Parte 1: Sexting
Deu uma olhadinha discreta para o número de pessoas assistindo à sua live e para o número de inscritos no seu canal e, sim, já tinha passado de sua meta, o que a fez discretamente sorrir. Estava em live havia quase quatro horas, suas costas já estavam levemente reclamando, só mais alguns minutos e poderia descansar. Moveu o pescoço de um lado a outro, os fones profissionais nos ouvidos, os olhos angulados grudados na tela, uma mordida no lábio, denotando atenção. Estava jogando PlayerUnknown's Battlegrounds, ou, como era mais conhecido, “PUBG”, um jogo de tiro em primeira pessoa no qual era especialmente boa, e a proposta de suas lives era sempre a seguinte: “me assista jogando até eu perder uma partida”. Então, Vita apenas seguia jogando, e as pessoas ficavam presas a assistindo para descobrir por quantas horas ela conseguia jogar sem perder. Uma hora, duas, três, quatro? Isso mantinha sua audiência ligada nela, a observando até que alguém conseguisse derrotá-la, coisa que estava planejando que acontecesse em breve.
Sim, desconfiava que, se quisesse, podia passar 24 horas jogando on-line sem perder nenhuma partida. Era a melhor jogadora de PUBG do Japão e, provavelmente, da Ásia inteira, algo do qual se orgulhava. Mesmo quando jogava em outros servidores, fosse Europa, América ou África, geralmente ganhava com facilidade, mesmo contra os melhores, e sentia que isso acontecia porque sua própria mente era um campo de batalhas. Ela pensava taticamente, via oportunidades de ataques onde ninguém mais via, achava que, se fosse para comandar um exército de verdade numa guerra, sempre encontraria uma saída.
Ou, uma entrada. Além de ser uma ótima jogadora de games de tiro em primeira pessoa, Vita Aoki também era uma hacker respeitada.
Não, ela não era uma criminosa, pelo menos não uma de grandes crimes. Seus trabalhos como hacker começaram pregando peças engraçadas em sites de grandes empresas, conseguindo registros de estudantes que queriam fazer carteirinhas, hackeando bibliotecas on-line, roubando códigos de jogos famosos, coisas assim. Aos dezoito anos, um dia, se perguntou se poderia invadir o sistema de algum banco se tentasse. Será que podia? Decidiu tentar, apenas para ver se conseguiria, e sim, se quisesse ir em frente, com toda certeza teria conseguido, o que a fez escrever um e-mail detalhado ao banco, mostrando exatamente onde estavam as falhas do sistema deles.
Essa atitude a levou a entrar em um mercado não exatamente legal, mas paralelo: o de antissequestro de dados.
Era um crime que estava se popularizando: algum hacker engraçadinho parava uma fábrica inteira invadindo seus sistemas e pedia um valor altíssimo em troca da devolução do sistema principal. Solicitar ajuda policial até resolvia, mas não na velocidade necessária. Fábricas paradas por algumas horas geravam a perda de milhares e milhares de dólares e, sendo assim, donos desesperados acabavam recorrendo a outro hacker pra solução imediata, um hacker de... confiança. O tipo que escreve e-mails ressaltando falhas de segurança. E era assim que, aos 24 anos, Vita levava uma confortável vida em um belo apartamento de alto padrão em uma área nobre de Tóquio.
E agora, podia dizer que era empresária também. Havia acabado de abrir um negócio fora do meio virtual, com o dinheiro das lives e da sua própria divisão de antissequestro de sistemas, porque não queria ser hacker ou streamer pra sempre. Então, abriu sua própria cafeteria, um espaço pequeno, mas aconchegante, que vendia livros e servia um café delicioso, junto com doces asiáticos. E lá, não tinha sequer Wi-Fi. Um espaço cuja proposta principal era... desconectar. Apreciar o café, uma boa conversa, o tempo com outras pessoas, conexões reais, de humano para humano.
Aliás, o café se chamava exatamente assim: human to human café.
E era onde Vita Aoki, ou The Echo, como era conhecida on-line, costumava passar as suas tardes.
Pronto, era o momento. Já estava no um contra um na batalha final do jogo e apenas... se ofereceu como alvo. Mesmo assim, seu oponente ainda precisou de umas três oportunidades para conseguir vencê-la.
— Oww! Eu devo estar muito cansada, não vi você se aproximando — Atuação pura, sorriso, os fones sendo retirados da cabeça — Pessoal, vamos ficar por aqui hoje e quero compartilhar que é provável que eu não consiga fazer lives na próxima semana, algo... especial deve acontecer, então precisarei de toda a minha atenção. Mas logo estarei de volta! — Se despediu como de costume e, finalmente, desligou a live.
Respirou fundo, saiu da cadeira imediatamente, se alongando e fazendo uma leve expressão de dor.
— Hoje foi longo, hein? — Suzumi, sua melhor amiga que sempre a acompanhava, estava terminando de organizar os equipamentos.
— Muito, mas como devo ficar a semana toda sem fazer lives, quis que durasse um pouco mais — Checou seu celular e abriu um sorriso. Tinha mensagem dela, e o sorriso era tão característico que Suzumi nem precisava perguntar quem era.
— O que foi?
— Jude ficou morena de novo, me mandou algumas fotos — Estava olhando sem conseguir desviar o olhar. Ela tinha ficado mais bonita ainda. Jude havia ficado loira por seis meses. Bonita? Com certeza! Mas aquele cabelo castanho sempre seria superior.
— Vita?
— O quê?
— Quando você vai falar com ela? A garota vai voar pra cá em dois dias!
— Eu sei. Pedi pra gente conversar hoje, mais tarde — Respirou fundo só de pensar nisso.
— E como você acha que ela vai reagir?
— Eu não faço ideia. Mas quando ela disse que estava pensando em vir, não consegui dizer que não. Eu quero que ela venha, quero que a gente se conheça pessoalmente, já nos falamos há tanto tempo.
— Eu entendo tudo isso, que a história é longa, que vocês se falam há muito tempo, mas tem aquele pequeno problema de ELA ACHAR QUE VOCÊ É UM CARA!
— Pois então — Tinha esse detalhe.
— Foi bobagem não ter contado antes.
— EU SEI. Mas eu era insegura. O que você quer que eu faça?
— Você era insegura? Você segue insegura, mas só com ela! Vita, ela é só... uma garota. Como tantas outras com quem você sai.
— Não, é claro que não, Suzie. A Jude é... o meu primeiro amor. A gente conversa desde quando eu tinha quatorze anos e ela, treze. São dez anos de história, conversando quase todos os dias. Ela não é qualquer garota, de jeito nenhum.
— Eu sei, e isso só deixa as coisas ainda mais... complexas. Vejo o Instagram dela, Vita, essa garota é hétero com toda certeza.
— Eu sei disso também. Por que você acha que nunca disse quem realmente sou?
Suzumi a olhou. Sabia que sua amiga devia estar uma pilha com tudo aquilo; fazia uma semana que ela sequer dormia direito, então amenizou o tom.
— Escuta, não quero te encher com esse assunto. Sei o quanto ela é especial pra você, sei que é o seu primeiro amor. Sou sua melhor amiga, eu sei de tudo isso. Eu só quero que você esteja pronta. Ela pode tanto continuar querendo te conhecer, como pode nunca mais querer falar com você de novo.
Ela concordou, ficando triste. Então, pediu pra Suzumi desaparecer. Sua amiga rosnou.
— Tem momentos que nem sei por que continuo sua amiga!
— Deve ser porque eu pago bem.
Suzumi parou, pensando por um momento.
