Bala Perdida
Brisbane, AQYNE, clube noturno, 4 anos atrás.
Não queria estar ali.
Foi a primeira sensação que Bryce teve assim que entrou naquele lugar. Era um clube noturno altamente conceituado da praiana e ensolarada Brisbane, na Costa Dourada australiana. Inclusive, ficava numa praia, o que a fez pensar que era algo meio insano se enfiar num clube fechado quando tinha uma praia lindíssima do lado de fora. Fazia uma noite quente, era verão, e ela havia optado por sair de minissaia preta, com fitas militares a estilizando, um top branco, apenas para compor, deixando ver uma nesga de abdômen também. O cabelo castanho-escuro preso num rabo de cavalo elegante, jaqueta college preta e branca pendurada no braço, caso fosse precisar, o que estava prendendo a atenção dela um pouco. Era provável que esquecesse algo que não estivesse usando, sua mente andava conturbada assim.
E aquele lugar estava lotado. Brisbane é uma cidade vibrante, praiana e urbana, um dos centros de arte da Austrália, principalmente no que toca música. Tinha primos na Austrália, estudantes tentando uma vida melhor, e Bryce havia vindo com passagem de ida e volta compradas, contadas: teria três meses para tentar conseguir alguma coisa com a sua arte e, senão, deveria voltar para casa, voltar para o Rio de Janeiro, onde sua mãe morava. Bryce fazia música. Fazia rap. E era modelo fotográfica, geralmente envolvida em campanhas athleisure, um estilo que mistura “atlético” e “lazer” com sofisticação. Havia sido criada nas praias do Rio de Janeiro e, todos os anos, passava férias em Honolulu, no Havaí, onde havia nascido. Surfava desde muito pequena, jogava todo e qualquer esporte praticado numa praia, fosse futebol de areia, altinha e até vôlei de praia. Não era alta, mas se virava muito bem. Então, a moda athleisure parecia feita para ela, e ajudava a pagar as contas, mas não era com o que sonhava.
Hum, aquele lugar parecia lotado de herdeiros mimados para todos os lados. Inclusive, havia chegado acompanhada de um. Nem sabia o nome dele muito bem, tinham se conhecido na praia durante o dia e ele a convidou para ir ao AQYNE, que, segundo o rapaz, estaria cheio de figurões da música naquela noite. Havia um palco com DJ, luzes piscando para todos os lados, uma profusão de vozes, de risadas. Olhou de um lado a outro, sem saber exatamente o que estava buscando ou se estava buscando algo. No final, achava que todos os seus problemas surgiam bem aí.
O que estava buscando? Buscava algo? Buscava mesmo, de verdade?
— Bryce? Estou falando com você há dez minutos!
— Ah, desculpa, é que... Acho que preciso beber alguma coisa.
— Claro! O que você quer? Vamos até o bar.
O rapaz a levou até o bar. Bryce pediu um gin, e ele encontrou alguns amigos. A música, de repente, tomou seus sentidos por um instante porque… Quem estava tocando? A música havia mudado e era boa demais! Olhou para o palco e viu uma japonesa atrás da pick-up. Ela não era a DJ, mas o DJ estava dando espaço para que ela tocasse, e ela, simplesmente, incendiou a pista. Gostava de artistas assim, que colocam as mãos em qualquer coisa que seja e transformam um ambiente, tocam as pessoas, mudam a energia. E não saberia explicar de outra forma, mas estava conversando, rindo, dançando um pouquinho, curtindo o seu gin quando...
Foi puxada pelo olhar de alguém.
Ela passou cercada de pessoas, entre dois rapazes, outros dois, várias garotas. Jeans escuro, cropped preto, totalmente ajustado ao corpo, uma jaqueta curtinha por cima, de couro, longos cabelos castanhos soltos, olhos afiados e uma boca linda, toda desenhada, tão beijável que...
Espera, foi um pensamento de Bryce?
Sim, havia sido um pensamento dela, que aflorou assim que aqueles olhos a atraíram, puxando-a intensamente na direção daquela tempestade castanha.
Ela passou olhando. Estava rindo, falando com seus amigos, mas quando viu Bryce, seus olhos ficaram ali. O sorriso sumiu, o olhar intensificou e, quando Bryce foi pega naquele laço de intensidade...
