Uma Noite Sem Testemunhas
A festa estava, no final das contas, surpreendentemente agradável.
Elas entraram de mãos dadas; o lugar estava cheio, com luzes, música e muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo. Hanni estava sendo requisitada, chamada e cumprimentando pessoas. Não era a única embaixadora presente, mas ficou claro que, se não fosse a principal, era uma das principais. O diretor-geral da Diesel estava presente, um italiano com quem ela conversou em italiano sem grandes dificuldades. Mesmo assim, fez questão de incluir Presley na conversa, algo que repetiu em todas as outras pequenas conversas pelas quais passou.
Isso foi... Diferente. Algo que geralmente não acontecia nos eventos que Presley ia com Leo. Por isso, detestava tanto ir em eventos com ele, porque raramente falava. Nunca era incluída em conversas. Eram noites chatas que demoravam para passar, e ela não se sentia mais do que um acessório que ele estava vestindo. Mas de repente, em um evento da Diesel, Presley teve assunto com um dos diretores da empresa, mesmo em outro idioma.
— Presley é intérprete na Embaixada da Coreia do Sul — Hanni dizia, já em outra roda de pessoas.
— Ah, trabalho diplomático, esse tipo de coisa?
— Um número considerável de documentos diplomáticos, isso — Presley respondeu sorrindo.
— Estamos disputando para saber quem fala mais línguas, mas acho que você fala línguas mais complexas do que eu — Hanni olhou para ela, sorrindo — Mandarim, tailandês.
— Acho que ganho uns pontos extras pelo mandarim, mas você pontua alto no italiano.
— Pontua nada, menina, o italiano é irmão do português, ela só fala uns negócios com um sotaque diferente — Disse uma das fotógrafas com quem estavam conversando, muito bem-humorada.
— Mas que absurdo! As coisas não são assim — Hanni estava rindo.
— Manu, entre o tailandês e o mandarim tem uma muralha da China de distância, vamos considerar, e do português para o italiano, tem daqui pro outro lado da Harbour Bridge.
— E ela fala LIBRAS — Hanni trouxe mais essa carta, então olhou para Presley — Ando repetindo LIBRAS, mas LIBRAS é língua de sinais brasileira. O que você e a Aika falam?
— NZSL. É a língua de sinais neozelandesa, mas fiz o link com você dizendo LIBRAS, compreendi o que era. Cada país tem a sua própria língua, o seu próprio idioma; a língua sinalizada é tão rica quanto a falada.
Migraram para outro lugar, sempre de mãos dadas, sempre falando sobre algo, quando um garçom passou por elas com drinques.
— Você quer beber alguma coisa? — Hanni perguntou.
— O que você vai beber?
— Na verdade, algo não alcoólico. Eu não bebo álcool.
— Ah, você não bebe?
— Não mais — Sorriu e falou com o garçom — Não alcoólico...?
— Esses dois, senhorita. Este é de limão e este outro de morango.
— Pega os dois, Hanni.
Ela pegou os dois.
— Nada alcoólico para você também?
Nem uma gota de álcool, por Deus, não podia nem pensar nisso.
— Acho que a última vez que meu corpo viu uma gota de álcool foi... — Abriu um sorriso diferente.
— O quê?
— Na última vez que usei esse vestido aqui! Tipo, em 2018, antes de saber que estava grávida.
— E você coube assim, perfeitamente de volta nesse vestido? Tipo, como se um bebê não tivesse vivido dentro de você por nove meses?
Presley riu.
— Louco, não é? Que um ser humano more dentro da gente por um tempo, é aterrorizante pensar por este lado.
— Presley, você vai me detestar se eu disser que temos que ir falar com mais algumas pessoas?
— De jeito nenhum! Estou adorando essa parte.
— Mesmo?
— Mesmo, estou adorando os assuntos. Você é boa nisso.
— Pra você ver que não é uma habilidade utilizada apenas com mães.
Presley riu.
— Canalha! Ok, vamos lá.
