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ACRÓSTICO 10

Foto do escritor: Tessa ReisTessa Reis

Capa Acróstico
Acróstico


Gorgeous Couple



Na parte de trás do seu cérebro, Presley tinha certeza de que deveria estar o seu antigo senso de sempre saber o que vestir em qualquer ocasião, provavelmente junto com os amassos que havia dado em Aliana e que havia esquecido.


Sério que tinha sido tão interessante assim e havia esquecido? Talvez o seu cérebro apenas tenha amortecido a memória da sua era piranha depois que se tornou mãe, junto com isso, apagando parte de seus instintos, a ponto de estar há quase uma hora olhando para o seu armário sem ter a mínima ideia do que vestir. Aika entrou no quarto, tomando uma vitamina de banana em seu copinho de canudo, sentou-se na cama ao lado de Presley, encarando o guarda-roupa com ela.


— Como é possível você ter mais roupas do que eu? — Presley sinalizou para sua filha.


"Você compra roupas demais para mim, mamãe." Ela sinalizou de volta, tomando outro gole de sua vitamina tranquilamente.


— Verdade, tudo para você, nada para mim.


"Eu te daria todas as minhas roupas, mas não servem." Os dedinhos dançando no ar, e Presley não aguentava. A pegou no colo, a encheu de beijos, a fazendo rir.


— Você me daria todas, meu amor?


"Todas!" Ela respondeu com aquele lindo sorriso aberto.


E o celular de Presley tocou. Era "Park Manu 🥵". Fez uma nota mental para alterar o contato dela.


— Ei...

Oi — Ela respondeu em português; havia dito "oi" no dia anterior e Presley achou a coisa mais fofa.

— Está usando como arma.

— O "oi"? — Hanni perguntou rindo.

— Você está, eu sei, Park Manu. Oi, como você está? Nervosa?

— Eu não aguento com você me dando "oi" em português, uso reverso da arma! Estou um pouquinho mais nervosa agora porque meu irmão grudou em mim, Pres, está insistindo para eu ir almoçar com ele, no apartamento deles e...

— Ah... — Saiu com decepção — Tudo bem, não tem problema, a gente pode se encontrar direto na academia.

— Não, não! Estou ligando para saber se você aceita almoçar aqui, se teria algum problema para você.

Hum, almoçar com a sua família?

— Isso, as crianças estão aqui, querem ver a Aika. Meu irmão pediu que eu te convidasse, ele está fazendo comida coreana.

— Adoro comida coreana.

Hipócrita! — Disse, a fazendo rir — Ele está fazendo frango, kimchi, camarões, então será que você aceita vir?

— Claro que aceito, Hanni. Só que agora, eu tenho um problema em dobro, não faço ideia do que vestir numa graduação e agora tem um almoço em família, são dois eventos distintos.


E Hanni já estava rindo demais.


— Pres, venha de moletom e camiseta, se quiser, é suficiente.

— Mesmo?

— Claro que sim! Você vai estar linda, não importa o que esteja usando. Então, nos encontramos em uma hora?


Presley deixou um sorriso escapar.


— Em uma hora.


Desligaram.


— Moletom e camiseta.


Parecia uma boa ideia.


Havia comprado uma calça moletom há um ano, amarelo bem clarinho; achou a calça tão bonita que não havia encontrado lugar para usá-la ainda. Beware of all enterprises that require new clothes - ou seja, cuidado com todos os empreendimentos que exigem roupas novas, Presley lembrou de repente. Era uma citação de Henry David Thoreau, autor de "Walden", um dos seus livros preferidos. Amava que tal frase tenha sido dita no século XIX e se mantivesse moderna a ponto de abrir outro livro preferido seu, "O diabo veste Prada". Presley teve que comprar roupas novas quando ingressou na embaixada, roupas novas quando se casou, roupas novas quando teve Aika, mas agora parecia estar... num caminho reverso. Aparentemente, nos últimos dias, parecia estar voltando para suas roupas originais, sua pele original? Será que era isso? Vestiu a calça moletom e, pensando como a Presley de antes, achou uma camiseta branca de mangas curtas, gostou, então achou que podia ficar melhor.