Invasor, invadido, dominante e vulnerável.
Bryce respirou fundo, segurando o olhar no dela, erguendo o queixo um pouquinho, porque estava sendo invadida, mas não iria entregar submissão. Que garota linda! A cor de praia pela pele, os olhos intensos, petulantes... Ninguém nunca havia dito para ela que era feio olhar tão fixamente assim para alguém?
Então, o rapaz ao seu lado chamou sua atenção.
— Bryce? Não faz sentido eu ter te trazido aqui se você não está me ouvindo!
— ME DESCULPA, eu estou muito distraída hoje mesmo — Voltou a olhar, para onde ela havia ido? Porque havia sido um segundo e ela não estava em lugar nenhum que seus olhos pudessem alcançar.
— Você só veio por interesse mesmo, bem que me alertaram.
Daí, Bryce olhou bem para ele. Pronto, ele havia conseguido sua plena atenção.
— Como?
— Você ouviu!
— Ouvi mesmo! Ah, você quer saber? Vá procurar outra que dê a atenção que você precisa, eu realmente não estou disponível! — E tentou sair, mas ele a segurou.
— Ei, espera, espera aí! Tenho pessoas para te apresentar, vai ficar nessa sua marra aí mesmo? Relaxa, presta atenção em mim, só estou te pedindo o mínimo. Daqui a pouco, te apresento para alguém importante. Mas, ao menos, me dá o mínimo, entendeu?
Bryce se soltou dele.
— E o mínimo seria...?
Ele riu.
— Você sabe o que seria o mínimo, vai.
E foi assim que aquele herdeiro sem nome recebeu uma bela taça de gin bem no meio da cara.
E teve uma confusão, claro que teve. Ele estava entre amigos, algumas garotas vieram para cima dela, alguns rapazes também. Ela não se intimidou. Ah, não seria mesmo um bando de herdeiros que iriam intimidá-la! Mas foi ficando grave, foi ficando mais quente a discussão. Eles foram se aproximando de maneira ameaçadora e Bryce não sabia dizer muito bem quando e nem como, mas de repente, foi simplesmente tirada do meio.
Braços firmes a pegando, a protegendo, encarando a confusão, a tirando dali, e então, uma parede surgiu na sua frente. Um segurança enorme, pedindo para todo mundo se afastar. Espera, um segurança daquele clube caro mandando herdeiros ficarem quietos? Sua falta de pedigree estava no meio da sua testa sempre, e quando foi tirada dali tão repentinamente, daquela forma inesperada, apenas esperou ser jogada para fora da boate.
Não seria a primeira vez.
Mas não foi o que aconteceu. Na verdade, Bryce foi tirada por uma guarda-costas, que estava a levando em direção ao mezanino exclusivo do clube.
— O que está acontecendo? Para onde você está me levando?! — Perguntou, visivelmente perturbada.
— Senhorita, por favor, pode manter a calma? — Solicitou a guarda-costas, mantendo-se firme.
— Se você não me diz o que está acontecendo, como posso manter a calma?! — Retrucou Bryce, sua voz carregada de tensão.
Ela parou. Tinham chegado ao andar de cima.
— Acontece que a senhorita estava numa confusão, apenas a senhorita contra uns oito herdeiros esnobes, e recebi ordens para tirá-la de lá — Explicou a guarda-costas com seriedade.
— Ordens de quem? — Questionou Bryce, seu tom carregado de surpresa e desconfiança.
— Nina Alvarez — Respondeu a guarda-costas, enquanto abria a porta de um dos camarotes — A senhorita Alvarez deseja conhecê-la.
Bryce olhou para dentro do reservado e lá estava ela. Aquela que invadia com os olhos.
Estava sentada sozinha no camarote, em uma confortável poltrona, de costas para o palco e de frente para a porta, tomando um drinque. As pernas levemente afastadas, o olhar intenso, luzes avermelhadas faziam sombra e luz por ela. Nina. Então, ela se chamava Nina.
E algo pulsou entre as coxas de Bryce só de olhar para ela. Bonita, anf! Não, nunca tinha se sentido atraída por mulher alguma, mas definitivamente, estava se sentindo atraída por aquela. O que ela tinha?
Quem ela era?