— É, acho que é por isso mesmo. Ok! Se cuida, está bem? Vou para a cafeteria; se você precisar, me liga que volto aqui.
Mas daí, Vita ficou ansiosa.
— Suzie...
Pronto, a hacker fodona havia virado uma gatinha assustada. Suzumi voltou e a abraçou com muito carinho, bem apertado.
— Vai dar certo, vocês têm uma ligação, não começou ontem, ela vai entender. E você vai se livrar dessa questão de vez, sei que isso te incomoda muito.
— Eu só não sei como vou ficar se ela nunca mais quiser falar comigo.
— Não vai acontecer, eu só estava sendo malvada com você. Vita, ela te respeitou esse tempo todo. Nunca te pressionou por uma foto, por uma chamada de vídeo aberta, nada. Mesmo agora, ela não fez isso, fez?
— Não, ela... é sempre muito delicada comigo. Disse que, quando eu estiver pronta, ela também estará.
— No caso... pronto.
— É, no caso, quando eu estiver pronto. Vou dizer pra ela que estou pronto hoje.
— Vita, você nunca me disse como isso aconteceu. Por que acabou dizendo pra ela que era um garoto?
— Eu não disse, ela só... assumiu que eu era. E ela é linda. Lembro de quando entrou no servidor do jogo pela primeira vez, câmera aberta, sem medo de nada. Todo mundo queria falar com ela, e ela quis falar comigo. Eu era insegura; ela achou que eu era um garoto, por causa do nome. Ela é colombiana, já te disse isso, não?
— Sim, mas ela mora em Bali agora, não é?
— Isso, mas nessa época, morava em Medellín. Ela deve ter ficado confusa sobre qual gênero era “Aoki”. Aí ela quis falar comigo, achou que Aoki fosse um nome masculino, e eu não a corrigi, deixei fluir, achei que não fosse durar. Muita coisa aconteceu nesse tempo todo, já nos afastamos algumas vezes, mas nos últimos três anos, nos reaproximamos novamente e... não posso perder a Jude por esse detalhe.
Suzumi riu.
— Você chama isso de “detalhe”?
Vita a olhou direto nos olhos e, se aproximando dela:
— Sou melhor que qualquer namorado que ela possa sonhar em ter. E você sabe disso. Não há nada que eu não possa fazer melhor do que qualquer homem. Principalmente na cama.
— Você é tão convencida! — Suzumi a empurrou.
— Tenta negar — Pediu, com o sorriso mais safado possível naquele rosto deslumbrante.
— Agora quero que você se foda! — Suzie disse, pegando a bolsa e saindo do quarto, mas rindo. Nunca ficava irritada de verdade.
— Me deseje sorte!
— Boa sorte! — Ela gritou já das escadas — E apesar de você ser uma idiota, se precisar de mim, liga!
Sabia que sempre podia contar com sua melhor amiga. Ouviu Suzie fechando a porta do apartamento e então tirou a camiseta, indo para o banheiro, ficando apenas de top esportivo. Precisava de um banho quente urgente. Pegou seu celular pelo caminho novamente e viu que tinha novas mensagens dela.
“Tentei te ligar por vídeo, queria que você tomasse banho comigo...”
Seu corpo reagiu só de ler. Isso acontecia, não era incomum. Jude ligava por vídeo e não se importava que Vita não liberasse a câmera: ela só queria ouvir sua voz, só queria... obedecer aos comandos que Vita adorava dar: muda o ângulo, coloca a câmera assim, me deixa ver tal coisa, se toca desse jeito. Ela adorava sua voz, sempre densa, rouca, dependendo do dia. Vita nem precisava se esforçar muito pra não parecer tão feminina falando; sua voz era naturalmente mais rouca, e, quando falava em japonês, ficava ainda mais densa. Jude estava aprendendo japonês e lhe pedia para falar nessa língua. Elas se divertiam fazendo isso juntas e, se DIVERTIAM MUITO, compartilhando um monte de sexting o tempo todo.
Sexting: sexo por mensagem de texto. E nada no mundo podia ser mais a cara delas do que isso. Claro que conversavam sobre muitas coisas e se falavam o dia inteiro, mas quando começavam com os flertes mais quentes, não havia limites para o que podiam dizer uma à outra.
Vita era sexualmente ativa desde a adolescência, mas sua primeira experiência sexual, com toda certeza, foi com Jude. Elas começaram apenas conversando e jogando juntas, assim foi por um ou dois anos, mas dessa amizade, evoluíram para flertar uma com a outra. A primeira vez que se tocou sexualmente foi com Jude, por chamada de voz. A primeira vez que gozou intensamente na vida? Foi com ela, por chamada de vídeo. Vita sempre gostou de sexo, sempre gostou de falar sujo, não tinha problemas em dizer exatamente o que precisava, e elas só... fluíam assim. Tudo naturalmente. E sim, no sexting, falava com ela como o cara que Jude imaginava que Vita era, e não podia negar que fazer isso era muito gostoso.
E menos ainda podia negar que queria fazer com ela exatamente tudo o que dizia.
Aoki tinha uma vasta coleção de brinquedos sexuais, de todos os tipos, formatos e tamanhos. Era extremamente ativa com garotas e amava ser dominante, adorava fazer exatamente o que passava pela sua mente. Gostava da ideia de fazê-las se ajoelhar durante o sexo oral, amava penetrá-las em várias posições diferentes e gostava de pensar que estava com Jude. Essa ideia só... a enlouquecia. Às vezes, gozava sem sequer precisar se tocar, apenas com a imagem dela na mente. Era assim o quanto era louca por ela.
“Me manda uma foto? Estou entrando no banho agora. Lembra que a gente marcou de conversar mais tarde?”
Ela mandou uma foto: rosto limpo, cabelos molhados, olhos afiados olhando para a câmera, cropped branco, tomando chá gelado de morango com canudinho, sensualmente preso entre os dentes dela.
“Quer me fazer gozar no banho mesmo?”
“Eu sempre quero te fazer gozar. Tanto quanto quero te fazer feliz. Claro que lembro que vamos conversar mais tarde. Por onde vamos falar?”
“Facetime, baby.”
“Ok, vou ficar bonita pra você.”
Seu coração acelerou só de ler isso. Ela falava como se já não estivesse bonita o suficiente apenas do jeito que estava, logo após sair do banho, depois de mais um dia de praia, o que mantinha aquela pele deliciosamente sempre bronzeada. Jude morava em Bali; seu pai era jornalista e a mãe, escritora, e foi assim que eles acabaram indo para a Ásia quando ela tinha dezessete anos. Elas estavam mais afastadas nessa época, mas com a mudança pra Manila, nas Filipinas, Jude ficou a apenas quatro horas de voo de Tóquio, então elas voltaram a se falar diariamente.
Porém, justamente naquele momento, Vita estava estudando em Nova York, e a vida era extremamente corrida. Foi então que, no seu último ano de faculdade, Jude se mudou para Bali, na Indonésia, e elas voltaram uma para a outra de maneira diferente. Não sabia explicar, só... foram irresistivelmente atraídas uma pela outra novamente. Quando Aoki voltou pra Tóquio, aos 22 anos, não pararam mais de falar sobre se encontrarem. Ela já estava ganhando muito dinheiro com seus streamings e seus trabalhos de resgate de sistemas, uma vida que, aliás, Jude não fazia ideia de que existia. Para ela, Aoki era apenas um garoto japonês que programava jogos, e todas as vezes que tentou pagar uma passagem para ela, Jude recusou.
Porém, aceitou ajuda para se tornar influencer.