Foram falar com mais algumas pessoas, e Presley foi confundida com namorada mais algumas vezes, e lá pela quinta vez, não ficaram mais vermelhas. Presley precisava admitir que a palavra namorada havia sido boa de ouvir. Não que tivesse dúvidas sobre Hanni, mas ouvir claramente era diferente. E o motivo disso ter sido bom era conhecido e desconhecido para ela. O que estava pensando? Bem, sabia no que estava pensando e sabia que não deveria estar pensando, mas de alguma maneira...
— Escuta, tem o mezanino ali, você quer ficar lá enquanto eu vou para o palco? — Hanni perguntou.
Presley olhou para ela e sorriu.
— Eu quero ficar aqui, mais perto do palco.
— Ah, aqui mesmo?
— Aham, vou assistir você bem daqui — Presley se recostou no bar, que ficava bem pertinho do palco.
Hanni a olhava. Apertou os lábios e chegou um pouco mais perto dela.
— Eu preciso ir, preciso me trocar antes.
— Figurino de palco.
— Isso, eles são diferentes, você sabe, né?
— Precisam ser vistos de qualquer lugar. Você está mais tranquila?
— Acho que sim.
— Boa sorte! — Presley se inclinou e deixou um beijo no rosto dela, e Hanni a segurou, pertinho daquela forma.
— Miss Dior — Hanni correu o nariz pelo pescoço dela suavemente, sentindo aquele perfume, o que fez Presley se arrepiar um pouquinho. Que não tivesse ficado aparente.
— Miss Dior, você conhece — Presley não se afastou dela, não queria se afastar.
— Eu já usei, agora ando usando...
— Coco Mademoiselle, eu já usei também — Olhos nos olhos dela, estavam a centímetros uma da outra. Então, levemente, Presley empurrou Hanni pelo abdômen, tão firme quanto podia. Alongou o toque — Vai para o palco, eu vou te assistir daqui.
Olhos nos olhos. Hanni, você está vendo demais, você... Estava? Será que estava mesmo?
Sorriu para ela e foi para o backstage.
Presley se sentou em uma das banquetas, pediu outro drinque não alcoólico e esperou, um tempo que pareceu enorme, mas não deve ter levado mais de meia hora. Hanni surgiu no palco, depois de uma breve apresentação: modelo, atleta, cantora e orgulhosamente, uma das embaixadoras Diesel, e Presley sorriu assim que a viu.
Ela estava linda, como sempre, com botas de cano curto, um short de alta costura preto, curtinho, com broches prateados em apenas um dos lados, um top assimétrico por cima, mais comprido do lado direito, feito em uma malha de strauss prateada que desenhava as curvas dela perfeitamente. Parecia ter sido costurado diretamente no corpo dela. Parte do cabelo comprido estava presa para trás, e ela segurava o violão, sorrindo muito e sendo aplaudida assim que surgiu por trás dos tapumes, porque Hanni estava... BRILHANDO.
Como podia? A beleza dela estava irradiando.
— Tem tanta gente aqui hoje — Ela começou a falar, muito tranquila. Se estava nervosa, Presley não sabia onde ela tinha guardado — Eu, particularmente, amo a atmosfera da Queen Street e agora temos uma Diesel Super Store bem aqui, e a loja está linda, parabéns a toda a equipe, de verdade — Mais aplausos, mais sorrisos. Ela estava brilhando mesmo, um absurdo de tão bonita — Então, estou aqui para cantar umas músicas para vocês e eu sei que todos estão me olhando, achando que vou trazer música coreana... — A audiência reagia a ela, era uma conversa mesmo — E eu poderia, tipo, sério, eu poderia — Tirou algumas notas do violão, entoando uma melodia chiclete muito conhecida, naquela voz rouca, extremamente afinada — A hopeless romantic all my life... — E jogou para o público.
— Surrounded by couples all the time! — Eles cantaram de volta.