— Obrigada, Abranches.
— Não por isso, senhorita Nina.
A guarda-costas se retirou, fechando a porta. Mais olhares.
— Quer se sentar um pouco? — Ela quebrou o silêncio, levantando-se por um instante e indo até uma mesa-bistrô com diversas bebidas — O que posso servir para você?
Ótimo, outra herdeira.
— Obrigada pelo que você fez, mas eu já estou indo embora.
— Por quê? Nem sei o seu nome ainda — Ela serviu de uma garrafa e então de outra, habilidosamente — Meu nome é Nina, só quero conhecer você melhor — Se aproximou de Bryce, com duas taças em mãos — É apenas água tônica e suco de limão.
Olhos nos olhos de novo. Bryce pegou a taça da mão dela. Os dedos resvalaram de leve, as duas acompanharam aquele movimento.
— Então, você é um tipo que anda com seguranças — Disse, provando de sua taça e era exatamente o que ela disse: apenas tônica, suco de limão, açúcar. O paladar de Bryce era muito apurado.
— Não seja preconceituosa, não são meus, são da minha irmã — Ela respondeu, abrindo um charmoso sorriso naquela boca bonita que Bryce queria tocar, queria sentir. Os lábios pareciam tão suaves e ela estava cada vez mais sendo invadida de pensamentos e vontades inesperadas. Era definitivo. Não devia estar sozinha com ela naquele camarote. Ou devia? Unf, estava toda confusa.
— E por que ela precisa e você não?
— É que ela tem um carimbo no meio da cara que diz: herdeira, me sequestre. E acho que o nosso pai detestaria pagar resgates, daí, os seguranças são mais baratos.
Mais olhos nos olhos. Que boca beijável ela tinha, era ainda mais beijável olhando assim de perto. Por que Bryce estava pensando nisso tão fixamente? A boca dela estava levemente lambuzada de um vermelho específico, um gloss? Podia ser algum gloss, do tipo que causava vontade de sentir com a língua.
— Sinto trazer verdades inconvenientes, mas você também tem esse carimbo no meio da cara.
— Ah, eu também tenho?
— Aham. Cadê as pessoas que estavam com você?
Sorriso de Nina.
— Então, você me viu também...?
— Como não veria? Você... olha — Disse, sentindo aqueles olhos queimando em cima de si outra vez — Olha muito. A ponto de beirar a má educação.
Mais daquele olhar invasor, dentro da alma de tão profundo. Ela se aproximou um pouquinho.
— Você sentiu os meus olhos.
— Senti.
Então, ela se aproximou ainda mais. Agora estava a centímetros de Bryce, olhos muito nos olhos, ainda mais fundo. Bryce sentiu seus seios reagindo, esperou que tal reação não marcasse no seu top.
— E como se sentiu? Atraída, quente...?
Seus olhos desviaram-se dos dela e pousaram naquela boca levemente lambuzada. Bryce mordeu os próprios lábios, voltou a encará-la e disse:
— Nua.
Anf, gatilho.
Nina rapidamente a segurou pela cintura, deixando sua taça de lado, virou Bryce e a colocou contra as grades do mezanino, de costas para o palco, onde tinham uma vista privilegiada. Suas mãos estavam quentes, a pegada intensa, e o coração de Bryce disparou, assim como outras partes de seu corpo. Sem perceber, soltou um suspiro, enquanto sua mão deslizava por aquele abdômen firme num puro reflexo. Então:
— Pare — Bryce pediu, e Nina parou.
Porém, não se passou um segundo e...
Bryce deixou sua taça de lado e sua boca foi direto para a garganta dela.
A pegou pela nuca e deslizou os lábios por aquele pescoço, beijando, sentindo, sugando de leve, o que fez Nina rir.
— Estou parada — Nina brincou. E então tirou as mãos de cima dela e segurou-se no corrimão do mezanino, apenas a pressionando com o seu corpo. Gostosa, sim, bem como tinha imaginado assim que olhou para ela.
— Que perfume é esse que você está usando? — Bryce desceu a boca um pouco mais, marcando a curva do pescoço dela delicadamente; os braços apenas acharam caminho, descendo por aquele corpo, enlaçando na cintura dela.