Jude havia se formado em UX Designer e também fazia um bom dinheiro com isso, mas nada comparado aos valores que o TikTok entregava pra ela depois que Aoki se propôs a editar seus vídeos. Sim, ela era designer, mas não dominava a linguagem das redes como Vita havia aprendido a dominar. E havia descoberto tudo pra ela: que tipo de vídeo fazer, como se filmar melhor. Jude era uma garota linda, praiana, morando num lugar totalmente paradisíaco. Como seus vídeos não iriam bombar? E bombaram. Assim, finalmente, ela conseguiu comprar sua passagem para Tóquio, de onde viria com seu próprio dinheiro, de maneira confortável. Afinal, nunca é seguro para uma mulher tão bonita ir encontrar sozinha um cara da internet em outro país. Ainda mais um tão esquisito quanto Aoki.
Entrou no banho e se tocou pensando nela, lembrando da última mensagem após o "vou ficar bonita pra você", que foi "vai pro banho e lembra que em dois dias, eu vou estar in loco, te chupando."
Aquela garota podia mesmo arruinar a sua vida.
Terminou o banho e começou a ficar nervosa. Saiu de roupão, entrou no seu closet. Se existia algo que Vita adorava tanto quanto jogar, era se vestir bem, e aquela era a primeira vez que estava se vestindo pra Jude. Iriam se falar por Facetime e, dessa vez, ela iria abrir a câmera. Então, pensou muito bem no que vestir. Pegou uma calça de yoga preta, mais larga, e um top também preto, com laterais vazadas, de tecido respirável - um conjunto muito athleisure de uma marca que adorava, a Alo Yoga. O top era mais longo, mas deixava ver um pedacinho do seu abdômen também; foi proposital. Prendeu seus longos cabelos escuros em duas tranças milimetricamente desgrenhadas e foi para a cozinha, se preparar alguma coisa para comer antes de falar com ela.
Seu apartamento era inteiramente clean, moderno, de conceito aberto. As enormes janelas de vidro ficavam descortinadas a maior parte do tempo, porque Vita amava olhar pra fora, ver o tempo, a cidade ativa. Morava em Omotesando, um tradicional e luxuoso bairro da capital japonesa, e uma mescla urbana e natural podia ser vista pelas janelas do vigésimo terceiro andar, onde ficava o seu apartamento. Havia optado por aquele bairro pela grande concentração de parques e lojas de moda. Podia ir a pé até uma Louis Vuitton, Dior ou Chanel; havia ateliês grandes por perto, de estilistas famosos, e só sabia que Jude adoraria essa parte. Era loucura pensar que tinha escolhido aquele bairro apenas porque sua namorada virtual gostava de moda? Tinham mais isso em comum: duas nerds de TI que amavam moda.
Sentou para comer o sanduíche e o chá especial que havia preparado, enquanto se dividia entre perder o olhar, vendo os prédios se acenderem pela janela e observar seu apartamento. Tinha a bancada da cozinha, o balcão-ilha ao meio; sua sala era extremamente confortável, com um sofá enorme, uma TV perfeita para os seus jogos, mesinha de centro. E, no andar de cima, ficava seu quarto, seu escritório e seu closet. Imaginava Jude naquele apartamento. Imaginava como seria transar com ela naquela cozinha, enquanto a cidade se acendia. E como seria dormir agarrada a ela no seu quarto, na sua cama gostosa. Como deveria ser jogar videogame com ela na sala. E transar na banheira, levá-la para comprar o que ela bem-quisesse nas lojas de moda perto de casa. Mas para que tudo isso acontecesse, aquela conversa precisava dar certo.
Então, terminou de comer, checou se estava bonita mais uma vez. Estava, isso não era um problema. Vita tinha plena consciência de que era uma mulher muito bonita; não existia olhar que não virasse quando ela passava. Se cuidava muito, sua pele era macia, perfeita, mantinha seus cabelos sempre hidratados, ia à academia diariamente; inclusive, seu abdômen era algo que suas fãs adoravam. Sabia que seu sorriso tinha efeito sobre elas também, assim como seus misteriosos olhos escuros. Suzumi estava certa: confiança, Vita tinha de sobra, só não sabia como usá-la com Jude.
Estava hiperventilando pouco antes de ligar pra ela.
O coração mega disparado, a boca seca. Desceu correndo para pegar água, um chá gelado, qualquer coisa. Decidiu ligar do seu escritório, sentou-se, ligou e apagou as luzes, daí ligou de novo. Abriu um MacBook, sem motivo nenhum fechou e pegou outro, colocou os AirPods e respirou fundo. Seu celular deu sinal.
“Posso te ligar?”
Se checou na câmera. Estava muito feminina; será que devia colocar uma camiseta, desfazer as tranças ou...?
Sem tempo, ela já estava ligando.
Parte 2: A Verdade... Nua
Vita apenas respirou fundo e atendeu de uma vez, ainda com a câmera bloqueada.
— Ei, linda! — Abriu um sorriso, ainda que ela não pudesse vê-la. Sorriu porque ela estava... aff, deslumbrante de tão linda! Aquele rosto apareceu na sua tela, e seu coração só acelerou no peito. Ela havia secado os cabelos; agora estavam perfeitamente escovados, emoldurando o seu rosto, longos, castanhos. Ela havia colocado um vestidinho branco, mini, e estava ligando pelo notebook, na cama, e estava UMA DELÍCIA.
— Oi, baby — Ela abriu um sorriso lindo também. Como ela podia ser tão bonita assim?
— Adorei o retorno do seu cabelo castanho.
— Você gosta mais dele nessa cor, não é?
— Amo todas as suas versões, você fica linda nelas todas; isso nem é justo comigo. Me fala, já terminou de arrumar as suas coisas?
— Sim! Terminei agora à tarde, já chequei tudo de novo, só para ter certeza de que não esquecerei nada. Você disse que a gente precisava conversar mais sério hoje à noite, e acho que sei o que é.
Vita apertou os lábios.
— Você... sabe?
— Acho que sim. Você é muito direto, gosta das coisas bem conversadas. Quer combinar algo específico pra quando a gente se encontrar? Ou será que você desistiu de me encontrar? — Ela perguntou sorrindo, relaxada, como quem não acredita muito nessa possibilidade. E Jude estava certa. Por nada que Vita cancelaria o encontro delas. Acabou rindo.
— Não, não, eu quero muito me encontrar com você, faz anos que a gente quer isso, mas... — Respirou bem fundo, tanto que foi audível pra Jude também — Jude, tem algumas coisas que eu nunca te falei sobre mim.
— Tenho certeza de que sim, você é sempre tão misterioso.
— É... bem... — Seu coração estava martelando enlouquecidamente no peito — Por favor, só não fique muito irritada. Tenho três coisas pra contar.
Ela ficou um pouquinho ansiosa, deu pra ver. Apertou os lábios, mudou de posição na cama.
— Ok, me conta.
— A primeira coisa que eu queria dizer é que... Bem, eu não sou programador.
Ela riu.
— Disso, eu já desconfiava. Você já me mostrou o seu apartamento, não é algo que um simples programador poderia pagar. Você... tem envolvimento com o crime, algo assim?
Vita riu alto.
— Não! Quero dizer, não exatamente. Sou um hacker, Jude, mas um bom hacker. É... Trabalho ajudando pessoas que tiveram seus sistemas invadidos por hackers criminosos. Meio que ajo como um cyber security: analiso sistemas, encontro suas fragilidades e tiro hackers de dentro dos sistemas dos meus clientes. É isso que paga este apartamento aqui, além de... é... a segunda coisa que tenho que contar. Ficou muito irritada com essa primeira coisa ou...?