— I guess I should take it as a sign… — Uma romântica incorrigível a vida toda, cercada de casais o tempo todo, acho que eu deveria tomar isso como um sinal — Quantas vezes vocês ouviram essa música? Eu sei, não aguento mais também, mas se eu cantasse, vocês iriam cantar comigo, então eu só queria comprovar a minha tese — Disse, causando risada pelo seu público — Mas eu não sou coreana. Quero dizer, eu sou, né? — Apontou para o próprio rosto — Coreana de etnia, mas brasileira de nacionalidade, o que me permitiu crescer imersa no meio de tantas músicas maravilhosas, e assim, não é por nada, não, mas o Brasil produz as letras mais lindas do mundo — Recebeu mais reação da plateia, ela era ótima nisso. Presley estava sorrindo o tempo todo — É sério, o português produz as letras mais lindas do mundo, eu sinto muito, gente, só estou trazendo fatos aqui. Uma língua de enraizamento romântico, não poderia produzir nada de diferente. E falando nisso, recentemente, perdemos a rainha do rock no Brasil, uma instituição chamada RITA LEE. Sou apaixonada pela Rita, por toda a história e a discografia dela que é inesgotável. Fora que, na minha cabeça, Rita foi a musa por trás de Dayse Jones e The Six, o meu livro preferido, assunto no qual eu não irei me alongar para não nerdificar a noite de vocês — Ela falava e tocava, uma melodia tranquila, gostosa — Vou cantar uma música chamada “Mania de Você”, e a organização achou interessante passar a letra traduzida no telão atrás de mim, enquanto mostramos os nossos últimos desfiles — Ela deu dois passos para trás do microfone e arrancou notas perfeitas do violão, então, quando se reaproximou: — Meu bem, você me dá... Água na boca... — A voz rouca, baixa, densamente sussurrada, uma coisa sexy, uma letra sexy, que involuntariamente, fez Presley morder a boca — Vestindo fantasias, tirando a roupa. Molhada de suor de tanto a gente se beijar, de tanto imaginar loucuras... — Os olhos cruzaram os olhos de Presley, o sorriso se abriu — A gente faz amor por telepatia. No chão, no mar, na lua, na melodia. Mania de você, de tanto a gente se beijar... De tanto imaginar loucuras... — E mudou a cadência do violão outra vez, acelerando um pouco, o público só a acompanhando, encantados, um silêncio pairou porque queriam ouvir aquela voz e ouvi-la em português. Presley estava adorando — Nada melhor do que não fazer nada, só pra deitar e rolar com você. Nada melhor do que não fazer nada, só para deitar e rolar com você... — E fez outra pausa, entrando numa melodia que fez o público suspirar. Ela sorriu novamente, buscando Presley com os olhos, que estava... destacada dos outros. Com as pernas cruzadas, o batom vermelho e tomando uma bebida no bar. Hanni trocou de música e foi aplaudida imediatamente, Best Part — You don't know, babe. When you hold me. And kiss me slowly. It's the sweetest thing — Presley adorava aquela música, simplesmente adorava — And it don't change. If I had it my way. You would know that you are…
Você não sabe, amor. Quando você me abraça e me beija devagar. É a coisa mais doce. E isso não muda. Se dependesse de mim, você saberia que você é...
— You're the coffee that I need in the morning… — Os olhos de Hanni se conectaram com os de Presley, que estava cantando com ela. Você é o café que eu preciso na manhã... — You're my sunshine in the rain when it's pouring. Won't you give yourself to me? Give it all, oh… I just wanna see… — Você é o meu raio de sol quando está tempesteando, você não se entregará para mim? Dê tudo, eu só quero ver... — I just wanna see how beautiful you are, you know that I see it, I know you're a star…
Eu só quero ver o quão linda você é, você sabe que eu vejo, eu sei que você é uma estrela...
— Where you go, I follow, no matter how far, if life is a movie, oh, you're the best part, oh… — Onde você for, eu sigo, não importa o quão longe, se a vida é um filme, você é a melhor parte... Presley cantou com ela, os olhos fixos uma na outra, em uma conexão que podia ser vista, estava sendo vista e não era facilmente ignorada.
Então, Hanni quebrou aquela conexão.