— É... — A excitação apertou entre as coxas de Nina, apertou seus lábios também — The Only One.
— Dolce & Gabbana, e me diz que não é herdeira — Baixou a jaqueta dela; queria morder aqueles ombros, aquele colo que tinha uma clavícula toda marcada, perfeita para usar joias caras.
— É que notei que você tem preconceito com herdeiros. E realmente não sou uma. Trabalho duro, tenho o meu próprio dinheiro — Pressionou seu corpo contra o dela um pouco mais, subindo uma das pernas por aquelas coxas, se afundando ainda mais contra ela porque...
Só precisava. Nina estava toda disparada.
— Hum... e o que você faz?
— Você quer aprofundar a conversa e nem me disse o seu nome?
— Que obsessão com o meu nome — Deixou alguns beijinhos pelo colo dela, que mordeu a boca. Nina estava quente, muito quente.
— Posso... me mover?
E ela parou. Bryce. De repente, ela apenas foi trazida de volta para si mesma e, suavemente, se afastou de Nina.
— Espera, é que...
— O quê?
— Você me ajudou com outras intenções?
Nina respirou fundo, deu uma olhadinha para o palco; a convidada do DJ estava descendo de volta para o público. Checou se os seguranças estavam por perto, estavam.
— Eu já tinha intenções com você antes de te ajudar.
— Não precisava ter se incomodado — Saiu do domínio dela abruptamente, imediatamente buscando sua jaqueta, sua bolsa.
— Ei, espera, espera um pouco! O que eu disse de errado?
— Eu não sou o tipo que você espera!
— Não estou esperando nada, estou tentando te conhecer para entender o que posso esperar de você. Calma, ok?
— Por que todo mundo me pede calma?!
— Deve ser porque você está nervosa a maior parte do tempo! Eu só quero te conhecer melhor, é crime? É desrespeitoso?
— Não, é só... — Bryce parou por um instante, respirando fundo; sua mente estava toda confusa, seu corpo disparado por inteiro — Eu não sou uma interesseira.
— Não acho mesmo que seja ou a gente nem estaria aqui. Escuta, não tem que ser complicado. Você me quer, não quer? Sei que está excitada, eu estou sentindo você.
Oww, ela era direta. Muito direta, não que Bryce precisasse de mais algum estímulo para sua excitação. Estava excitada o suficiente com aquela desconhecida, mas detestava jogos e adorava verdades ditas sem rodeio nenhum. Chegava a ser um fetiche.
Bryce olhou nos olhos dela.
— Eu deixei um chupão no seu pescoço.
— Ninguém nunca me deu um chupão antes de um beijo — Nina disse, dando um charmoso sorriso de canto de boca. Então, ficando mais séria: — Você quer mesmo ir embora? Você pode, a porta está destrancada, mas se quiser ficar... — Nina deu um passo em direção a ela, bem devagar, dando tempo de Bryce se afastar se quisesse. Mas ela não se moveu — Eu posso te dar muito prazer — Disse e a viu engolindo em seco, a respiração levemente alterando no peito — E mantenho segredo do que a gente fizer aqui. Ninguém vai saber.
— Por que você acha que o problema é que não quero que ninguém saiba?
— Eu não faço ideia. Só estou tentando descobrir o motivo de você claramente querer estar aqui e, mesmo assim, insistir em ir embora.
Bryce se recostou na porta, olhando para ela. Uma loucura? E se fizesse só uma loucura? Não fazia ideia de quem ela era, mas com toda certeza, não era a primeira garota que Nina pegava num clube noturno, não era a primeira a se atrair por aqueles olhos e pela bomba de tesão que ela estava querendo colocar na sua língua com aquele discurso gostoso que saía da boca dela. A voz dela era sedutora, uma delícia de se ouvir, será que ela cantava? Que a voz gostosa era boa para cantar também? Estava curiosa sobre ela, mesmo. Atraída em absurdo. Será que faria muito mal? Aceitar aquela bala gostosa que ela estava querendo colocar na sua boca?
Bryce parou de pensar. E passou a tranca na porta.
— Eu devia ir embora. Mas estou mesmo com tesão — Admitiu.
E os olhos castanhos de Nina James... incendiaram.