— Não, na verdade, acho que não há nada que você me conte que possa me deixar muito irritada. Você é o cara mais dócil que eu já conheci, e sei que, se escondeu essas três coisas, foi porque achou mesmo que fosse necessário.
— Sim, é... meio que é isso mesmo — Pigarreou.
— Eu amo o som da sua voz.
— Jude...
— Eu amo, não canso de ouvir. Ok, continua.
Outra respiração profunda e audível. Jude riu.
— Está fazendo respirações de meditação?
— Quer não me zoar? Estou nervoso!
Ela riu mais.
— Não precisa ficar. Vamos lá, me conta.
— Então, a segunda coisa que tenho pra dizer é que... sou um streamer tipo famoso aqui no Japão.
— FAMOSO?!
— Sim, é... — Riu de nervoso — Faço lives de PUBG, e elas são bem populares.
— Você tem, tipo, redes sociais públicas?
— Eu... sim — Ok, agora estava extremamente nervosa — Você quer... — Longa e profunda respiração — Posso te enviar o meu Instagram e, então, vou abrir a minha câmera.
E ela ficou muito empolgada.
— MENTIRA QUE VOU TE VER HOJE!
— Você vai — sorriu —, mas não sei se... gostará do que vai ver. Eu não sou o cara que você acha que sou, Jude.
Ela olhou bem pra câmera.
— Já te disse mil vezes que não ligo pra sua aparência. O motivo de estarmos juntos todo esse tempo é porque a gente tem uma ligação única, totalmente diferente de tudo. Eu gosto de quem você é, estou pouco me fodendo pra como você se parece.
Sorriso de Vita. Ok, precisava ser agora. Respirou fundo de novo e apenas enviou seu perfil do Instagram pra ela. E Jude sorriu ao receber a mensagem. Olhou pra câmera de novo:
— Mesmo?
— Sim. Pode clicar.
Pareceu levar horas até ela abrir finalmente a mensagem e clicar no link. Mas ela fez, com um sorriso empolgado no rosto, e então:
@theechoinyourhead
Vita Aoki
Figura Pública, streamer de games
3,3 milhões de seguidores.
— PUTA QUE PARIU! Você está de brincadeira comigo?!
— Não, eu... que se foda! — Vita apenas abriu a câmera de uma vez, e o queixo de Jude...
Caiu. Ela levou as duas mãos à boca, olhou para o perfil no celular que havia deixado cair na cama e olhou pra Vita através da câmera.
— Isso é uma piada?
— Não.
— Você é...? — Ela apenas apontou para o celular.
— Sim.
— Eu não estou falando, tipo, com um irmão seu ou algo assim?
Vita riu de nervoso.
— Baby, sou eu.
Ela parou, olhando fixamente pra tela, totalmente perdida. Pareceu até parar de respirar por um instante, e então voltou, soltando o ar sonoramente, como se estivesse realmente preso.
— Qual foi a última foto que eu te mandei?
— Cabelo molhado, top branco, linda, tomando chá de morango.
Mais silêncio chocado.
— Porra, você é linda...! — Ela disse finalmente, fazendo Vita... respirar de novo. Também tinha parado de respirar e não notou.
— Você... achou mesmo?
— Você não tem espelho em casa, Aoki, por favor?! Aoki é... nome falso?
— É sobrenome — Ainda estava pra morrer de nervosa, seu rosto todo vermelho na câmera.
— Vita é o seu nome?
— Isso, meu pai é italiano, minha mãe, japonesa.
— Eu sei, você já me contou isso. É... — Seguia olhando — Meu Deus, você é muito feminina...!
Vita riu de novo.
— Eu posso ser menos. Tenho um estilo...
— Tomboy também — Os olhos dela haviam voltado para o seu perfil no Instagram, aberto no celular. Havia pegado de volta e estava rolando o feed — Acho que... já vi o seu rosto antes.
— A gente se segue.
— COMO ASSIM A GENTE SE SEGUE?!
— Eu te segui há uns dois anos, você me seguiu de volta.
— Você é uma gata, é claro que devo ter seguido. Caramba, você é mulher...!
— Sim, é... sim.
Ela olhou pra Vita de novo.
— Você já me comeu de todas as maneiras heterossexuais possíveis, garota!
— Eu sei, eu... devia ter dito antes.
Ela a seguia olhando.
— Você goza mesmo comigo?
— Jude...
— Goza ou não? Porque eu te estimulo como se você fosse um cara.
— Eu gozo forte com você me estimulando assim.
— Mesmo quando digo que vou chupar o seu pau e...
— GAROTA! — Ficou quente só de ouvir.
— Ainda assim funciona... — Ela realizou e sorriu. Um sorriso enigmático.
— Jude, por que você está sorrindo assim, pelo amor de Deus...?!
— Você pode... ficar de pé?
— O QUÊ?
— Quero te ver por inteira, posso?
— Você...?
— Sou sua namorada, não sou?
— Tipo, você ainda é mesmo...? — Olhos fixos nos olhos. E Jude...
Mordeu a boca.
— De pé, eu quero te ver.
Vita obedeceu. Se colocou de pé.
— Você consegue ver ou...?
— Coloca a chamada também no seu celular.
Fez o que ela pediu, espelhou a chamada para o seu celular, deixando-a com dois ângulos seus: o do MacBook e o do celular em suas mãos.
— E... o que você quer ver? — Estava acostumada a dar ordens, não a recebê-las, mas enfim.
— Aproxima no seu rosto, me deixa ver você de perto — Jude estava com os olhos grudados na tela. Grudados... nela.
Vita obedeceu.
— Assim?
— Seus olhos brilham.
— É que estou te olhando.
— Daí ficam brilhando assim?
— É... sim.
— Inclina o celular um pouquinho?
— Hum... assim? — Tirou do rosto, apontou pra baixo.
— Seu decote, aham, assim. Posso... ver?
O coração de Vita estava todo errado no peito.
— Você diz...?
— Onde você está?
— É... no meu escritório.
— Vai para o quarto?
— Jude...
— Por favor, quarto.
Foi para o quarto, com o MacBook e o celular, continuaram conversando, falando, e quando Vita chegou ao seu quarto...
— Fuck! — Jude estava tirando o próprio vestido, ficando apenas de calcinha. Os seios lindos, aquele corpo todo curvilíneo, ela se colocando muito perto da câmera.
— Tira essa calça pra mim?
— A gente vai...?
— Eu sempre quis foder uma garota. Tira pra mim, hmm?!
Respiração TOTALMENTE PRESA na garganta. Vita se apressou, posicionou o celular e o Mac, e tirou a calça de yoga, revelando uma calcinha preta minúscula por baixo. Jude se ajustou na cama, abrindo as pernas, começando a se tocar por cima da calcinha, olhos fixos na tela.
— Esse seu abdômen é gostoso, não é? — Jude perguntou, irresistivelmente sexy.
— Quer ver?
— Tira pra mim?
— Jude...
— Eu quero a verdade... nua. Tira pra mim?
E, olhando-a no fundo dos olhos, Vita tirou o top, e aquela boca... salivou. A respiração de Jude ficou mais densa, mais acelerada, e Vita subiu na cama, se aproximando mais, deixando-a ver mais.
— Jude, você está jogando comigo?
— Somos jogadoras, não? — Puxou a calcinha de lado, deixando ver.
— Garota...
— Quer que eu me penetre? Então, me mostra.
— Jude, você quer que...?
— Senta na cama, abre as pernas, puxa a calcinha de lado e me mostra.
Vita não fazia ideia de como exatamente havia acontecido, mas quando deu por si, estava se tocando junto com ela.