Amarrou a camiseta para trás, encurtando-a, deixando uma nesga do seu abdômen à mostra, delicado e elegante. Os cabelos soltos, maquiagem natural, óculos escuros. Aika quis ir igual, o que Presley entendeu como um elogio. Ela não tinha uma calça moletom amarela, mas aceitou a cor-de-rosa, uma camiseta de jiu-jitsu que havia ganhado de Leo. Ele tinha essas delicadezas inesperadas. Quando Aika ficou triste por não ir às aulas naquela semana, ele chegou em casa com um quimono novo e duas camisetas para ela. Então, Presley a vestiu, prendeu os cabelos de sua menina num rabo de cavalo, deixou a franja longa emoldurar aquele rostinho lindo, e Hanni chegou. De jeans escuro, camiseta oversize, tênis, bonita sempre, não importava o que ela estivesse usando.


E ela estava inteira em peças masculinas, Tom Ford por completo.


Aika correu para ela imediatamente, e Hanni a pegou no colo, a cheirando, rindo, brincando com ela. Depois, foi até Presley, pousando um beijo no rosto dela.


— Muito simples?

— Quando você vai entender que está sempre no ponto, Park Presley? Você está linda. Gorgeous, enfim. Você quer dirigir? Acho que estou um pouquinho ansiosa mesmo.

— E dirige muito mal mesmo estando calma.

— Claro que não!

— Claro que sim! Você é boa em muitas coisas, mas dirigir não é exatamente uma delas, Park Manu — Pegou as chaves da mão dela — Vamos?


Ela sorriu, foram para o carro.


Presley atriz estava em atuação mais uma vez. Era naquele momento que cruzaria com a tal Alexia? Não deveria estar pensando muito naquilo, mas a grande verdade é que não conseguia evitar. A ideia incomodava, não sabia muito bem como reagiria. De tudo o que haviam conversado, essa parte seguiu espetando por dentro de Presley a noite inteira. Não era boba, sabia o que significava, e não era burra, sabia que não tinha nada a fazer com o que estava sentindo naquele momento. A proposta de Hanni era a correta: seriam amigas e apenas amigas. Sendo assim, precisaria, sim, conhecer as pessoas da vida dela e se comportar direito a respeito disso. Dirigiram para Takapuna, onde o irmão de Hanni também morava, e ela parecia ansiosa mesmo, a perna não parava quieta. Presley pousou a mão na coxa dela, parando aquele movimento.


Por que cada pequeno toque dela queimava? Hanni só queria entender.


Honi, está me deixando nervosa. É só pela graduação mesmo ou tem mais alguma coisa?

— É pela graduação. E, porque o meu irmão gosta de me constranger.


Presley olhou para ela, sorrindo.


— Acha que ele vai querer te constranger comigo?

— Mas com toda certeza, aquele idiota!


Presley riu.


— Ele é mais velho que você, né?

— Quatro anos. Fez 32 na semana passada. Ele tem se tornado cada vez mais protetor, sabe?

— Hum, acho que estou entendendo o convite dele.

— Como...? — E Hanni entendeu o que ela estava pensando — Não, não, você não será interrogada, nem nada do tipo, eu não disse nada que... Nada que enviasse a mensagem errada.

— Hanni, eu acho que não somos boas nisso.

— No quê?

— Enviar as mensagens certas, nós já fomos confundidas com um casal em duas semanas, muito mais do que o Leo e eu no último ano inteiro — Disse, sabendo que ela ia rir.


Ela tinha uma risada esquisita e contagiante.


— Como assim você e o Leo...?

— Tenho uma teoria: se você quer parar de parecer um casal, basta se casar.

— Eu nunca vou me casar.

— Mesmo? Nunca?

— Nunca. Acho que não seria uma boa esposa.


Presley olhou para ela.


— Acho que você seria uma ótima esposa.

— Você acha?

— Acho que você tem potencial, eu apostaria em você — E de repente, se deu conta de algo — Hanni, a gente não trouxe nada.

— Como assim não trouxe nada?


Presley pegou o primeiro retorno.


— Fomos convidadas para almoçar e não estamos levando nada, uma bebida, uma sobremesa. A gente não pode chegar assim, é indelicado.