Subiu a mão pela nuca de Bryce, por dentro dos seus cabelos, pegada firme, insana de gostosa, a respiração tremeu no peito, de uma, da outra também e, sem pensar em mais nada, elas pegaram a boca uma da outra.
Os lábios de Bryce deslizaram por aquela boca gostosa e Nina a invadiu com a língua, tocando, escorregando, deliciosamente mordiscando aquele lábio inferior antes de reiniciar aquele beijo quente, numa pegada, numa pressão que... anf! Bryce gemeu na boca dela, que estava com gosto de bala de morango, era uma aficionada por bala de açúcar, era o que devia estar dando a cor avermelhada naqueles lábios, e sentir aquela boca... Ok, era muito melhor do que tinha imaginado.
Nina a puxou pela cintura, a desgrudando da porta, a trazendo para trás, para a poltrona oval, de recosto alto, onde estava antes, virada de costas para o palco.
— Para onde você está olhando? — Bryce notou que ela estava olhando para outro lugar.
— Apenas checando — A colocou sentada na poltrona e se ajoelhou na frente dela.
Anf, as pernas de Bryce se abriram sozinhas.
— Checando...?
— Se alguém pode ver. Ninguém pode — Nina enroscou os braços pela cintura dela, delicadamente a puxando para si e deslizou os lábios por aquele abdômen naturalmente trabalhado, dava para notar. Ela não tinha um corpo de academia, tinha um corpo moldado por movimentos naturais, devia ser uma esportista diversa, e Bryce...
Suspirou, sem sequer perceber. Recostou-se na poltrona, sentindo a boca dela pela sua pele, a mão que subiu para o seu seio, pegando por completo, massageando, tocando, fazendo-a arrepiar inteira. Nina era... diferente. Absurdamente diferente dos caras com quem costumava ficar, além das diferenças óbvias, era diferente o jeito que ela se movia, era sedutora, se movia seduzindo o tempo inteiro. Bryce correu os dedos pelos cabelos dela, macios, cheirosos, suaves, ela era toda suave, toda gostosa.
Cheirou aqueles cabelos mais profundamente, apertou a mão na nuca dela, mantendo-a contra o seu corpo.
— O que você estava comendo?
— O quê? — Nina estava meio atordoada. Estava de joelhos, perto demais, dava para sentir a excitação dela, estava trêmula de tanta vontade.
— Sua boca... — Bryce gemeu, não foi suspiro; dessa vez tinha sido um gemido mesmo. Os dedos nos cabelos dela, guiando aquela boca que agora estava deslizando beijos e mordidas pelo lado interno de suas coxas — Está com um sabor gostoso de morango. Eu amo morango.
Nina abriu um sorriso. Desceu uma mão por dentro das coxas dela, mantendo uma carícia ali, e se esticou até a sua bolsa. Pegou algo lá de dentro.
— São... Waku Waku Dobutsu — Disse, com sotaque japonês — Doces japoneses, minha irmã compra para mim — Abriu um e colocou na boca dela — Chupa.
Chupou, a língua pegando visivelmente a bala, os olhos muito dentro dos dela. Tocou aquele rosto bonito, fazendo um carinho.
— Chupo. E você, vai chupar o quê?
Sorriso de Nina e, que sorriso lindo ela tinha, aquela mulher era UM SABOR por inteira.
— Algo muito melhor. A não ser que você não queira — Disse, enquanto muito, mas muito lentamente, subia as mãos por dentro daquela minissaia e ia baixando a calcinha dela por aquelas pernas suaves, gostosas, definidinhas.
Olhos profundamente nos olhos. Bryce com o pirulito na boca, os lábios já molhados, borrados pela bala, e Nina só...
Seu coração disparou. Queria aquela garota. Estava doendo o quanto queria. Ela não disse nada, apenas... mexeu suavemente as pernas, facilitando o movimento de Nina para tirar aquela calcinha.
Um fio de tesão brilhou bem diante dos seus olhos.
Olhou em direção à intimidade dela, então voltou para aqueles olhos. A calcinha fora do corpo e Bryce subiu um pouquinho a minissaia, afastou as coxas, deixando-a ver.
— Você... — Nina mordeu a boca, sentindo uma descarga de tesão correndo pelo seu corpo inteiro — Certeza?
— Eu quero você. Sim.