As duas nuas, calcinhas de lado, dedos tocando por fora, estimulando, entrando, saindo, tudo enquanto falavam, enquanto se davam ordens, enquanto ela lhe dava ordens. Vita nunca havia sido submissa a ninguém, mas ali estava, obedecendo àquela garota, fazendo exatamente o que ela dizia, entregue, dela, domada. Se tocaram, se olhando pela primeira vez, falando, dando ordens e obedecendo. Vita podia estar domada, mas Jude adorava ser dominada por ela também, e foi UMA DELÍCIA poder fazer isso com aqueles olhos cravados nos seus, obscuros de tanto tesão. As duas, muito molhadas, visivelmente excitadas e, entre gemidos, espasmos, domínio e submissão, elas começaram a gozar juntas. Se imaginando juntas, falando bem sujo, do jeito que as duas gostavam e só...
Terminaram exaustas, nuas, suadas, ofegantes, após terem gozado intensamente, densamente, e Vita não fazia ideia de metade das coisas que haviam acontecido.
— Jude...
— Meu voo é depois de amanhã — Ela disse, ainda ofegante — Você vai me buscar no aeroporto?
— Claro que sim.
— Então... você me dá esse tempo?
— Você diz...?
— Até eu chegar aí. Preciso pensar nisso tudo, Aoki.
Ok, aquilo foi inesperado. Não tinha acabado de fazer sexo virtual com ela, mostrando ângulos seus que até a própria Vita desconhecia?
— Então, eu devo...?
— Só me dá esse tempo. Não vamos nos falar por esses dias. Quando eu chegar, te aviso e... a gente conversa, pode ser?
Não era como se Vita pudesse decidir por algo diferente.
Parte 3: It's Just a Game
Não foi como se tivesse feito muitas coisas naqueles dois dias que Jude pediu que ficassem separadas.
Sim, eram apenas dois dias, mas o triplex que aquela garota havia alugado na sua mente lhe tirou toda e qualquer energia. O que havia acontecido exatamente? Vita estava tão nervosa que achou que podia ter esquecido algo importante entre contar a verdade, revelar quem era, o sexo virtual INSANO de tão gostoso e o pedido de tempo. Fez o mínimo nos dias que vieram depois: resolveu alguns problemas administrativos do café, checou se seu apartamento estava impecável, tentou ver algumas séries, mas a verdade é que não conseguia parar de pensar nela. O que teria sido? Ela havia realizado uma fantasia e só? Será que ainda vinha ou...? Nem disso Vita sabia direito. Fez alguns stories, esperou que ela ao menos visualizasse, mas não, nada. Jude parecia ter simplesmente desaparecido.
No caso, desaparecido apenas da sua vida, porque o Instagram dela mostrava que ela simplesmente seguiu a vida normalmente. Foi pra praia, postou fotos de um almoço em um restaurante vegano, fez vídeos com amigas num shopping e, quando o embarque se aproximou, nada. Nenhum story que fosse para ao menos dar a entender que ela pegaria um avião em breve. E quando Vita acordou naquela manhã em que Jude deveria ter embarcado, não teve controle nenhum sobre sua própria ansiedade.
Acordou antes do sol nascer, colocou um short, um moletom, tênis, boné nos cabelos e saiu pra correr, pois era tão cedo que sua academia ainda estava fechada. Correu dez quilômetros, a academia abriu, passou duas horas se exercitando e, quando terminou, foi quebrar o jejum no seu café, que ficava a dois bairros de distância. Correndo? Sim. Estava nervosa assim.
— Relaxa, ela vem — Suzumi tentou confortá-la enquanto tomavam café juntas. A cafeteria de Vita era, na verdade, um quiosque, situado no meio de um parque, em uma enorme área verde. Havia o quiosque e, ao redor, diversas mesas de piquenique. Era um lugar muito agradável para se estar.
— E por que esse silêncio todo?
— Por quê? Ela é uma jogadora, Vita. E você também é, só esquece disso quando se trata dela. Que horas você vai para o aeroporto?
Tecnicamente, ela deveria estar chegando às quatro da tarde. Vita voltou pra casa de Uber, desta vez. Tomou um banho longo, fez o almoço e ficou de bobeira até perto do horário em que decidiu se vestir. Com antecedência, porque não sabia o que usar, o que era adequado ou não. Quer saber? Iria DESLUMBRANTE. Uma baita de uma gostosa. Se ela não aparecesse, estaria mais do que pronta para sair com um dos seus contatinhos. Pronto, estava decidido. Escolheu uma minissaia preta, camisa branca de botões, meias brancas e mocassim nos pés. Deixou os cabelos soltos, colocou uma gravata - nenhuma dificuldade para fazer o nó - e uma jaqueta de couro por cima, do mesmo comprimento de sua minissaia, para criar um efeito. Era boa em criar efeitos. Colocou seu relógio, checou seu celular. Não, nenhuma mensagem. Desceu pra garagem do seu prédio, destravou seu Nissan GT-R cinza evaporado - um presente especial repousava no banco da frente - colocou seus óculos escuros e, quando começou a dirigir, a ansiedade apenas partiu do seu corpo.
Suzumi tinha razão, ela viria. O silêncio era uma jogada, justamente pra aumentar a ansiedade de Vita e manter sua atenção voltada pra ela. Sabia que Jude era hétero, mas com quantas héteros já tinha ficado? Vita sabia como seduzi-las. Se ela não ficou furiosa com as coisas que havia escondido, podia, sim, seduzi-la. Deu uma olhadinha para o banco do passageiro: era uma sacola de papel branca, com o logo da Chanel e uma rosa preta escapando, uma única flor. O Aeroporto Internacional de Tóquio ficava a meia hora, mais ou menos, do bairro onde morava. Com trânsito, uns quarenta minutos, e o caminho foi muito tranquilo. A chave havia virado na sua mente: não era mais Aoki, o namorado inseguro e esquisito de Jude; agora ela era Vita Aoki, a gamer e influencer gostosa que tinha uma legião feminina como público principal.
Nada é mais perigoso do que uma mulher com charme, e Vita sabia que tinha isso muito bem.
Chegou, estacionou o carro e desceu com sua sacola Chanel, com a flor preta escapando na ponta. Entrou, checou a hora no relógio; os óculos escuros protegiam seus olhos. Deu uma olhada no painel com as chegadas e viu que ela já tinha pousado, tecnicamente, há uns vinte minutos. E então, um sinal de vida. Aquele rostinho lindo apareceu nos destaques do seu Instagram e, quando Vita checou o story, acabou sorrindo inevitavelmente. Sorrindo, olhou ao redor porque era uma foto sua, olhando o relógio, com a sacola em mãos, distraída, sexy, intimidadora. Era assim que parecia quando andava sozinha por aí? Seu rosto não aparecia na foto, estava de lado. E, ah, sim, a legenda dizia o seguinte: “Duvido alguém aí ter uma namorada mais gostosa do que a minha.”
E então, um sussurro atrás de si:
— Baby, sou eu.
Vita se virou e era ela.
A enlaçou pela cintura com um dos braços e a abraçou imediatamente, sentindo os braços dela cruzarem pelo seu pescoço, grudando-a contra seu corpo. Perdeu o nariz na curva do pescoço dela, porque Jude estava cheirosíssima e LINDA, muito estilosa. Os cabelos estavam presos num rabo de cavalo; usava um camisetão branco, longo, que alcançava a barra de seu short jeans, um casaco tão longo quanto, preto, alinhavado com fios dourados, cheio de bolsos, botons, alfinetes, botões dourados. Botas de cano curto nos pés. Linda, linda, linda!