Uma base gravada e mais agitada surgiu. Ela tirou o violão, colocou de lado, retirou o microfone do pedestal e veio para frente do palco, movendo-se mais. Era uma música para dançar, mas mantinha o mesmo tom sussurrado das anteriores, o sorriso dela se alargando e, outro idioma surgindo:
— Y no me olvido, baby, aunque no busque', sabe', que ha termina'o la noche y otra vez estoy a tus pie'! — As letras seguiam traduzidas atrás dela. Eu não esqueço, baby, mesmo sem procurar, você sabe que já terminou a noite e outra vez estou aos teus pés!
Ela foi de um lado a outro do pequeno palco, a música colocando seu público seletivo para dançar, e ela dançando, se movendo pelos acordes. E era uma letra deliciosa, que falava sobre um tipo de apego irresistível que não pode ser negado, algo gostoso, leve e naquele idioma que, só era sexy demais.
Sorriso de Presley.
Se colocou de pé, aproximou-se mais do palco, sentiu os olhos de Hanni a acompanhando o tempo todo. Sabia que tinha outros olhares em si. Estava bonita naquela noite, já estava convencida disso, mas os olhos dela... queimavam de maneira diferente.
Hanni se moveu pelo palco outra vez, se abaixou e pegou a próxima ponte daquela música gostosa, encontrando os olhos de Presley ainda mais perto.
— Si tú quiere' amanecer conmigo. Si yo quiero amanecer contigo. Una noche, pero sin testigos. Y que no salga el sol...
Se você quer amanhecer comigo, se eu quero amanhecer com você. Uma noite, mas sem testemunhas e que o sol não apareça...
Olhos queimando.
Ela terminou super aplaudida, não tinha como ser diferente, e Presley precisava confessar que não havia bebido nada, mas estava sob o efeito de algo. Pensou nisso antes de Hanni voltar para perto, ainda com a roupa de palco. Pensou que sua mente não estava processando as coisas devidamente, que havia algo acontecendo, um bem-estar, um sorriso que não se dissipava, uma vontade ardente de um jeito que...
Presley não sabia explicar. Parecia mesmo estar sob o efeito de alguma coisa, alguma bebida, algum alucinógeno, mas, na verdade, só estava sob o efeito de Hanni.
— O que você achou?
Presley a puxou e a abraçou imediatamente.
— Que você é muito boa nisso, muito mesmo. Você é uma cantora! Achei que não era para tanto, mas você é mesmo uma cantora de palco, de verdade — Disse, ouvindo-a rir em seu abraço.
— Você não acredita nas coisas que eu digo, está vendo? Pres, a gente já pode sair daqui agora, já cumpri a minha agenda.
— Mesmo? Mas eu não quero ir para casa ainda. A gente pode ir para outro lugar? Onde a gente consiga conversar? Gosto de falar com você.
Hanni a afastou um pouquinho, só para olhá-la nos olhos.
— Eu amo falar com você — Disse a ela, sorrindo.
Os olhos de Presley grudados nos olhos dela.
— Então vamos para outro lugar, onde a gente possa fazer isso melhor.
— Você está com fome?
— Um pouco, realmente não se serve muita comida por aqui — Presley disse, a fazendo rir.
— Eu disse pra você! Você mora antes ou depois da ponte? — Era como as pessoas se localizavam naquela cidade.
— Depois.
— Eu moro em Takapuna, é perto? — Hanni perguntou.
— É relativamente perto sim. Sua cara morar em Takapuna...
— Por quê? — Presley foi levada para o backstage, as duas de mãos dadas o tempo todo.
— Perto da praia, onde vivem os jovens ricos.
— Eu não sou rica!
— Porque é preguiçosa, Kaori que falou.
— Eu não sei por que mantenho certas amizades, sabe?!
Foram até o backstage, onde Hanni pegou uma mochila, seu violão e alguns equipamentos. Então, saíram discretamente, sem chamar atenção, apenas desejando chegar ao estacionamento onde haviam deixado o carro de Presley. Assim que chegaram, Presley ligou o motor imediatamente.