Olhos profundamente dentro dos dela. Já havia acontecido antes? Aquele tipo de conexão? Nina achava que não. Então, ajustando suas mãos por aquelas coxas, deixou um beijo naquele abdômen e mergulhou para o meio das pernas dela.
Consistentemente, a tocando com a língua, de baixo acima, a fazendo derreter num gemido intenso, fazendo aquele corpo delicado tremular pelo seu toque. Correu a língua e chupou em cima daquele ponto de prazer, mais do que disparado, rígido, gostoso demais de se colocar na boca, e Bryce libertou os gemidos altos, inevitavelmente, apertando os dedos pelos seus cabelos.
— Deliciosa — Nina disse, afastando a boca depois de um chupão, fazendo um lick — Mais gostosa do que essa bala na sua boca. Eu vou ficar obcecada por isso... — E voltou a chupá-la, a fazendo gemer de novo, se arrepiar inteira. Sinceramente, Bryce não estava mais pensando direito.
Nina era gostosa, era habilidosa, de jeito nenhum havia começado a pegar mulher outro dia. A boca estava tocando com propriedade, sabendo onde ir, o que fazer com a língua, não existia... ponto cego? Bryce costumava chamar de ponto cego, que era quando estava na cama de alguém e os toques simplesmente passavam fora da sua zona de prazer. Um toque acertava, quatro passavam longe, mas com Nina, ela só... acertava. Sabia a trilha erógena do seu corpo, de alguma forma, alguma maneira.
— Obcecada por...? — Ah, suas coxas se abriram e então se fecharam ao redor do rosto dela, sem que ela tivesse qualquer controle. Estava escorregando por aquela poltrona, escorregando para ela, suas pernas estavam... tremulando de prazer. O que ela estava fazendo...?
— Por isso aqui... — Chupou firme, para mostrar o que era, a fazendo gemer alto de novo, então, olhando Bryce nos olhos: — E por você chupando essa bala desse jeito. Você gosta...?
— É quase uma obsessão, aham. Eu amo ter coisas na minha boca.
Nina enlouqueceu quando ela disse isso.
E por este motivo, Bryce foi punida com prazer.
Seu corpo escorregando pela poltrona, sua pélvis se jogando para ela, se empurrando para ela, que a prendeu firmemente, habilidosamente, não deixando que se movesse mais, a mantendo onde bem-queria, enquanto aumentava o ritmo, provando, chupando, sentindo, atacando. Bryce estava quente, estava muito molhada, estava... pulsando na sua língua. Será que estava pulsando por dentro também? Nina a penetrou com os dedos sem nenhum aviso e ela... gritou o seu nome, o que a fez sorrir. Bryce não havia falado o seu nome ainda e falou gemendo, falou se derretendo inteira, se contorcendo naquele sofá, apertando Nina, a afastando, a puxando, tentando escapar, se esfregando nela, tudo ao mesmo tempo.
— Nina, Nina...!
— Você está... comendo os meus dedos — Estava com dois dedos dentro dela, a penetrando firme, forte, consistentemente e sem parar com esses movimentos, voltou a chupá-la.
— Nina! — Suas coxas se fecharam, violentamente, sem que ela conseguisse controlar.
— Me sufoca até me apagar.
Bryce não teve mais nenhum pensamento coerente.
A mão derrubou alguma coisa erraticamente, ouviu caindo, não deu para saber o que era, estava... pulsando na língua dela, no toque dela, os dedos cravados por ela, no braço, nos cabelos, a cintura tremulando, seus músculos todos estressados, ativados, cada terminação nervosa sua enlouquecendo e, só começou a sentir. Correndo muito rapidamente por dentro, se formando pelo seu abdômen, por baixo da sua pele, algo denso, quente, molhado, oww, estava molhando tanto assim? Estava molhando a boca dela daquele jeito? Estava. Molhando, derretendo e gemendo, gemendo MUITO. O som abafado da boate, o ar circulando lembrando as duas de que elas estavam em público, mas ninguém podia ver. Será que ninguém podia mesmo...?
Parou de pensar, simplesmente parou de pensar.
— NINA!