E o coração das duas estava tão disparado que dava para sentir os batimentos uma da outra.
— Você... veio mesmo.
— Claro que vim — Jude beijou seu pescoço, ainda toda apegada — Eu só precisava... colocar a minha cabeça em ordem.
— O que estava fora de ordem?
Jude a olhou nos olhos, a mão segurando o casaco dela, mantendo a mínima distância:
— Principalmente? “Será que posso namorar uma mulher?”
— E você chegou a uma conclusão ou...?
Jude sorriu. E então, olhou pra baixo, para a sacola na mão de Vita:
— Uma flor preta...?
— Aham, você não gosta de flores coloridas, então pintei essa de preto pra você.
Outro sorriso lindo naquele rosto masterpiece.
— Posso...?
Vita passou a sacola para a mão dela e pegou gentilmente a mala de puxar, e Jude pela mão. Ela não recusou sua mão. Passaram a caminhar pelo aeroporto.
— É tudo seu.
— Chanel?
— Acho que te serve muito bem. Então, sou sua namorada?
— Você viu meu story?
— Claro que vi. Você já tinha me visto há muito tempo?
— Aham. Me escondi rapidinho pra tirar uma foto sua. Estou nervosa, Vita.
Olhou pra ela, abriu um sorriso, a cheirou um pouquinho.
— Eu também estou. Estava confiante até você aparecer. Você está linda!
— Você é linda, é um absurdo de tão bonita. Sabe que... é confuso, mas faz sentido. Eu sempre fui tão aberta com você, de um jeito que não conseguia ser com nenhum outro garoto. Eu te imaginava de um jeito, achava mesmo que você era um nerd japonês que devia ser inseguro com a própria aparência.
— E seria tudo bem pra você mesmo se fosse isso?
— Seria tudo bem pra mim se fosse isso.
— Ainda que eu fosse tipo aquele cara de preto ali?
Olhou para o cara e riu. Era um nerd clássico.
— Vim preparada para isso.
— Ainda que fosse bem insalubre?
— Você deixa de ser idiota! — Jude ria, mais relaxada. Estar agarrada na mão dela era tão bom — Sabe o que é surpreendente? Nem esquisita você é, podia ser uma garota esquisita, mas é uma gostosa, que veste... — deu uma olhadinha na roupa dela — Dunst, uma marca moderna coreana que só quem entende muito de moda conhece. Fiquei triste depois que a gente transou.
— Triste...?
Ela se agarrou no seu braço ainda mais, se recostando inteira.
— Sim. Porque o Aoki está morto. Eu realmente senti que ele morreu porque você é completamente diferente da ideia que eu fazia dele.
— E isso é bom ou ruim?
— Eu não sei. Acho que, com a gente convivendo aqui, eu vou conseguir descobrir as coisas de... melhor maneira.
Vita a olhou novamente.
— Temos tempo, hum?
— Nós temos.
Foram em um silêncio estranho até o estacionamento. E então:
— Esse é o seu carro?
— Sim, é... — Vita abriu o porta-malas, guardou a mala, a guiou para o lado do passageiro, abriu a porta pra ela — É recente.
— De jeito nenhum que você seria só um programador!
Vita riu, a segurando na porta por um pouquinho. Estavam tão perto uma da outra. Ainda nem acreditava que... Caramba, Jude estava bem ali, bem na sua frente!
— Me fala, você está muito cansada? Quer que eu te leve ao seu hotel ou a gente pode fazer alguma coisa agora, conversar em algum lugar. O que você quer?
Jude mordeu os lábios. Tinha chorado um pouquinho pela morte de Aoki, mas ter Vita subitamente na sua vida era... fora de série. Ele podia continuar morto se fosse pra ter aquela gostosa na sua vida, com toda certeza. Aoki sempre havia sido a pessoa dos seus sonhos, a questão agora era se dar conta de que a pessoa dos seus sonhos existia mesmo e era uma mulher.
— Eu quero... ir pro seu apartamento — Disse, levemente a puxando pela gravata.
— Você... — sorriso canalha, de canto de boca — quer ir pro nosso apartamento?
Sorriso de Jude.
— É nosso?
— Se você quiser, é nosso — A recostou contra a porta, fechando-a com o seu corpo.
Jude respirou muito fundo, a mão suavemente indo para o abdômen de Vita, porque precisava sentir. Desde quando a viu por videochamada, era a coisa que mais precisava sentir como era.
— Me diz que você está pronta pra mim — Jude pediu.
— O que seria estar pronta pra você...?
Olhos fixos nos olhos, então Jude aproximou a boca do seu ouvido:
— Pronta pra me comer da exata maneira que você sempre prometeu que faria.
Vita a empurrou pra dentro do carro e a beijou imediatamente, fazendo-a se sentar no banco do passageiro, fechando a porta como dava. Foi para o colo dela, de frente pra ela, pegando-a em um beijo intenso que deixou Jude sem saber direito nem onde estava.
— Porra, boca macia, pele gostosa...! — Arrancou a jaqueta do corpo dela, puxando-a contra si, apreciando aquela sensação tesuda que era ter uma garota no seu colo.
— Sou a sua primeira garota? — Vita baixou o casaco dela, pegando-a, sentindo-a. Ela era toda gostosa, suas mãos não queriam sair de cima dela.
— Claro que é! Eu... — Gemeu, com a boca dela pelo seu pescoço, as mãos nos seus seios, e as suas mãos foram para os seios dela. Caramba, era BOM! COMO PODIA SER TÃO BOM?! — Era hétero...
Ela sorriu, maliciosa.
— Era? Já no passado?
Jude agarrou o queixo dela com firmeza, olhando-a bem nos olhos:
— Você é minha. E sendo minha, eu estou aqui pra obedecer a você — Lambeu a boca dela, fazendo-a estremecer de tesão.
— Jude...
— Dirija para o nosso apartamento. E eu não sei como você pretende me foder, mas tem que ser assim que a gente passar pela porta.
Não sabia muito bem como havia conseguido dirigir de volta para o apartamento, mas de alguma maneira, Vita conseguiu, mesmo com ela no seu pescoço, com as mãos dela pelo seu corpo. Havia coisas que ela queria sentir, que precisava sentir e que não conseguia esperar; ela queria explorar. Jude checou se Vita estava à vontade com ela, se podia estar tocando tudo o que estava tocando. Sim, estava totalmente à vontade, e suas mãos só não estavam em cima de Jude imediatamente porque precisava dirigir. Pronto, chegaram. Vita estacionou, recuperaram a mala, subiram pelo elevador e sim, os beijos continuaram no elevador, mesmo que isso fosse uma falta grave para o seu condomínio. Se fosse multada, pagaria feliz.
Quando chegaram em seu apartamento, abriu a porta e entraram aos beijos, já arrancando o casaco uma da outra. Vita largou a mala e a pegou com tudo, a colocando contra a parede, beijando sua boca, mordiscando gostoso demais, com as mãos pelos seios dela, estimulando-a e fazendo-a gemer.
— Aoki...! — Jude reclamou. Estava acelerada demais, e Vita estava evitando tocá-la onde precisava ser tocada com URGÊNCIA.
Vita apertou a bunda dela, empurrando a parte baixa da sua cintura contra a dela.
— Você vai subir e vai entrar na porta da direita.
— Na...?
— Porta da direita, é o closet. Você vai entrar e vai vestir isso aqui — mostrou a sacola branca da Chanel — e então, você vai entrar na porta da esquerda, entendido?
Jude deslizou a mão para o meio das coxas dela, tocando-a e estimulando-a por cima da calcinha, a boca... marcando o seu pescoço.