— Para Takapuna? — Perguntou para Hanni.
— Sim, a gente pega uma pizza pelo caminho e comemos em casa.
Assim fizeram, pegaram uma pizza pelo caminho, mas acabaram comendo no carro mesmo, pois as duas estavam com fome e não havia necessidade de esperar para chegar em casa. Uma música tocando, uma conversa interminável, muitas risadas; a noite estava quente, o céu estava limpo e negro, sem nenhuma estrela, apenas a lua em quarto minguante. E a brisa do mar invadiu o carro quando passaram pela ponte. Era apenas Hanni e Presley, numa normalidade que estranhamente já era delas.
Presley ainda estava se sentindo sob o efeito de algo.
E Hanni sabia que estava sob o efeito dela.
Hanni a guiou até sua casa, embora soubesse que talvez não devessem estar indo para lá. No entanto, Presley era sua amiga, não era a primeira amiga que convidava para sua casa e nem seria a última. Hanni entendia o que Alexia quis dizer mais cedo, mas eram amigas, e ela tinha que tratá-la como tal. Não traria alguém com segundas intenções para casa assim, de madrugada, então achou que...
Presley estacionou onde ela havia pedido, em frente à casa de dois andares.
— Você está tendo um debate interno — Disse de repente.
— Como assim?
— Lá dentro da sua cabeça! Eu quase consigo ver — Presley explicou, sorrindo — No que você está pensando?
Hanni olhou para ela, apertou os lábios. Meu Deus, que mulher bonita, foco, Hanni, foco.
— Que agora preciso ter algo para te servir que não seja café, já que comemos a pizza pelo caminho.
— Tenho certeza de que você encontra algo!
Desceram e a casa de Hanni era uma graça. Minimalistamente decorada e extremamente aconchegante. Para onde quer que Presley olhasse, encontrava algo que proporcionava relaxamento. Foram para a cozinha, onde Hanni disse ter algo gelado para elas, mate gelado com limão, algo popular no Rio de Janeiro e que Hanni não vivia sem. Tiraram os saltos altos, que estavam ansiosas para se livrarem, e a conversa continuou no balcão americano. Os assuntos eram variados e desconexos, elas simplesmente continuavam falando, conversando, rindo, e de alguma forma, naturalmente se aproximavam. Presley podia jurar que não havia percebido, que não havia notado, estavam de pé, apoiadas no balcão e de alguma forma, já estavam fisicamente próximas de novo. E de repente, percebeu que, na verdade, isso havia acontecido durante toda a noite.
— Quer ver lá em cima? — Hanni perguntou de repente.
— Claro. Quantos quartos tem aqui?
— Dois, não são grandes, mas são suficientes.
Subiram as escadas, e Hanni mostrou os quartos para ela: um pequeno quarto de hóspedes que usava como estúdio e o seu quarto principal, que tinha uma varandinha com uma mesa e duas cadeiras, com vista para uma pequena floresta e, além da floresta, as ondas do mar. Ainda estavam tomando o mate e seguiam se aproximando.
Houve um silêncio quando perceberam a proximidade. Lá fora estava silencioso; era quase quatro da manhã, então não devia ter ninguém acordado. Isso tornou o silêncio na casa ainda mais agudo.
— Hanni, fazia muito tempo que eu não me divertia tanto — Presley disse a ela, colocando o copo vazio de mate sobre a mesinha e percebendo seu corpo a centímetros do dela. As duas apoiadas contra o parapeito, muito, muito perto uma da outra — Obrigada. Por ter se aproximado de mim, por ter me chamado para sair com você hoje. Esta semana foi bem... diferente das semanas que costumo ter, e foi diferente por causa de você.
— Você não tem que me agradecer. Você e a Aika também tornaram a minha semana bem diferente. A gente... — Olhava nos olhos dela. Estavam tão perto que Hanni podia se ver nos olhos dela — Clicou, não foi? Eu gostei de você em segundos.