Nina colocou dois dedos na boca dela e Bryce percebeu que já estava gozando, firme, forte, chicoteando o corpo de prazer. O pirulito caindo dentro da taça de tônica, a música densa da balada a ensurdecendo, o corpo espasmando contra a boca dela, aqueles dedos curvando dentro de si e seu gosto mudando, sua intimidade se agarrando por aquela língua. Enlouqueceu contra aqueles dedos, os músculos inteiros retesaram e ela não pôde mais se mover. Os gemidos arranharam sua garganta, a respiração ofegante queimando no peito e, Bryce se derreteu no orgasmo mais intenso que já tinha sentido.
Era assim, gozar com quem acerta cem por cento de pontos de tesão?
Bryce a puxou pela nuca e a beijou imediatamente. Beijou firme, lambendo aquela boca gostosa, toda molhada pelo seu prazer. Estava trêmula, suada, ofegante. O que tinha...? O que havia feito? Tinha mesmo transado com uma desconhecida em público?
E Nina riu.
— O quê?
— É que, no final... — Recuperou o pirulito de dentro da taça e colocou na boca — Você realmente tinha algum interesse em mim.
E Bryce a parou, com a mão na garganta dela, e apertou.
— Ei!
— Idiota! — Bryce se afastou e saiu da poltrona, buscando sua calcinha.
— Mas o que foi? — Nina perguntou rindo, porque era para ser uma piada.
— Você é só uma herdeira idiota! — Colocou sua calcinha de volta e, enquanto fazia isso, começaram a bater na porta.
— Espera! Espera, ok? Você é muito nervosa! — Nina se recompôs rapidamente e foi abrir a porta, e era Abranches, a guarda-costas.
— Julgo que ela está em perigo e se recusa a sair do outro camarote, senhorita.
— Como assim se recusa?
— Se recusa. A senhorita sabe como ela é, acho que... ela tomou alguma coisa, está mais teimosa do que costuma ser.
Nina tinha um ímã para teimosia, só podia.
— E ela só escuta a senhorita.
Na verdade, não ouvia, mas Nina a arrastava de qualquer maneira.
— Por que você acha que ela está em perigo?
— Eu não sei se... todos os amigos de vocês duas estão bem-intencionados.
Bryce parou ao seu lado.
— Nina, eu perguntei o que você fez com eles...
— Eles quem?
— Seus amigos. Estamos só nós duas aqui dentro.
— Temos outro camarote. Eu queria...
— Ficar sozinha comigo. Sou muito idiota mesmo — Bryce pegou a bolsa, o casaco e apenas passou pela porta.
— Ei, você! Garota, você é maluca?!
— Vai para o inferno!
E Nina tentou ir atrás dela, mas a guarda-costas a parou.
— Escute, senhorita, posso ir atrás dela se for da sua vontade, mas acho que temos uma situação... complexa com a senhorita Kato. De verdade.
Nina olhou sua desconhecida desaparecendo pelo corredor de camarotes.
— Juro que ainda mato a Reira!
Andou para o outro camarote e sim, Abranches tinha toda razão, aquele não era um ambiente seguro para uma mulher, menos ainda, uma mulher tão bonita e tão... fora de si. O que ela estava fazendo? O que sua irmã achava que...?
— Reira, Reira! — A pegou do sofá. Ela estava entre dois rapazes e Nina sequer os conhecia. Como eles haviam entrado ali? — Fora daqui! Eu nem conheço vocês. Fora daqui!
— Ei, calminha aí! A gente conhece ela...
— Conhecem ou a seguiram até aqui? Porque Reira tem alergia a homem, não importa o quão alta ela esteja, essa alergia nunca passa! Fora daqui! Abranches! É pra tirar esses dois daqui! — Arrancou um deles do sofá e se sentou ao lado de Reira, sacudindo-a um pouco. Ela não estava... em si, de jeito nenhum — Reira, olha pra mim...
— O que foi, Nina? Eu quero dormir! Fica quieta!
— O que você bebeu? Já não disse para não aceitar bebida de ninguém?!
— Eu não aceitei! Eu... ah... aceitei água, era só água, Nina — E foi se deitando no sofá de novo, se agasalhando para dormir, no colo de Nina.
Nina trocou um olhar com Abranches. E então, se voltou para os outros ocupantes do camarote.
— Fora daqui! Todos vocês!
— Qual é, Nina?!