Hanni abriu um sorriso.


— Mesmo?

— Somos convidadas, Hanni! Você chega sem nada na casa dos seus amigos?

— Na verdade, eu meio que chego.

— Não, não, não, isso é muito deseducado! Somos educadas aqui.

— A coreana gritando por dentro, meu pai!

— DUVIDO que isso aconteça no Brasil.


Hanni pensou por um instante.


— Na verdade, você tem razão, é falta de educação também no Brasil. Meu Deus, eu sou muito deseducada!


Presley começou a rir e dirigiu até um lugar que sabia que encontraria algo para comprar. Parou numa confeitaria, pegou uma torta bonita e uma garrafa enorme de limonada de morango, e agora, sim, estavam prontas para ir. Dirigiu direto e chegaram no horário certinho. Era outro condomínio, muito semelhante ao de Hanni, mas com prédios ao invés de casas. Pararam na vaga, Hanni desceu com Aika no colo, Presley com a torta e a limonada, pegaram o elevador, conversando demais porque sempre tinham algo para dizer, e finalmente, chegaram na porta do apartamento. Hanni tocou a campainha e elas seguiram conversando, olhando uma para a outra, um corpo muito perto do outro, mas sem se tocarem, não por falta de vontade. Elas se inclinavam uma para a outra a centímetros de se encostarem, mas recolhiam, paravam, os olhos conectados, os sorrisos abertos, e dava para ver tudo isso pela câmera de segurança na porta.


Sabina apontou o vídeo do lado de dentro.


— Olha aqui, o gorgeous couple que acabou de chegar — Sabina usava um top e um saião da mesma estampa, os longos dreads alcançavam a sua cintura. E Marcelo sorriu vendo a cena, de bermuda e camiseta, eles eram este tipo de casal.

— Elas realmente parecem um casal. E essa criança parece com a Manu pra caramba, não parece?

— Se a Manu fosse homem e eu fosse o marido da moça aqui, desconfiaria da paternidade. Sabe o que é muito estranho? Eu gosto dela. Trocamos três palavras na academia e eu já gosto dela.

— Deve estar atrelado ao fato de a Manu ter virado tempestade essa semana longe dela e agora estar céu azul a ponto de não estar tocando a campainha enlouquecidamente porque ainda não atendemos a porta...?

— Hum, você está certo, pode ser isso mesmo. Meu amor, escuta, eu sei que você se preocupa com a Manu, por conta das coisas que aconteceram, que ainda parecem tão recentes, mas tenta relaxar. Sua irmã é adulta, ela sabe o que faz, não é indefesa. Mesmo naquela situação, ela não estava indefesa. Ela é inteligente, não se colocaria numa posição de perigo, ela não fez isso até hoje.

— Conheço a minha irmã, Sab. Olha esse sorriso — Estavam sorrindo uma para outra de novo, rindo de alguma coisa, os corpos muito perto, mas nada de encostar — Ela já está em posição de perigo. Manu está com o mesmo sorriso besta de quando se apaixonou por uma menina chamada Camila na quinta série. Deus proteja a minha irmã, porque rendida, ela já está.

— Camila tinha um namorado, né?

— Claro que tinha — Ele respondeu, fazendo Sabina rir, e eles abriram a porta.


Sorrisos, cumprimentos, um casal puramente praiano, que recebeu Presley, Aika e Manu muito bem.


— Trouxemos uma sobremesa e essa limonada que vocês devem conhecer.

“Trouxemos” você quer dizer “você”, né, Presley? Porque conheço a minha cunhada e ela nunca traz nada, só ela mesma.

— Sou o mais importante, oras! Mas você está certa, Presley é bem-educada, lembrou de trazer algo. Sab, onde estão as crianças?

— Esperando a Aika no quarto dos brinquedos, você a leva lá?

— Pode deixar — A colocou nos ombros e a levou correndo, fazendo Aika rir demais. Presley arriscava dizer que ninguém fazia sua filha rir tanto quanto Manu.


Marcelo voltou da cozinha com dois drinques muito bonitos em taças elegantes.


— Moças, podem apreciar a vista enquanto termino o almoço.