Presley respirou fundo, olhando aqueles lábios em formato de coração, sentindo a própria boca molhar. Água na boca, compreendeu o que aquela letra queria dizer. Moveu-se mais um centímetro na direção dela, o suficiente para fazer Hanni olhar para baixo, tão próxima que agora estavam. Hanni olhou para baixo e, em seguida, encontrou novamente os olhos de Presley.
— Pres, eu nunca sei a cor exata dos teus olhos, parece que muda.
— Às vezes fica mais claro, não é?
— Estão bem claros agora.
— Minha mãe diz que minha etnia é só metade coreana, meu pai é só meio coreano, os olhos mais claros vieram dele.
— Isso não funcionaria em qualquer rosto, essa mistura caucasiana e asiática, mas no seu... — Hanni não tirava os olhos do rosto dela.
— Você gosta?
— Muito — Respondeu, apertou os lábios, e Presley só...
Respirou fundo e aproximou-se mais um centímetro entre as duas.
— Tem um quadro lá na sua sala com uma poesia.
Hanni sabia qual era.
— We never had to force love. We were drowning in it the moment that we met — Nós nunca tivemos que forçar o amor. Estávamos nos afogando nele no momento em que nos conhecemos.
— Esse — Presley olhou diretamente para a boca dela, seu coração batendo na garganta — Você acha que... só funciona com amor?
Hanni sentiu os olhos dela na sua boca e passou a língua pelos lábios. E Presley...
Apenas fechou a mínima distância entre elas, a pegou pela nuca e a beijou.
Pensando em muito e ao mesmo, sem pensar em coisa alguma, apenas deslizou seus lábios pelos dela e, Hanni a invadiu com a língua, a segurando pelos braços, pela cintura, reagindo ao toque dela, à boca dela na sua, à mão dela na sua nuca que grudou um corpo contra o outro imediatamente, irresistivelmente. Algo ardendo, ditando, dominando, ansioso demais, arrepiante na pele, e quando Presley estava sentindo que seu coração ia escapar pelo peito...
Hanni a parou.
— Pres, a gente... Não podemos fazer isso.
E subitamente, Presley voltou a si.
— Hanni, eu... — Respirou fundo, passou a mão pelos próprios cabelos e saiu da varanda imediatamente — Me desculpa, eu não devia... — E já foi saindo do quarto, descendo as escadas, quase em fuga.
Presley achava que ela tinha dito algo, mas não ouviu, não olhou para trás, apenas seguiu descendo as escadas. Seus sapatos... onde estavam? Encontrou-os num canto, pegou os sapatos e as chaves sobre o balcão, e simplesmente saiu em direção ao carro. Quando estava prestes a entrar...
Hanni surgiu na varanda do quarto.
— Presley, espera!
— Hanni, só...
— Espera, ou eu vou pular desta varanda!
Presley olhou para trás. Ela parecia séria. Encostou-se no carro, ergueu as mãos, vencida.
— Ok.
— Não se mova — Hanni correu da varanda para o quarto, desceu as escadas rapidamente e, em segundos, estava saindo pela porta da frente.
— Hanni, eu sinto muito, eu não sei no que eu estav...
Hanni chegou até ela e a beijou novamente.
A empurrou contra o carro, prendendo Presley contra o seu corpo, fechando qualquer distância entre elas enquanto a beijava densamente, intensamente, deslizando os seus lábios pela boca dela, as mãos apoiavam no carro para não a tocar demais, ao mesmo que seu corpo estava totalmente grudado contra o dela porque, simplesmente, Hanni não conseguia segurar, e as mãos de Presley...
Subiram por dentro do seu top, achando o seu abdômen, um toque consistente, firme, e quando as bocas se afastaram por um segundo e os olhos se encontraram...
Os olhos de ambas haviam escurecido, as pupilas condensando de tanto tesão, degradando a cor. A respiração entrava e saía descompassada, a pele das duas se arrepiando e o quanto estavam pulsando... Então, perceberam. A coxa de Hanni estava entre as coxas de Presley. Elas não sabiam muito bem como, só estava ali, entre as coxas dela naquele vestidinho mínimo, e Presley estava...