— É o seguinte: vocês entraram aqui usando o nosso nome e não conseguem proteger a Reira de dois idiotas? É isso mesmo?!
— Ninguém é babá da Reira aqui, não!
— Pois deviam! Ou não é o cartão dela que está pagando as bebidinhas de vocês? Fora daqui! Bando de sanguessugas, famefuckers! — Famefuckers, significando aproveitadores, mas dito de maneira rude.
Era por isso que Reira nunca confiava em ninguém. E era por isso que aquela situação era culpa de Nina.
Voltou para o outro camarote após expulsar todo mundo e após um dos seguranças estar escoltando sua irmã para o estacionamento. Pegou sua bolsa e, quando pegou a jaqueta...
Não era a sua. Era uma jaqueta college; sua jaqueta de couro não estava mais ali. Sua jaqueta preta, de outro tecido, será que ela havia saído tão irritada que nem notou? Bem, pegou a jaqueta dela e tinha um celular no bolso.
Sério?
Era sério. E ainda bem que era. Era assim que iria encontrá-la de novo.
Voltou para o hotel, com Reira derrubada no seu colo. Sua irmã era fraca para bebida e fraca para qualquer tipo de droga, já que ela não costumava beber e menos ainda se drogar. Não sabia o que estava acontecendo e achava que sabia. Reira havia terminado a faculdade, terminado a pós-graduação, o MBA e agora sentia que... não tinha muito para onde ir. O que era um absurdo, porque para onde ir, tinha ao menos uns dez caminhos diferentes que ela podia trilhar, sendo competente do jeito que era. Porém, existia um entrave. Um entrave chamado Rey James.
Às vezes, achava que a única função de James como pai era destruir o sistema das duas.
Subiu com Reira, já meio acordada; ela com toda certeza havia sido drogada no bar, o tal do aviso luminoso no meio da testa. Se olhava para Reira e sabia que ela era cara, era algo que Nina nem conseguia explicar. Colocou sua irmã no banho, a trocou, a colocou na cama e, quando tentou ir embora, ela não deixou. Não estava em si. Reira em si não permitiria que Nina sequer a tocasse, mas fora de si, era algo que ela implorava. Ela estava com medo, ainda sob o efeito de algo. Com muita dificuldade, Nina a convenceu ao menos a lhe deixar tomar um banho. Tomou banho, Reira sentada no vaso sanitário porque estava com medo de algo que não existia, se trocou e ela agarrou Nina na cama tão forte que mal dava para respirar.
— Reira, Reira: devagar, não tão forte — Bateu no braço dela, pedindo que ela aliviasse a pressão no seu pescoço. Ela aliviou.
— Nina, você me odeia?
— Que pergunta é essa?
— Disseram que interrompi algo... Você me odeia?
Nina respirou profundamente.
— Eu tinha a opção de não deixar você interromper nada — Respondeu, mas ela já tinha dormido.
Virou-se, respirando fundo, agora pensando na garota que havia conhecido e que sequer sabia o nome. Alcançou o celular e viu um cara na lockscreen. Ah, ela devia ter namorado, era só o que faltava. Aquela delícia de garota que a deixou toda perdida, devia ser hétero. No máximo, bi. Era comprometida.
E havia atingido Nina Alvarez feito uma bala perdida.
Notas da Autora: Tessa Reis
Finalmente, começamos a abrir a caixinha do passado para entender o comecinho de Bryce e Nina ❤️🩹. Em resumo, apenas duas garotas que não sabiam muito bem o que queriam da noite (e nem da vida) e de repente, se atingem mutualmente feito uma balada perdida. Fora que, tivemos a oportunidade de dar uma olhadinha na Nina e na Reira do Velho Testamento 👀.
Uma das coisas que tenho curtido em "Hickey", é que estamos podendo ver melhor o passado obscuro da Reira, que a gente só passou rapidamente em "Estilazo". Sabíamos que ela era uma mulher misteriosa, que não repetia cama nenhuma, mas a história não me permitiu tempo para mostrar o tão profundo esse "passado obscuro" dela realmente é. Próximo capítulo, vem aí a Bryce do Velho Testamento, vamos entender melhor quem a nossa protagonista é!
Grande beijo!
Voltamos 16/06/2024! 😌
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