— Você vê? Ele é educado, o problema é só a Manu mesmo — Sabina disse, fazendo Presley rir, e convidando-a para ir até a varanda, onde a vista era de fato muito bonita.


Muito verde, a praia se desenhava no horizonte, o mar se mesclava ao céu, o ar puro e agradável de respirar. Presley provou seu drinque, claramente kiwi com água com gás, refrescante demais. Sabina a convidou para sentar, e elas tiveram uma conversa agradável por alguns minutos, somente as duas, enquanto Manu não voltava do tal quarto dos brinquedos. E quando ela retornou, ficou na cozinha com o irmão, os dois conversando e cuidando do almoço, sorrindo demais.


— Eles se dão muito bem, né? — Presley perguntou, o sol batendo em seu rosto. Era uma varanda muito agradável.

— Os dois? São quase inseparáveis. Eu era colega de classe da Manu lá em Saquarema, e ele já era surfista. É mais velho que a gente, e todos os dias ele vinha buscar a Manu na porta da escola; chegava a ser engraçado.

— Ele sempre foi protetor com ela.

— Sempre! É oppa, né? O irmão mais velho mesmo. Manu sempre foi bonita, Presley, pode atribuir a ela aí, uma vida inteira sendo bonita. Ele se preocupava com isso demais.

— E provavelmente ainda se preocupa até hoje.


Sabina sorriu.


— Só um pouquinho. Mas ele não vai interrogar você, não, eu o proibi de fazer isso — Disse, fazendo Presley rir um pouco.

— Eu estava conversando com a Hanni no carro sobre isso. Vocês sabem que sou casada, obviamente sabem — Mostrou a aliança no dedo — E ela tem uma grande preocupação em não enviar nenhuma mensagem errada sobre nós duas, mas tenho plena consciência de que falhamos nisso, por algum motivo desconhecido.


Sabina a olhou nos olhos.


— Vamos lá, não é tão desconhecido assim. Sei que você é casada, ela sabe disso, e você também sabe, mas... Você está aqui, almoçando em um sábado com a família dela. Sem o seu marido.

— Ah, ele não viria, está sempre trabalhando o tempo todo. Diante desses fatos que você trouxe, não preciso dizer que o casamento não funciona mais. Eu não estaria aqui se funcionasse, pelo menos, não desta forma. E não, não estou dando nenhuma desculpa. Hanni é minha amiga, uma amiga que eu estava precisando muito que surgisse. A maternidade meio que... me isolou. Fui mãe relativamente jovem, as minhas amigas ficaram na faculdade, nas baladas, e eu fui para um mundo bem diferente. Sei que você me entende.

— Entendo, sim, eu senti esse isolamento também, temos quase a mesma idade, você e eu. Foram vários sustos juntos. Tivemos um problema sério com a Manu, a minha gravidez veio em seguida, e descobrimos que eram dois. Sempre fomos nós três, sabe? Quando os pais deles voltaram para Seul, Manu e Marcelo ficaram na minha casa, com os meus pais. Nossos pais são amigos a este ponto de confiança, então foi tudo muito... intenso. Tudo o que afeta a Manu, nos afeta. Enfim, foi um momento muito difícil. Então, os bebês nasceram, e tudo pareceu apenas se desfazer no ar. Muito amor, muito trabalho — Ela disse sorrindo — A vida vai seguindo, nos empurrando pra frente, é o que os filhos fazem conosco. E um belo dia, você acorda e percebe que, sei lá, essa vida é a minha? Você já teve essa sensação?


Presley sorriu.


— Todos os dias. Amo a Aika, claro que amo, mas são muitas coisas, muitas mudanças.

— E eu imagino que ela seja um tipo diferente de desafio e medos.

— Ela é. Me surpreende diariamente, me desafia diariamente, enfim. Ela me tirou de mim por um longo período, mas agora sinto que as coisas estão se acalmando. Estou lentamente voltando a algumas coisas minhas, e tem sido... — Os olhos foram para Hanni, sem que ela sequer percebesse — Surpreendente. Algumas coisas que são minhas e que deixei de lado até esquecer.

— Tenho uma lista de coisas que não voltaram para mim até hoje, e você está na frente nisso com toda certeza.