Muito molhada. Pulsando demais. A coxa nua de Hanni contra a calcinha mínima que Presley usava, e... Hanni estremeceu de vontade, tentando segurar tudo por dentro e falhando, porque quando deu por si, bem lentamente, quase que por vontade própria, o seu corpo começou a se mover, pausadamente, suavemente, quase um milímetro de cada vez, a sua coxa roçando contra a...
Yummy. Just. So. Fucking. Yummy...
Deliciosa. Absolutamente deliciosa.
As pulsações de Presley disparadas pelo seu corpo inteiro e só queria, só precisava de...
Qualquer parte dela pressionando no seu tesão.
— Hanni...
Hanni respirou profundamente e se encaixou totalmente contra o corpo dela, afundando no toque, e Presley apenas...
Fechou os olhos, o coração disparando ainda mais, a pulsação entre suas coxas apertando consistentemente contra a coxa de Hanni, sua cintura começando a se mover, muito devagar, muito densamente, olhos nos olhos e...
— Pega o que você quer — Foi a única coisa que Hanni disse.
Presley a puxou pela nuca e a beijou outra vez, deixando seus quadris se moverem para o que queria, em pura combustão.
De repente, elas apenas sentiram a combustão, algo explodindo, uma urgência existindo, as pulsações correndo pelo corpo inteiro das duas, a pele se arrepiando, gemidos surgindo no meio dos beijos, mordidos, densos, ardendo demais. As mãos de Presley estavam por Hanni inteira, tocando sem nenhum pudor, pegando dela absolutamente tudo o que queria ao mesmo que deslizava todo o seu tesão pela coxa nua de Hanni, firmemente, consistentemente.
Hanni rosnou de tesão e a segurou pela garganta, olhando naqueles olhos transbordando de tanto desejo, entrou nela ainda mais, a pegando mais forte, mais rápido, fazendo Presley se agarrar pelo seu corpo, gemer ainda mais alto, mais agudo, mais gutural, e ter Presley gemendo daquele jeito no seu ouvido...
A rua vazia, o silêncio agora sendo densamente preenchido pelos gemidos das duas, a boca de Hanni descendo pelo pescoço de Presley, pelo colo, pelo ombro, e Presley se agarrando por Hanni, cravando as unhas, investindo seus quadris para ela quase em descontrole, contra o toque dela, em desespero pelo toque, a fricção em sua calcinha, o quanto só sabia que estava molhada, o quanto só sabia que estava pulsando. E o quanto que Presley queria que aquele tecido sumisse, o quanto queria que desaparecesse, o quanto queria descobrir o que qualquer parte de Hanni podia fazer dentro de si.
Gozou. Forte, firme, jogando a cabeça para trás, estremecendo de corpo inteiro, espasmando cada músculo, os quadris investindo contra o toque de Hanni sem nenhum controle, pegando tudo o que podia. Os dedos agarrando o punho dela, a outra mão a puxando pela cintura e, a boca dela pela sua garganta, descendo até a entrada dos seus seios. Então, Hanni apenas parou, absolutamente ofegante, fechando os olhos, apertando os lábios, trêmula, dava para sentir que ela estava trêmula e os olhos dela...
Presley nunca havia visto tanto tesão nos olhos de ninguém antes. Era como se Hanni pudesse devorá-la, comê-la inteira, sem deixar nada escapar. E tinha certeza de que Hanni não havia visto o mesmo nos olhos de ninguém diferente dos seus, porque Presley só sabia que estava tão louca por ela que podia se ajoelhar ali, naquele momento e pegá-la para si, oralmente, em público, sem se importar se seriam vistas ou não. Já não importava agora, nada importava muito agora, nada além do desejo, nada além da conexão, nada além daquele tesão todo que... Só tomava as duas. Nada é mais poderoso do que o desejo, do que alguém desejar outra pessoa tanto assim, a ponto de estremecer, a ponto de os olhos arderem, a ponto de não poder ser parado, repensado, resistido.