— Garota...
— Entendido. Serei obediente.
— Como sempre? — Vita colocou os dedos na garganta dela, fazendo-a gemer.
— Aperta.
— Assim? — Foi fechando os dedos lentamente, o olhar denso, obscuro. Havia algo que não batia sobre Aoki ser um nerd inseguro, e era a confiança com a qual ele sempre lhe deu ordens. Isso não combinava, mas aquela mulher na sua frente, com aquele corpo forte e aquela mente impenetrável... Hmm, aham, isso combinava. Jude sentia que podia ser facilmente machucada por ela, e queria ser delicadamente machucada por ela; era algo que não conseguia evitar sentir. E a voz dela...
— Assim — Agarrou o punho dela, sentindo toda aquela pressão — Eu quero ser fodida pela sua voz. Como a gente consegue isso, Aoki?
Vita apertou os dedos ainda mais, não queria se descontrolar, mas Jude era... assim. Ela sempre queria o seu descontrole. Gemeu mais com o seu tranco, com o apertão que ela lhe deu.
— Sobe. Se troca. Não demora — A soltou.
Jude mordeu um sorriso e subiu. Não fazia ideia do que estava naquela sacola, mas tinha certeza absoluta de que iria querer vestir e que Vita iria querer rasgar. Ele vivia lhe dizendo isso, no caso, ela vivia lhe dizendo isso, sobre rasgar, arrancar as suas roupas, e Jude ficava louca só de pensar nisso. Porta da direita e entrou em um closet gigantesco, arrumado por marcas: YSL, Dior, Chanel, Dunst, Alo Yoga, Nike, Adidas, Louis Vuitton. Tirou as botas, se livrou das meias, tirou o camisetão e a bermuda jeans que ainda usava, e olhou o que ela tinha lhe dado para vestir. Era um vestidinho mínimo, todo preto e completamente transparente, com alças finas e uma pequena proteção nos seios, mas transparente praticamente por inteiro, sexy. Decidiu usá-lo sem nada por baixo. Tirou tudo, vestiu apenas o vestido e ouviu aquela voz densa dizendo que estava demorando muito.
— Indo, baby — Se checou no espelho, soltou os cabelos, fez duas trancinhas bem rapidinho, apenas pra seduzir mais um pouquinho. Quanto mais boa garota, mais louca Vita ficava. Pronto, estava pronta. Respirou fundo e, quando entrou no outro quarto...
Foi pega por trás, pela garganta, e assim que ela se grudou contra o seu corpo...
Jude sorriu, sentindo.
— Diz que você só colocou e não tirou a minissaia?
— Eu sou boazinha com você, vou deixar você tirar — Virou Jude de frente e a colocou contra a parede — Porra, Jude...!
— Você gostou do vestido?
— Nadinha por baixo? — A mão de Vita deslizou pela alça do vestido dela e a boca desceu para o ombro, enquanto os dedos buscavam o seio, agarrando, só querendo tocar.
— Posso pedir só uma coisa? — Jude perguntou, baixando a mão e agarrando o strap-on que Vita estava usando por baixo da minissaia.
— O que você quer, baby? — Vita se abaixou, querendo colocá-la na boca, sentir a umidade entre as coxas dela com a língua. Ergueu o vestidinho e fez isso, admirando o quanto ela era lindinha de qualquer ângulo, dando zoom com os olhos, porque já a havia visto nua tantas vezes que só queria conferir se era tudo como via nas fotos ou nos vídeos. Era mais. A lambeu ali, gostoso demais, fazendo-a gemer, recostar na parede e erguer a coxa um pouquinho, vibrando por aquilo, vibrando por sentir a boca dela na sua intimidade. Vita chupou muito forte, muito... gostosa. Como ela podia ser tão gostosa assim? Chupou, chupou e soltou, sonoramente — Delícia! — Agarrou a bunda dela, estapeou, e ela gemeu de novo — Pede, meu amor, eu vou te comer em um minuto, pede agora.
— Só... não rasga esse vestido? É que eu amei ele.
Vita sorriu. E chupou sua garota de novo, uma, duas vezes, se lambuzando nela. Jude estava EXTREMAMENTE MOLHADA, e então levantou-se. Ainda vestia a camisa branca e a gravata, muito bem alinhada. Tirou a boca e colocou os dedos nela, sentindo-a, espalhando a umidade.
— Você gostou do vestido? — A voz era densa, rouca demais.
— E-eu amei.
Olhos nos olhos, Vita rasgou o vestido. Pegou pelo decote com as duas mãos, deu um tranco e o rasgou, deixando Jude completamente descoberta.
— Eu comprei dois. Um pra rasgar e outro pra você vestir — Pegou Jude pela cintura, tirando-a do chão, e a levou pra cama.
— Você... rasgou um Chanel...! — Jude estava chocada. E com tesão. Quem rasga um Chanel?! Delícia de mulher poderosa! Como as coisas podiam ser assim...?
— Vou comprar outros pra você. Posso te comprar muito mais — Deitou Jude na cama, abriu suas pernas e a chupou de novo, agora mais intensamente, afastando suas coxas, fazendo-a gemer demais, tremular. E Jude estava enlouquecendo, sentindo aquele oral voraz que Vita tinha, cheio de fome.
— Vita...! — Agarrou-se nela, as coxas querendo se fechar, mas Vita não deixou, mantendo as pernas dela exatamente onde queria, como queria. Sua mão subiu, agarrou seu seio, estimulando-o, e Jude estava... muito excitada; seus mamilos estavam rígidos, e o meio de suas pernas pulsava, sem que ela tivesse ideia do que iria acontecer.
— Você está tão molhada — Vita desfez o nó da gravata e a tirou do pescoço, abriu o colarinho e voltou a chupá-la enquanto dobrava as mangas. Então, trocou sua boca pelos dedos, passando a penetrá-la consistentemente, enquanto sua boca explorava aqueles seios lindos e macios, tocando-os, chupando-os, estimulando-a com os dedos, entrando, saindo, passeando dentro dela. Depois, afastou-se dos seios, foi até a boca de Jude, e o beijo delas estava... perfeitamente encaixado, as línguas se tocando, engolindo os gemidos.
— Baby...
— Eu só preciso saber onde... — tocou, tocou e achou. Jude gemeu muito alto — fica o seu ponto por dentro. É bem aqui.
— Vita!
— É aqui, meu amor — continuou a estimulando, muito forte, muito gostoso, olhando-a nos olhos o tempo todo. O corpo de Jude levemente curvado, o abdômen contraído, a respiração nervosa, ofegante. Ela abriu a camisa de Vita de uma só vez, fazendo voar todos os botões pelo quarto, puxando-a pelo colarinho, grudando a boca dela na sua de novo, beijando, mordendo. E Vita sorriu, sentindo a boca dela escorregar pelo seu pescoço, sugando, marcando.
— Você rasgou a minha Dunst.
— Você compra outra — Passou as mãos por dentro da camisa, cravando as unhas nas costas dela — Baby, eu preciso...
— Eu sei — Vita apenas ergueu a sua minissaia e a penetrou.