Então, foram chamadas para dentro, o almoço ficou pronto. Hanni estava colocando a mesa e, em seguida, buscou as crianças e trouxe os três para a mesa. Presley foi atropelada por abraços de Pipe e Mave. Sua filha voltou contando e contando coisas, e o almoço começou tranquilo, animado, cheio de conversas que não intimidaram ninguém. As ameaças de Sabina pareciam ter tido efeito sobre Marcelo, que era Bogum, claro que ele tinha um nome coreano também.


— O nome da Manu foi um erro da nossa mãe. A gente tinha uma vizinha que era Manu; ela achou que Manu era nome, achou bonito, mas, na verdade, Manu é apelido para Manuela, Emanuela. Porém, quando descobriram, a criança já estava registrada apenas como Manu. E acho que combina, você não acha que ela tem uma carinha de Manu? — Marcelo tocou o rosto dela, fazendo-a rir.

— Tem cara de Manu! — Presley confirmou sorrindo.

— Ela tem, esse rostinho de um milhão de dólares!

— Começou o constrangimento. Eu não te disse que ia ter? — Hanni disse para Presley, sorrindo.

— Leve constrangimento, não é tão grave.

— Então, você é Presley e é coreana, fiquei curioso — Marcelo prosseguiu a conversa.

— Hum, também é um mal-entendido. A minha mãe sempre foi fã da Priscilla Presley, a atriz?

— Casada com o Elvis Presley — Sabina complementou.

— Isso, essa mesma. Mas com acesso reduzido a informações, minha mãe acreditava que Presley era nome e Priscilla sobrenome, porque é invertido em coreano, enfim, foi assim que eu me tornei Presley. Para minha sorte, era estranho na Coreia, mas é comum na Nova Zelândia.

— Aqui é nome mesmo, eu ia dizer isso — Marcelo serviu um pouco da limonada para Aika, eles estavam sendo extremamente delicados com sua menina — Achei que você fosse neozelandesa.

— Não, coreana, de Seul. Então, você é surfista? — Presley perguntou para ele.

— Em final de carreira, mas ainda sou. Tenho trabalhado mais como mergulhador, a Sabina é mergulhadora profissional.

— Uau, mergulhadora?!

— Isso, eu faço mergulhos científicos, desço com uma câmera e mando imagens ao vivo para pesquisadores, cientistas.

— Os nerds que não mergulham — Hanni explicou.

— Isso, esses mesmos. Agora estou estudando Oceanografia, para me tornar um deles — Ela contou sorrindo.

— E você consegue fazer faculdade, eu fiquei surpresa com isso. Falta menos de um ano para eu me formar, mas não consegui voltar até agora.

— Mas você gostaria de voltar? — Hanni perguntou.

— Eu queria sim. Mas eu não sei em qual horário seria.

— Tem muitos cursos em EaD agora. O da Sabina é semipresencial, eu terminei a última faculdade no semipresencial também, a gente pode ver com calma.


Presley a olhou, tocando naturalmente a mão de Hanni sobre a mesa.


— Pode ser uma possibilidade. Se eu conseguir estudar de casa, basta controlar o Furacão Katrina por umas horinhas que será possível.

— A gente vê isso junto.

— Na segunda a gente olha.


Marcelo e Sabina apenas trocaram um olhar.


E o celular de Hanni tocou. O almoço já estava no final, ela pediu licença para atender em algum lugar. Presley ajudou a tirar a mesa e perguntou onde ficava o banheiro. Sabina indicou onde ficava, e era ao lado do quarto dos brinquedos, onde Hanni estava falando ao celular. Presley não queria ouvir, jurava que não queria, mas acabou sendo impossível não ouvir:


— Achei que a gente já tinha terminado essa conversa ontem à noite — A voz de Hanni estava apagada, parecia cansada — Eu não sei qual é o problema. Na verdade, eu tenho um compromisso que não posso adiar, você tem um compromisso que não pode adiar, os dois são no mesmo dia, o que você quer que eu faça? Alexia, por favor, os meus amigos estão organizando... sim, da mesma maneira que fica apertado para você, também fica para mim. Não, essa discussão toda é porque você acha que o seu evento é mais importante que o meu. Não, eu não faço questão de que você faça o impossível, você vai para o seu evento, eu vou para o meu, simples assim. Ok, ok, escuta, que seja! Que seja o que você está achando aí que é, eu não quero gastar a minha tenacidade nesse tipo de discussão, a gente se fala depois. Sim, depois, eu não vou deixar você me desconcentrar.


