá estavam elas, dançando, rindo, encerrando aquela coreografia com um beijo intenso no sofá.


— Nini...

— O que foi, princess?

— Eu vou à manifestação amanhã com você.


Gianni sentiu seu coração se derretendo no peito.


E assim, na manhã seguinte, durante a votação no Senado, Brooklyn marchava à frente da manifestação, já com sua roupinha de ballet porque teria ensaio naquela tarde. Gianni estava inteira de moletom, a coisa mais linda, aprendendo a colocar energia nas coisas certas, e desde então, nunca mais errara na vida.


A não ser quando quase acabou presa. Ou quando fazia pegadinhas de Halloween idiotas. Ou quando esquecia de fazer o mercado na vez dela ou não conseguia ler seus e-mails diariamente. Apesar de seus "bad habits", ela nunca deixava de ser "perfect".


E assim, aquele amor apenas continuava.

  

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Notas da Autora: Tessa Reis


Olá, para você que leu Skips, Drops e nos ajudou a alcançar as 400 avaliações, que pareciam tão distantes, mas agora são uma realidade ❤️‍🩹. Já faz um tempo desde que falamos sobre avaliações, e ainda não entendemos completamente qual é a magia que faz você ler e avaliar os livros, mas tudo deu muito certo com Skips, Drops, e espero que o mesmo aconteça com “Estilazo”, que acabamos de lançar!


Quanto ao capítulo extra de Skips, Drops, eu não sabia o quanto sentia falta delas até revisar esse capítulo. Brooklyn e Gianni têm algo especial, uma leveza, uma dinâmica que funcionou muito bem. Eu sempre as escrevo com um sorriso no rosto, o que significa algo muito positivo para mim. Espero que tenham gostado do extra!


Grande beijo!


Tessa 🖤


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