Presley desceu a mão pelo corpo dela e imediatamente, Hanni fechou os olhos outra vez, respirando profundamente, como se estivesse lutando contra algo.
— Presley... — Os dedos dela estavam apertando entre as suas coxas e agora friccionavam círculos na parte baixa de sua cintura, na frente do seu short, em cima do seu tesão, exatamente em cima.
— Eu não quero que você me esqueça — Aprofundou o toque, apertando mais, sentindo Hanni pulsando em resposta. Ela estava tão excitada que dava para sentir.
— Eu não vou esquecer você — Sussurrou para ela.
— Sei que não vai — E olhando diretamente nos seus olhos: — Por favor, eu posso...?
Hanni fechou os olhos, o corpo tremulando por inteiro, e os dedos dela...
Presley a puxou contra si, encostando seu corpo contra o carro novamente e encaixando-se entre as coxas de Hanni. Acabou com o espaço entre elas e a beijou outra vez, beijou e desceu a boca, pegando o pescoço dela, deixando marcas. Só sabia que estava marcando, no pescoço, no ombro, onde a pele estava descoberta, enquanto a pressionava com sua coxa e a estimulava com os dedos, porque o short de Hanni era mais grosso. Sabia que precisava de mais pressão e quando encontrou a pressão certa...
— Ah, babe...
— Aqui, hum? Desse jeito?
— Presley! — Hanni estremeceu contra aquele toque ainda mais.
— Assim? — Presley apertou o toque, a boca grudada no ouvido dela, o gemido de Hanni ficando mais alto — Você não vai me esquecer, honi.
Hanni não disse mais nada coerente.
Um corpo grudado no outro, uma pressão que não terminava, a vontade, a noite, o silêncio, os gemidos, e Presley ardendo demais, deslizando por Hanni como se quisesse descobrir tudo, sentir tudo, provar tudo e ela estava provando, estava sentindo e não levou muito, levou quase nada, e quando Hanni se deu conta, estava gemendo na boca dela.
Gemendo alto, se esfregando firme, estava gozando volumosamente contra o toque dela, consistentemente, densamente, de choquear seu corpo inteiro.
Foi como uma pancada descontrolada, sólida e molhada. Hanni agarrada inteira por ela, Presley praticamente dentro do seu corpo, mais beijos desesperados, ansiosos, famintos, então, tudo ficou confuso, tanto para uma, como para outra. O coração das duas disparado, a respiração toda entrecortada, e suavemente, Presley colocando uma distância entre elas.
— Eu... eu não posso, Hanni.
— Sei que não. Foi só... — Hanni fechou os olhos, dando um passo para trás — A noite, eu acho. Mas está tudo bem.
— Bem? — Presley não estava conseguindo respirar, pensar, nada.
— Não tem que ser um problema.
— A gente pode só... fingir que não aconteceu?
— Sim — Hanni engoliu em seco — Eu-eu... Eu te ligo, ok? — Foi andando para trás — Posso te ligar?
— Pode, claro que... você pode. Eu vou esperar pela sua ligação.
— Ok. Está bem para dirigir?
— Estou, está tudo bem.
— Não quer entrar, respirar um pouco...?
— Hanni, é melhor eu ir.
E sem alongar mais nada, Presley entrou no carro e partiu.
Notas da Editora: Ana Reis
Ahhhh, Presley atirou primeiro! Apostaram errado, hein?! 🤭
Beijos! Voltamos 17/10.
E se você ainda não adquiriu Estilazo, não perca a oportunidade. Afinal, é uma história inédita de nosso site, escrita em 25 dias, com 21 capítulos, 360 páginas.
Mais gente, eu vi uma propaganda que seria slowburn, me preparei para esperar muito, e sou atingida por isso.👏
Me surpreendeu hein! É isso ai garota!
🔥🔥
E haja fogo pra um capítulo só... tô até com medo de ler o próximo, mas vamos lá!
A presley foi la e pronto! quero! e deseperadamente...correu kkkkk Só imagino o teor da proxima ligação kkkk perfeito!😍😘