A ligação terminou assim. Presley ficou sem saber o que pensar. E, já era hora de ir para a academia. Se aprontaram, Presley foi dirigindo, seguindo o carro de Marcelo, e agora Hanni estava nervosa de verdade. Era claro o quanto aquele exame de faixa era importante para ela, e também ficou claro que ela havia ficado chateada com a ligação.


Hanni havia mudado.


— Hanni?

— Oi...

— Quem desalinhou os seus chacras, honi?


Ela sorriu.


— Ninguém, eu só estou nervosa mesmo.

— Sei! — Presley pegou a mão dela e deixou um beijinho — Sei que você vai se sair muito bem, é a melhor jiujiteira que conheço.

— Você não conhece muitas! — Ela contestou sorrindo.

— Mas é melhor que a Kaori, o que já é muita coisa. Me conta, por que você quer tanto essa faixa? — Pediu, sem soltar a mão dela, enquanto dirigia.

— Ah, é que assim, mudando de faixa, o projeto lá no centro de cultura pode seguir evoluindo. Tipo, se eu não avançar de faixa hoje, os meus alunos não avançam também, porque eu não posso dar aula para ninguém mais graduado do que eu. A Kaori, por exemplo, já tem jiu-jitsu para subir para a faixa roxa, mas não pode enquanto eu não for para a marrom. Estou no final da faixa roxa, é importante subir, sabe? Ou ficaremos presos mais tempo no limite da faixa roxa.

— Entendi — Ajustou os óculos escuros, sem soltar a mão dela — Você vai se sair bem, não tem como ir mal. Você treinou, se preparou, sempre levou a sério. O que pode dar errado?

— E se eu travar?

— Não vai travar. Estaremos lá com você. Você e eu, huh?!


Hanni olhou para ela, abriu um sorriso. O rosto queimando um pouquinho.


Você e eu. Obrigada por vir comigo.

Anytime, babe.


E o coração de Hanni flutuava.


 

Notas da Editora: Ana Reis


De amizade essa relação vai de vento em polpa. 🤣


Beijos! Voltamos dia 04/11.

 

E se você ainda não adquiriu Estilazo, não perca a oportunidade. Afinal, é uma história inédita de nosso site, escrita em 25 dias, com 21 capítulos, 360 páginas.












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18 ความคิดเห็น


setubalrodrigues
setubalrodrigues
02 พ.ย. 2566

Presley, vc ja conquistou a Hanni... so falta agora ela da um basta na Alexia pq esse relacionamento delas esta acabado... estou apostando todas as minha fichas em vc Presley vamos a luta garota😍

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Tessa Reis
Tessa Reis
09 พ.ย. 2566
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A minha protagonista ainda vai dar muito orgulho para vocês, eu juro, eu prometo, pode apostar na garota 🤏🏼

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Adriana Evangelista
Adriana Evangelista
01 พ.ย. 2566

"A gente vê isso junto."... e já estão planejando e compartilhando...😍

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Tessa Reis
Tessa Reis
09 พ.ย. 2566
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Me diz se já não estão casadas e nem perceberam 😭

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Ali
Ali
31 ต.ค. 2566

"por algum motivo desconhecido"...

Fica nem vermelha

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Tessa Reis
Tessa Reis
09 พ.ย. 2566
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A cara nem TREME 🤣

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sylber1011
sylber1011
31 ต.ค. 2566

O que sera q aconteceu com a Hanni…muito curiosa,,,

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Tessa Reis
Tessa Reis
09 พ.ย. 2566
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O passado que ela não consegue deixar para trás completamente 🥺

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Lorena Cavalcante
Lorena Cavalcante
30 ต.ค. 2566

Não aguento com essas duas 🥰🥰

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Tessa Reis
Tessa Reis
09 พ.ย. 2566
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Me diz se não são a coisa mais apegada 🤧

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