A mão na garganta de Jude e os olhos grudados nela, observando cada segundo de reação enquanto Vita colocou seu brinquedinho inteiro dentro dela. Assistir entrar, assistir desaparecer pra dentro dela... Vita xingou e Jude a enlaçou com as pernas, puxando-a pra cima, se agarrando inteira nela, enquanto Vita apenas começou a se mover, deslizando pra dentro dela, saindo só um pouquinho, voltando, movendo os quadris, rebolando, a sentindo gostosa demais, uma delícia! E os gemidos de Jude, os dedos dela se apertando na sua pele... As coxas bem afastadas, porque Vita queria mantê-la assim, seu corpo muito em cima do dela, a boca dividida entre beijar aquela boca gostosa e chupar aqueles seios nos quais estava VICIADA. Jude arrancou sua minissaia, estourando o abotoador, expulsando-a pelas pernas, arrancou a camisa também, o sutiã em dois movimentos e, pronto, ela estava completamente nua em cima de si. Vita adorou ser atacada, Jude agarrando seus seios, os colocando na boca, tremulando contra a cama porque estava muito dentro dela, muito firme, bem do jeito que havia fantasiado tantas e tantas vezes.
— Machucando, baby? — A voz rouca com a boca grudada na orelha de Jude, que gemeu só de ouvir.
— Nem perto — Apertou os dedos nas costas dela de novo — Quero você me comendo como faz com todas as vagabundas que traz pra cá.
Não levava nenhuma vagabunda pra casa, mas entendeu exatamente o que ela queria.
Vita saiu de dentro dela, a virou na cama, a colocando de quatro e, então, se colocou sob o joelho direito, manteve o pé esquerdo firme na cama, a segurou firmemente pela cintura e só voltou pra dentro dela. Agora, sim, voraz, entrando em outro ângulo, em diagonal, onde conseguia ir mais fundo nela. Uma mão segurando o cabelo de Jude em feixe, a outra mantendo-se na cintura dela, a prendendo, e assim que bateu dentro dela daquele ângulo...
Ela gemeu diferente, muito forte, muito alto, enquanto Vita a empurrava contra a cama, fazendo a cabeça dela descer, os quadris subirem enquanto se movia pra dentro dela, enquanto seu abdômen marcava gostoso, os músculos das pernas, dos braços, totalmente ativados, e seus olhos estavam totalmente obscuros. Entrou forte nela, entrou fundo, e não durou, não tinha como durar. Sabia onde bater, sabia exatamente aonde ir dentro dela, e não estava aguentando a vontade de vê-la gozando. Deixou que ela gozasse, ferozmente, com a mão de Jude jogada pra trás, agarrando e arranhando sua coxa, os gemidos ficando muito altos, as duas totalmente suadas, e Jude se sentindo totalmente preenchida por ela, sentindo aquelas estocadas, e só veio, forte demais, se arrastando por dentro, crescendo pelo abdômen. Ah, sem nenhum pouquinho de dúvida, o orgasmo mais intenso que já tinha sentido na vida.
E Vita deslizou pra fora dela, colocando a boca imediatamente, porque queria sentir o gosto dela gozando, que sabor ela tinha. Haviam começado de quatro e terminado totalmente grudadas uma na outra, contra a cama, porque Jude foi ficando sem forças, foi estremecendo, até não conseguir mais.
Vita a lambeu, provou e a virou de frente, indo pra boca dela, pra beijá-la, senti-la e...
— Jude...
Ela apenas a olhou nos olhos. Obscuros? Com toda certeza!
Empurrou Vita, a fazendo se ajoelhar, e pela primeira vez pôde ver o strap-on claramente. Sorriu, parecia um doce espiralado: era verde-azulado, depois azul-esverdeado e, pink na ponta, todo em tons pastéis. Colocou a língua na ponta pink, e Vita reagiu. Aquilo era mental, sabia que era. Se gozava enquanto Jude dizia a ela coisas altamente masculinas, sabia que era muito mental. Ela reagiu e reagiu mais ainda quando Jude colocou o brinquedo na boca, chupando um pouquinho, se inclinando pra ela, ficando de quatro na cama de novo. Olhos nos olhos mais uma vez, e Jude tirou da boca e foi deslizando a língua pelo strap-on, por toda a extensão, da ponta até a base, densamente, lambendo seu próprio gozo, sexy demais, deixando Vita...
Estremecendo de tanta vontade.
— Gostoso! Mas tira, baby, está em cima do que eu realmente quero chupar.
Vita tirou imediatamente. E foi denso, intenso, esfomeado. Deitou-se pra trás e Jude enfiou a língua em sua intimidade, sem direção definida, apenas muito faminta, pegando firme, forte, chupando, lambendo, tudo junto. Vita precisava do mínimo estímulo pra gozar e não conseguiu se controlar com aquela delícia entre suas pernas. Jude a chupou, a lambeu e, quando pegou o jeito, prendeu o clitóris dela, chupando muito forte, varrendo vorazmente com a língua, enquanto Vita a apertava, enquanto vibrava contra a cama, enquanto gozava, de novo, porque já tinha gozado com a penetração antes e agora só...
Perdeu todo seu tônus muscular quando terminou de gozar. Seu abdômen marcadinho foi mordido por Jude logo em seguida, porque foi irresistível demais. Ela mordeu de passagem enquanto subia pra boca dela, pra beijá-la de novo. Então, deitou a cabeça no peito dela, recebendo um beijinho de Vita na testa, as duas suadas, ofegantes, com o coração batendo por cada pedacinho do corpo de ambas.
— Eu quero te chupar todos os dias — Jude disse, toda agarrada nela.
— Ah, baby, eu quero te chupar todos os dias. Como a gente resolve isso?
Ela se virou na cama, pedindo conchinha, e Vita obedeceu.
— Não é apenas um jogo?
— Você está me perguntando?
— Sim, você só está jogando comigo?
— Jude, esse apartamento é nosso, nenhuma outra jamais entrou aqui. Eu comprei o apartamento porque achei que você ia amar o bairro, e você vai. Assim como vai amar o café que abri.
— Espera, você abriu um café?
— Sim. Não quero fazer o que faço pra sempre. Eu não te contei, mas fiz tudo por você. Até o pau que parece um doce, brinquedinhos sexuais coloridos, flores pretas, você ama.
Jude riu, era verdade.
— Então, o que a gente faz?
— Você diz, pra gente poder se chupar todos os dias...?
— Aham.
Vita mordiscou a orelha dela e, com a boca muito grudada no lóbulo do seu ouvido, sussurrou:
— Você fica. Você não volta. Isso não é um jogo, faz dez anos que eu sou sua. É hora de... você tomar o seu território.
Jude sorriu, sentindo arrepios descendo pelo corpo, pois a voz dela... era erógena para os seus sentidos.
— Você é meu território?
— Eu sou. Você é meu território?
Jude se virou nos braços dela, para olhá-la nos olhos.
— Sim. A pessoa dos meus sonhos é uma mulher. E eu estou pronta para a próxima fase.
Notas da Autora: Tessa Reis
Hola, guapas e guapos! Como estamos?
Bem-vindos de volta à biblioteca secreta de Reira Kato! Espero que tenham curtido o segundo conto, onde pudemos reencontrar Jude e Vita em Tóquio, em outro cenário e em novo plot!
O que acharam da versão gamers das nossas garotas? Dizem por aí que este conto, Reira enviou pra Zoe no meio de uma madrugada solitária, onde as duas estavam em cidades separadas para compromissos de trabalho. 👀
Prontos para o conto 3?
Mais 100 comentários e teremos Vita e Jude se conhecendo novamente, mas agora, em Miami, em um aeroporto super movimentado e muito atento a passageiros suspeitos. 🧐
Besos, La Guapa 💋
Uau!! Muito bom!
😚 Incrível!
Nossa que conto espetacular 🔥
🔥🔥🔥 tá ahazando nessas hots! Amei
Caralho, Tessa, obra de arte. Minha empolgação no início tava parecendo eu lendo 6am ou Terra-47. Amei! E muito ansiosa pra Affogato… ótima sequência :)